Entre os sedãs médios, o Toyota Corolla é único que vende bem, com média de 4,7 mil emplacamentos por mês em 2018
Renato Maia/iG
Entre os sedãs médios, o Toyota Corolla é único que vende bem, com média de 4,7 mil emplacamentos por mês em 2018

Há pouco mais de um ano, este blog cravava que a febre dos SUVs estava matando o segmento dos hatches médios, mas que os sedãs desse porte estavam resistindo bravamente à concorrência dos “altinhos”. Pois não estão mais. Se você é um daqueles que ainda brada “salvem as peruas!”, num misto de nostalgia e esperança, saiba que elas morreram, os hatches médios estão na UTI, desenganados, e os sedãs médios também inspiram atenção. Como não dá para salvar os que já se foram, o lema da vez deveria ser: “Salvem os sedãs médios!”

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Exagero? Historicamente, sedãs médios correspondem a 1 em cada 10 automóveis vendidos no Brasil (excluídas picapes e outros comerciais leves). No ano passado, Toyota Corolla e cia ficaram com 8,5% do bolo, uma participação relevante, mesmo com tantos SUVs rondando por aí. Mas neste ano a situação está ficando preocupante. Até julho, os sedãs médios representaram apenas 7,2% das vendas no ano. E a participação vem caindo mês após mês. Em julho, apenas 6,2% dos emplacamentos foram desses queridos três-volumes.

Jeep Compass é um dos SUVs opositores dos sedãs médios. Foram 33 mil emplacamentos apenas na metade de 2018
Divulgação
Jeep Compass é um dos SUVs opositores dos sedãs médios. Foram 33 mil emplacamentos apenas na metade de 2018

O que está acontecendo com esse mercado, afinal? De fato, os SUVs compactos pouco afetaram as vendas de Corolla, Honda Civic , Chevrolet Cruze e outros. A maioria dos compradores de HR-V, Renegade, Creta e Kicks estava vindo de sedãs menores, monovolumes e sobretudo de hatches compactos e médios. Mas o sucesso estrondoso do Jeep Compass de um ano para cá mudou um pouco essa lógica. O SUV médio, que partia de R$ 100 mil em seu lançamento, começou a falar ao coração e à razão dos donos de sedãs médios. Afinal, o Jeep tem porte, acabamento superior, garante status e não perde em espaço em relação aos três-volumes. E a faixa de preço é bem parecida com a dos sedãs mais equipados.

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O líder Toyota Corolla é o único que está segurando clientes, mesmo às vésperas de uma remodelagem. Tem público muito fiel à marca e acostumado ao pós-venda que é referência no mercado. Este ano, vem emplacando 4,7 mil unidades por mês, em média. O Honda Civic (2,2 mil/mês), que emparelhava com o Toyota em vendas, não caiu no gosto do público após a última renovação, de 2016. Mas como a Honda também fideliza clientes com maestria, muitos ex-donos de Civic acabaram migrando para o HR-V ou outros modelos da marca. Já o Chevrolet Cruze (1,6 mil/mês) é um sucesso de crítica, mas não consegue alcançar os rivais de DNA japonês. A rede GM tem muito mais foco em modelos de grande volume, como Onix e Prisma.

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Os outros sedãs médios são meros figurantes que não chegam a vender 400/mês. A lista tem modelos que já tiveram seus dias de glória, como Ford Focus, VW Jetta, Nissan Sentra, Citroën C4, Kia Cerato, Mitsubishi Lancer, Hyundai Elantra, Renault Fluence e Peugeot 408. Muitos deles correm o risco de sair de linha sem deixar sucessor, já que todos os fabricantes da lista acima estão claramente voltando seus investimentos para os SUVs e crossovers – o lançamento em breve de Citroën Cactus e VW T-Cross não me deixa mentir.

Tradição

Ford Focus está na zona da degola e dificilmente continuará sendo feito na Argentina entre os sedãs médios
Divulgação
Ford Focus está na zona da degola e dificilmente continuará sendo feito na Argentina entre os sedãs médios

Mais preocupante que a queda de participação nas vendas é a falta de perspectivas. Já falamos que o Corolla muda radicalmente no ano que vem. Deverá ser um alento, mas ao mesmo tempo vai concentrar ainda mais o segmento em um modelo, apenas. A Ford, por exemplo, não deve renovar o Focus, e ainda vai perder o Fusion, que deixará de ser produzido nos EUA. Justo ela que teve tanta tradição no país com sedãs como Galaxie, Del Rey e Escort.

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Se pelo alto os sedãs médios recebem a concorrência dos SUVs maiores (o Compass vai ganhar uma coleção de rivais em breve), por baixo eles sofrem o ataque de uma nova geração de sedãs compactos, com destaque para VW Virtus, Fiat Cronos e Toyota Yaris Sedan. Este último, por sinal, pode tirar compradores das versões de entrada do irmão Corolla.

E você, é fã de sedãs médios? Clame por sua salvação, já que eles começam a se embrenhar num caminho tortuoso, rumo a um precipício de onde já despencaram as peruas, e onde estão na beirada, neste momento, os hatches médios. Salvem os sedãs médios !

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