FLORENÇA – Se a primeira imagem que lhe vem à cabeça quando fala de caro na Itália é uma Ferrari ou um Lamborghini, você precisa mudar seus conceitos. Longe dos poderosos V12 e V10 que roncam alto e brincam com nossa imaginação, os italianos vivem mais próximos dos carros pequenos do que das máquinas maravilhosas criadas por Enzo Ferrari e Ferrucio Lamborghini. De férias num roteiro que começou em Roma, passa por Florença e em outros lugares da Toscana, além de Veneza e Milão, o que mais vejo nas cidades é a verdadeira paixão do italiano médio por veículos pequenos e práticos.
LEIA MAIS: Fiat 500 volta às lojas no Brasil em nova versão única, por R$ 61.396
Diferente do Brasil
Muito, mas muito diferente mesmo do que se vê no Brasil, onde as grandes cidades estão entupidas de enormes SUVs carregando apenas uma pessoa no trânsito engarrafado, aqui na Itália a regra é andar de veículo pequeno. Quando menor, melhor. Por isso, as ruas são disputadas por pedestres, bicicletas, scooters e uma infinidade de carros pequenos . Os mais representativos são o Fiat 500 (antigo e atual), o Smart Fortwo e até o Renault Twizy.
Não apenas na Itália, mas em toda a Europa, os minicarros estão resistindo bravamente ao ataque dos SUVs. Só no primeiro semestre deste ano já foram vendidos mais de 692 mil carros desse segmento. A liderança é da Fiat, com 31,5%, contando toda a gama do Panda e do 500. Na Itália, o mercado total de carros e comerciais leves é de 2,024 milhão por ano. Os automóveis de passeio somam 1,825 milhão. E o líder é o Fiat Panda, que equivale ao nosso Uno.
LEIA MAIS: Smart apresentará novo conceito elétrico no Salão de Frankfurt
Mas o Panda é “grande” para o padrão de carros que vejo nas ruas centrais de Roma e Florença. Voltando ao trio Cinquecento/Smart/Twizy, é impressionante como esses carrinhos caberiam como luva para cidades de trânsito difícil, como São Paulo e Rio de Janeiro. Ocupam pouco espaço, são racionais e bonitos. Infelizmente, no Brasil, os altos impostos, a enorme corrupção, os péssimos serviços de transporte público, os preços elevados e a própria visão dos consumidores sobre carros inviabilizam qualquer tentativa de popularização desses veículos.
Na Europa, de cada quatro Fiat Cinquencento vendidos, um é na Itália. Nem estou considerando os crescidos 500L e 500X, mas só o 500 original mesmo. No ano passado, foram mais de 45 mil Cinquecento emplacados na Itália. Quanto ao Smart Fortwo, a proporção é quase de um carro vendido para os italianos a cada três comercializados em toda a Europa. Porém, mais caro, as vendas não chegaram a 20 mil unidades no “país da bota” na temporada passada. Sobre o Twizy, não consegui nenhuma estatística, mas desconfio que grande parte da frota de 18 mil unidades vendidas nos últimos cinco anos deve rodar em Roma e Florença!
LEIA MAIS: Renault Twizy: andamos no modelo elétrico, pela primeira vez, em ruas do Brasil
A Itália é bela, sim, e seus veículos ajudam muito. Mas não só as Ferrari e os Lambo. As bikes, as Vespa e os carros pequenos também embelezam a paisagem.