Empresa de rastreamento mostra onde e como os ladrões de carros atuam
Além de anunciar novas tecnologias de rastreamento, a empresa vê que os criminosos em SP visam o comércio clandestino e, no RJ, os transportes
Por Guilherme Menezes |
A Ituran — uma das maiores empresas globais em rastreamento veicular — anunciou que, após o crescimento de 15% em 2019, deve crescer mais 20% no ano que vem, com a chegada de novas tecnologias. A maior delas é o Big Data, que interpreta e analisa grandes volumes de dados. O resultado será um cálculo de custos mais justo para os assinantes — levando em conta os diferentes perfis e necessidades, muito em função da região onde moram — além de uma eficácia maior ao localizar, rastrear e resgatar o automóvel.
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Ainda que a Ituran já tenha parceria com seguradoras — entre elas a HDI, Liberty, Mapfre e Tokio Marine — o modelo de negócio privilegia o varejo. Isso porque, pelo preço inicial de R$ 69,90 por mês, “os serviços se mostram atrativos aos que não querem (ou não podem) gastar muito mais com apólices de seguro para o mesmo benefício”, conforme a afirmação de Amit Louzon, CEO da empresa.
Perfis e preferências dos criminosos
Apesar do anúncio das conquistas e dos planos da multinacional, alguns dados que foram fornecidos durante a coletiva de imprensa não só levantam reflexões com relação à segurança pública, como também servem de alerta para os condutores, bem como aos que pensam em trocar de carro.
Em São Paulo, por exemplo, 63% dos casos de subtração de veículos são oriundas de furto, enquanto que o restante (37%) são de roubo. Entre os veículos de preferência dos bandidos, estão os compactos, com Fiat Palio em primeiro lugar (599 unidades no acumulado do ano), Fiat Uno na sequência (404 unidades), VW Gol em terceiro (394 unidades), VW Fox em quarto (308 unidades), e Ford Fiesta (291), Hyundai HB20 (278), VW Voyage (263), Chevrolet Onix (224), Fiat Siena (212) e Chevrolet Celta (207) fechando o levantamento realizado pela empresa.
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A Ituran entende que os desmanches clandestinos são o principal motor desses crimes — o que justifica essa categoria de carro preferida (uma vez que o giro na venda de peças é maior) — com destaque para a região que divide a Zona Leste com o ABC. Os especialistas analisaram que essa região tem a maior concentração na quantidade total de ocorrências, além de que é o destino mais comum dos bandidos que cometeram delitos em outros lugares da Grande SP.
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Em meio a esse relato, a empresa observou que 40 minutos é o tempo médio necessário para o meliante levar o carro, chegar ao destino e desmanchá-lo. É com isso que, para o ano que vem, as novas tecnologias anunciadas terão a capacidade de localizar, rastrear e interceptar o veículo produto de crime em apenas 26 minutos, ante os 55 minutos atuais.
Como se não bastasse, a equipe de segurança da Ituran — que foi quem revelou o mapa de ocorrências — também citou uma incidência considerável de furtos oriundos das proximidades das igrejas. Segundo eles: “sabido a hora que os cultos se iniciam e terminam, o criminoso fica com a garantia de que nas próximas duas horas ninguém irá impedi-lo de realizar o furto. Ou seja, a pessoa vai à igreja muitas vezes para pedir a ajuda de Deus e sai de lá com o carro roubado ”.
No Rio de Janeiro, o outro Estado abordado pela empresa, a situação é completamente oposta. Segundo eles, 85% dos casos são roubos, enquanto apenas 15% são furtos. E o tipo de carros que os ladrões preferem são os sedãs e os SUVs. Muitos podem até pensar que, por serem carros de maior status, a finalidade dos bandidos é ostentar nos bailes funk das comunidades, sempre lideradas por facções brutais. Mas a real justificativa que a Ituran deu, com base em análises — principalmente após a recuperação do veículo — foi ainda mais chocante.
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Os especialistas dizem que os meliantes cariocas (em sua grande maioria traficantes), usam os produtos de roubo e furto — já com queixas — para fins operacionais. Desse modo, pontuaram que os SUVs contam com uma altura adequada no seu interior para comportar um fuzil (ou vários deles) de pé, enquanto que os sedãs têm uma capacidade de malas considerável, o que é perfeito para o transporte de drogas e até de vítimas.
Enquanto em SP — Estado que concentra 88,5% das ocorrências no Brasil, muito devido a proporção de veículos em circulação ante os demais estados, segundo a empresa — os fins são mercadológicos, no Rio, são operacionais, sendo que, neste, viu-se que é muito comum a circulação de carros com queixa nas madrugadas, com deslocamento frequente de uma comunidade à outra.
A partir disso, o Top 10 veículos mais furtados do Rio, segundo o levantamento da Ituran para o acumulado de 2019, ficou com Fiat Grand Siena em primeiro lugar (48 unidades), Toyota Corolla (41 unidades), Ford EcoSport (36 unidades), Hyundai HB20 (32 unidades), VW Voyage (31 unidades), Renault Duster (30 unidades), Ford Ka+ (29 unidades), Renault Logan (28 unidades), Fiat Palio (27 unidades) e Honda Civic (26 unidades).