Mitsubishi admite que mentiu sobre emissões do ASX e outros oito carros

Marca reconhece uso de dados fraudados e afirma que manipulação aconteceu só no Japão

Foto: Divulgação/Mitsubishi
Mitsubishi RVR, a versão japonesa do ASX vendido no Brasil

A Mitsubishi  admitiu publicamente que manipulou os dados de emissões de poluentes de mais nove veículos, entre eles um modelo vendido globalmente, o utilitário ASX (conhecido no Japão como RVR ), informa a agência de notícias americana Bloomberg .  Antes mesmo que alguém possa pensar em manipulação em outros países, a marca diz que a fraude foi feita apenas no Japão e que os carros vendidos no resto do mundo foram testados corretamente.

Para conduzir a investigação, a Mitsubishi contratou uma equipe externa, composta por ex-promotores do governo japonês. Os primeiros detalhes dessa investigação foram encaminhados para o Ministério dos Transportes do país. A empresa divulgou apenas que a fraude afeta mais nove veículos que não são kei-cars, segmento de compactos exclusivo do Japão e que incluí o crossover ASX vendido por lá.

Detalharam um pouco de como foi feita a fraude. No caso do ASX, nunca chegaram a testar o carro, usando um dado teórico do que o modelo deveria render em sua versão básica. Teriam usado a mesma tática nos outros oito carros, embora não digam quais são esses modelos. Já os kei-car tiveram seu consumo aumentado descaradamente, de 26,4 km/l para 29,2 km/l.

O governo japonês disse que as descobertas da Mitsubishi são insuficientes. Reclamam que as informações são muito vagas, sem detalhar a quantidade real de carros fraudados. A ordem é que entreguem um novo relatório no dia 18 de maio e que testem novamente todos os modelos envolvidos até o fim de junho.

Apesar da forte declaração feita por seu presidente, a Mitsubishi afirma que tem dinheiro para cobrir todas as compensações que deverão ser feitas pelo escândalo, sem pedir ajuda ao resto do grupo Mitsubishi. É uma forma de tentar acalmar o mercado, já que as ações da divisão automotiva caíram mais de 50% desde que a fraude foi revelada.

É a segunda vez que a marca enfrenta uma crise que enfraquece a imagem da empresa. Em 2004, o Grupo Mitsubishi teve que injetar dinheiro na divisão automotiva, após a descoberta que estavam escondendo reclamações dos clientes sobre defeitos em seus veículos, alguns deles fatais. Encobriram o fato desde 1977, o que traça um paralelo com o caso atual – a fraude de emissão vem sendo feita desde 2001.