Renault é acusada por governo francês de fraudar teste de poluição

Investigação diz que diretores da Renault tinham conhecimento do esquema. Entenda a acusação contra a Renault por fraude nos testes de emissões

A Renault é acusada de fraudar os testes de emissões de poluentes de milhares de carros -a prática, segundo os investigadores, acontece desde 1990.
Foto: Divulgação
A Renault é acusada de fraudar os testes de emissões de poluentes de milhares de carros -a prática, segundo os investigadores, acontece desde 1990.

Em uma acusação extremamente grave, o governo francês afirma que a Renault vem utilizando “estratégias fraudulentas” há mais de 25 anos, manipulando os testes de emissão de poluentes de seus motores, tanto os abastecidos com diesel quanto com gasolina. A informação, revelada pela agência de notícias AFP, diz que os principais executivos da empresa tinham pleno conhecimento da farsa.

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O documento visto pela AFP revela que até mesmo Carlos Ghosn , chefe-executivo da Aliança Renault - Nissan , estava envolvido no esquema de manipulação, além de diversos executivos abaixo dele. A descoberta teria sido o motivo do início da investigação anunciada em janeiro. A polícia francesa diz que o objetivo era “criar resultados falsos para os testes antipoluição”, de forma a se enquadrar dentro das normas regulatórias.

Milhares de veículos podem estar envolvidos no esquema. O relatório fala apenas de modelos mais recentes, como Captur e a quarta geração do Clio, que podem emitir até 300% mais poluentes. No entanto, a polícia vem trabalhando com os relatos de um ex-funcionário da Renault e acredita que a prática existe desde 1990, incluindo carros muito mais antigos como a primeira geração do Clio – o que pode envolver alguns modelos que foram importados para o Brasil.

O outro lado

A Renault logo entrou em contato com a AFP e se declarou inocente, desmentindo todas as acusações. “A Renault não comete fraudes (...) Todos os veículos foram homologados de acordo com a regulamentação em vigor”, disse Thierry Bolloré, vice-presidente da Renault. O executivo disse também que a marca não teve acesso ao relatório do governo francês, então não pode comentar mais sobre a informação divulgada pela mídia.

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Não é a primeira acusação feita contra a Renault. Um teste independente feito pela Universidade de Bern mostrava que a minivan Espace emitia 25 vezes mais óxidos de nitrogênio do que o permitido pelo regulamento Euro VI. Na época, a marca contestou o teste. A investigação vem acontecendo desde janeiro de 2016, quando a polícia francesa apreendeu os computadores de todos os principais executivos da fabricante, na busca por evidências.

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Se a fraude for comprovada, a multa pode chegar a 750 mil euros e sete anos de prisão para os diretores envolvidos no esquema. Neste caso, podem sofrer a penalidade máxima, com multa de 10% da receita, o que dá cerca de 4,5 bilhões de euros. Fora o prejuízo causado pelo escândalo. Em janeiro, quando o Ministério Público anunciou a investigação, as ações da Renault caíram 4% na Bolsa de Paris e já haviam perdido 20% de seu valor ao longo de 2016.