Ford Corcel e Mustang: dois clássicos de sucesso que ficaram na memória dos fãs da marca norte-americana
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Ford Corcel e Mustang: dois clássicos de sucesso que ficaram na memória dos fãs da marca norte-americana

Passado e presente costumam andar lado a lado. Velhas tendências sempre voltam repaginadas. Mas, no caso dos carros, esta é uma regra rara, difícil de ser aplicada. Uma década é suficiente para uma verdadeira revolução tecnológica. Vivi boa parte dessa transformação com um olhar de dentro da indústria automobilística. Já são mais de 40 anos dedicados ao setor e começo meu primeiro post neste espaço falando, justamente, do passado e do presente. Mais especificamente falo sobre dois cavalinhos que marcaram época: o Ford Corcel e o Mustang. 

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O Mustang foi lançado em 1964, nos Estados Unidos, e ressurge agora no Brasil com toda a sua mística. E o Ford Corcel foi vendido no Brasil a partir de 1968 e, infelizmente, foi aposentado 18 anos depois. O famoso cavalinho americano já nasceu como um esportivo. O brasileiro também tinha uma pegada moderna e foi uma aposta certeira de um carro com custo acessível. Se o cavalinho americano ficou famoso por ser um símbolo de potência e luxo, o modelo brasileiro transportava famílias inteiras. E vale lembrar que este grande sucesso da Ford só chegou ao mercado porque a montadora comprou a Willys do Brasil, que desenvolvia em parceria com a Renault o projeto M. Com as adaptações e testes necessários , o projeto M deixou de ser um protótipo e ganhou nome: Corcel.

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Propaganda do lançamento do Corcel ressalta que o carro vinha com tração dianteira de série

O batismo não foi coincidência. O nome surgiu inspirado no irmão mais velho que fazia fama nos Estados Unidos. Mas ao contrário do Mustang, que vem da raça de cavalos Mustangue, o Corcel não é uma raça. É um termo que vem do francês para se referir aos cavalos de corrida ( cheval de course ). Estamos falando de cavalos jovens e velozes. No caso dos cavalos Mustangues (escrito diferente do carro mesmo) ainda há o fator selvagem, além de libertador. Pelo menos essa era a mensagem que a turma do marketing se debruçou para vender, e parece que deu certo.

Em comum, apesar da diferença de idade, os dois cavalos traziam avanços tecnológicos significativos para a época. O Corcel veio com a tração dianteira e essa era a estratégia de divulgação. É verdade que não era propriamente uma novidade, já que a tração dianteira veio com os DKW Vemag. Ainda assim, estampou as revistas. 

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Anúncio da Ford que mostra o então novato piloto Ayrton Senna ao lado do recém-lançado Corcel II

Nas décadas seguintes, surgiram outras versões do Corcel. E desses lançamentos eu participei. A aparência do carro mudou completamente em 1977. Ayrton Senna foi o garoto propaganda do Corcel II em 1983. Nesse caso, a expressão garoto não poderia ser melhor aplicada. Senna era campeão da Fórmula Ford e desembarcaria na Fórmula 1 no ano seguinte. Ele era ainda uma aposta, o Corcel já era uma realidade e parece que deu sorte ao garoto de 23 anos. Agora, a estratégia era falar sobre a economia do carro movido a álcool. Novidade que surgiu anos antes e nunca deixou de ser tendência por aqui. O desafio das montadoras foi desenvolver a tecnologia até chegar aos carros bicombustíveis de hoje. Mas não devemos desprezar a imagem subliminar. O novo Corcel veio associado a um piloto jovem, veloz, campeão e promissor. Mais tarde, o tricampeão da Fórmula 1 ficaria conhecido pela parceria com a Honda e Mclaren, mas a Ford foi uma das primeiras parceiras comerciais dele com o lançamento, inclusive, do Escort XR3. Mas isso é assunto para outro post. 

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Cavalo prateado e veloz

Na mesma época do Corcel II, na década de 80, o Mustang já não tinha o mesmo sucesso, depois de ter inúmeras versões lançadas. A primeira, sem dúvida, foi uma das mais emblemáticas. O carro foi lançado em Nova York, em 1964, e no primeiro dia a Ford recebeu 22 mil pedidos de compra. A versão V8 era a mais procurada, mas foi no ano seguinte que o Mustang se tornou literalmente um carro de corridas que desfilava nas ruas. Carroll Shelby, piloto com incrível histórico nas pistas, foi convocado para ajudar no desenvolvimento. O resultado foi o Shelby GT350. A primeira versão tinha pouco conforto. O foco era a velocidade. Ele surgiu na cor branca com a opção das duas faixas azuis, um verdadeiro ícone que ficou na memória do grande público. 

Mustang Shelby GT 350: versão com sobra de fôlego idealizada pelo piloto Carroll Shelby, nos anos 60
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Mustang Shelby GT 350: versão com sobra de fôlego idealizada pelo piloto Carroll Shelby, nos anos 60

Nos anos seguintes, o carro foi aprimorado para trazer mais conforto e opcionais de fábrica. Ganhou nova cara e sobreviveu num mercado em que a maior parte dos carros cedo ou tarde é aposentada. Foi o caso do Corcel, que saiu de linha em 1986. Eu particularmente prefiro as primeiras versões do Corcel e do Mustang, mas como disse anteriormente o antigo dificilmente prevalece no setor. Felizmente, os primeiros cavalinhos ainda circulam por aí.

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A convite do amigo André Jalonetsky, inauguro este espaço. Foi sugestão dele falar sobre esses dois carros históricos. Talvez seja apenas uma coincidência, mas o tema escolhido não poderia ser mais oportuno. O Ford Corcel foi um dos meus primeiros lançamentos dentro da Ford, no fim dos anos 70, e a volta do Mustang foi meu último trabalho pela empresa, em 2017. Ao escrever este texto também cheguei a uma constatação: os velhinhos ainda fazem sucesso, afinal, o novo Mustang chega ao Brasil por um preço de R$ 300 mil enquanto a versão histórica do Mustang Shelby GT500, de 1967, foi arrematada por mais de US$ 1 milhão de dólares, recentemente.

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