Fala, galera. Beleza? Hoje é dia de aniversário: 3 anos desde que retiramos da concessionária o Chapolin Colorado, nosso JAC iEV40. Muita coisa mudou desde aquele dia, tanto na rotina da família quanto em minha vida profissional.
Estou muito satisfeito por ter feito a migração para um veículo elétrico por diversos motivos, mas as amizades e experiências são os principais motivos. Quero trazer um pouco dessa trajetória e dar o devido valor a muitos participantes da história de vida do Chapolin.
Tudo começou quando vi a publicidade, em janeiro de 2019, do lançamento do primeiro veículo elétrico da JAC no Brasil. Foram dois meses negociando a assinatura da reserva do veículo logo após um test-drive com muita emoção. Lógico que as primeiras amizades que o Chapolin proporcionou foram com a galera da SHC. Também foram sete meses aguardando pela chegada com perguntas quase que diárias sobre a expectativa de entrega.
Durante o período de espera, não faltou pesquisa no YouTube para saber o que me aguardava. Foi aí que conheci Léo Celli e Roberto Santucci, onde contavam suas histórias com o BMW i3 (dois dos primeiros proprietários de veículos elétricos no Brasil).
Apesar de não ter um carregador para chamar de meu até hoje, tentei desde o início colocar alguma opção de carregamento em casa. Foi aí que conheci outro grande parceiro da área de energia solar e carregadores, que é o Giovanni Monaro, da Caravelas Engenharia.
Mais próximo da entrega, em minhas contínuas pesquisas pela internet, conheci a ABRAVEi e mais um pré-histórico proprietário de BMW i3 Rodrigo de Almeida, vice-presidente e mestre de cerimônias do maior grupo de entusiastas que conheci na minha vida.
Juntamente com o Rodrigo, vieram tantos amigos que não dá nem para relacionar todos aqui. Rogério Markiewicz, nosso excelentíssimo presidente e arquiteto urbanista que se tornou peça fundamental para o desenvolvimento da mobilidade elétrica no Distrito Federal, Clemente Gauer, um dos professores pardais (e tenho orgulho de tê-lo como colega de trabalho), Raphael, mais conhecido como “dorminhoco do Tesla”, e, só para citar mais um maluco dentre muitos, Marcus Macedo, que foi cara que elevou o nível de eficiência de um veículo elétrico a um patamar nunca antes alcançado no Brasil, tudo registrado em suas aventuras pelo coração do Brasil.
Finalmente o Chapolin chegou no dia 24 de outubro de 2019. Lógico que estava ansioso para saber como era ter um veículo elétrico. Mesmo antes do aniversariante se materializar em nossa garagem, já tive muito para contar até aqui. Contudo, agora que começa a experiência de vida.
Fui um dos primeiros clientes a retirar o modelo JAC iEV40. Desta forma pude constatar dois fatos: o primeiro ponto que descobri foi que muitas informações passadas sobre o carro estavam equivocadas ou incompletas (esse foi o motivo que fez eu criar o canal no YouTube); o segundo ponto é que o comportamento do carro em terras brasileiras ainda precisava ser registrado. Isso me permitiu criar um ótimo relacionamento com a equipe de engenharia e de pós-venda do Grupo SHC. A troca de informações foi extremamente produtiva tanto para a marca quanto para seus primeiros clientes de carros elétricos.
Uma das coisas que descobri somente após a chegada do Chapolin foi realmente o tempo que demora para carregar um veículo elétrico. Não só isso, descobri a diferença entre a capacidade de carregamento dos carregadores e do carro. Aprendi a diferença entre carregamento AC e DC, que existem muitas variáveis que influenciam no tempo de carga e consumo do carro. Mas tudo isso foi aprendido na prática, tomando muita porrada.
Claro que em cada momento de aprendizado havia um mestre para ensinar, posso citar dois que me ajudaram muito no primeiro mês: O primeiro foi o famoso Wilson da ABB (com o saudoso ponto de carregamento na Zona Norte de São Paulo) e cumpadi mineirin Alexandre da Incharge (esse me salvou de uma forma sem precedentes em minha primeira viagem rodoviária).
Claro que falar de experiências não seria completa se não falasse da minha experiência como o primeiro motorista de App no Brasil a colocar um carro elétrico para rodar. E sendo o primeiro, é fato que não seria tão simples. O JAC iEV40 ainda não estava cadastrado na plataforma da Uber. Foi um parto conseguir cadastrar. Felizmente esse problema me proporcionou encontrar duas pessoas que apoiaram muito no princípio da vida do primeiro Uber elétrico: Adriano Moura e Leon Diab.
Quando comecei a fazer o conteúdo no YouTube com a minha rotina rodando em App usando um carro de mais de R$ 140.000, muitos me chamavam de louco ou mesmo de “riquinho brincando de fazer Uber”. Todavia, isso nunca me desmotivou. Pelo contrário, eu precisava melhorar meu argumento e deixar bem claro todas as vantagens do uso de um veículo elétrico.
Com o tempo, o canal foi ganhando corpo, aumentando o número de inscritos e uma certa relevância. A partir daí, apareceram mais loucos que decidiram fazer a mesma aposta que eu e adquiriram carros elétricos para rodar. Mesmo sem muitos benefícios no início, já começava a aumentar o número de motoristas em nosso grupo de WhatsApp. Hoje tenho orgulho de sempre encontrar veículos elétricos nas ruas com as identificações das empresas de App no para-brisa. Digamos que a semente que plantei, brotou e começou a dar alguns frutos.
Graças ao trabalho junto aos motoristas de App, fui chamado para tomar um dos cafés mais inesquecíveis da minha vida profissional. Um dia recebi a mensagem do Pedro de Conti e Davi Bertoncello para batermos um papo. Foi nesse dia que recebi a proposta de me unir à tribo
Tupinambá
. Algo tão novo para mim que, garanto, foi a minha pior entrevista de emprego. Ainda bem que ambos notaram que a minha inexperiência só não era maior que o meu desejo de fazer a mobilidade elétrica crescer no Brasil.
Fico muito feliz cada vez que sou informado de um novo carregador, mas fico feliz em dobro a cada nova instalação que entregamos para nossos clientes. Cada story no Instagram comunicando um novo carregador Tupinambá é como um gol do Brasil na Copa do Mundo. E do jeito que as coisas andam na mobilidade elétrica no Brasil, é como se o 7x1 estivesse invertendo para nós.
Dentro da Tupinambá e da ABRAVEi, tive a oportunidade de conhecer pessoas tão especiais que precisaria escrever um texto sobre cada um e isso daria um belo livro. Provavelmente meus textos teriam que ser corrigidos algumas vezes. E garanto que seriam muito bem pontuados por três professores maravilhosos: Ricardo Bovo, Ivan Martinez e Zeno Nadal.
Parece contraditório usar uma coluna sobre mobilidade elétrica para falar de pessoas que a maioria dos leitores não faz ideia de quem sejam. Pois trago para você duas verdades incontestáveis:
1º Sem essas pessoas, garanto que a minha experiência com veículo elétrico seria muito diferente. São pessoas e não coisas que tornam a experiência inesquecível.
2º Se você não conhece nenhuma dessas pessoas citadas acima é porque todos trabalham em prol de uma causa sem buscar benefício próprio. Claro que todo profissional deve ser remunerado de forma justa pelo seu trabalho, mas garanto que cada um faz pela mobilidade elétrica muito além de qualquer obrigação que alguma empresa possa pedir.
Não posso dizer que minhas experiências foram todas agradáveis (já tive alguns perrengues desconfortáveis), mas todas foram enriquecedoras. Quer uma prova disso? Estou com o mesmo carro há exatamente três anos e com mais de 63.000 km rodados. Nunca suportei ficar tanto tempo com o mesmo carro. Quando o carro chegava ao segundo ano, eu queria me livrar desesperadamente da bomba que logo me daria muita manutenção e despesas.
Posso dizer que o Chapolin é o carro para muitas aventuras ainda. Mesmo após três anos, sua bateria está com praticamente a mesma autonomia de quando retirei o carro da concessionária. Já ouvi muitos comentários que eu iria me arrepender quando precisasse trocar a bateria. Tenho uma resposta na ponta da língua para esses comentários: Se você não tem medo de comprar um carro e ter que fazer o motor com 200.000 km, por que eu deveria ter receio de uma bateria que foi projetada para durar quase 1.000.000 de km?
Então, meu caro leitor, quero deixar bem claro para você: em três anos de mobilidade elétrica, o que mais vivi foram experiências. Mas nada disso seria possível sem três coisas: sem meu Chapolin, pessoas comprometidas e, principalmente, sem a minha família que embarcou no mesmo barco, que me apoia e compreende as diversas horas dedicadas para trazer as boas novas.
Até mais.