Equipe sueca Cyan usa técnicas das pistas para preparar um Volvo P1800

Sob a casca antiga, foram montados motor de 420cv, câmbio, suspensões e freios modernos, mas sem violar o espírito original do cupê dos anos 60

Volvo P1800 Cyan: linhas clássicas, mas estrutura e mecânica modernas para atingir desempenho para ninguém achar defeito
Foto: Divulgação
Volvo P1800 Cyan: linhas clássicas, mas estrutura e mecânica modernas para atingir desempenho para ninguém achar defeito


A Volvo apresenta um carro que fala ao coração dos entusiastas. À primeira vista, parece tratar-se de um cupê P1800 (modelo fabricado entre 1961 e 1972) modificado com esmero e bom gosto, mas o carro vai muito além disso.


O projeto foi tocado pela Cyan Racing, antiga equipe de competições da Volvo . Antes chamada de Flash Engineering e também de Polestar Racing, a escuderia sueca hoje é parceira oficial de automobilismo esportivo do Geely Group Motorsport — o grupo chinês Geely, vale lembrar, é o atual dono da Volvo, bem como da marca Lynk & Co.

No curriculum da Cyan Racing estão as conquistas dos campeonatos mundiais de turismo da FIA em 2017 (com um Volvo S60 Polestar TC1) e em 2019 (com o Lynk & Co 03 TCR). Sim... Um sedã chinês levou o mundial de turismo do ano passado e você nem sabia, né?


Pois bem... A Cyan pegou um Volvo P1800 ano 1964 afinou o carro com o melhor do século XXI. Mas tudo foi feito com o cuidado de não violar o espirito original do cupê.

O foco foi no acerto de chão, e sem acrescentar controle eletrônico de estabilidade ou ABS. "Não há nada para atrapalhar a conexão direta entre o motorista, os pneus e a pista", diz Mattias Evensson, que coordenou o projeto na Cyan Racing.

O monobloco foi alargado e reforçado, com aço moderno e fibra de carbono. Isso reduziu as torções, permitiu a criação de novos pontos de ancoragem da suspensão e dos calços do motor e, de quebra, baixou o peso do conjunto (o carro completo pesa apenas 990 quilos).

O antigo motor de 1,8 litro (daí o 1800 no nome) deu lugar ao quatro cilindros 2.0 turbo usado no Volvo S60 TC1 de corridas. São 420cv de potência e 46,4kgfm de torque. Um mundo de diferença para os 102cv do P1800 original...

Mas o desafio da Cyan era manter uma certa sensação de guiar um carro dos anos 60. Assim, o turbo foi ajustado para entrar de forma sutil, dando a impressão de se tratar de um carro aspirado muito forte. A resposta é linear, permitindo um bom controle do torque e grande prazer ao volante.

Alguém tem R$ 2,7 milhões aí?

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Volvo P1800 Cyan vem com pintura azul e amarela, as tradicionais da marca sueca que honra sua tradição


A caixa é manual, de cinco marchas, da Holinger — empresa especializada em transmissões para carros de corridas. O mesmo fabricante forneceu o diferencial de deslizamento limitado. Todas as relações foram escolhidas para permitir um uso civilizado no trânsito, mas mantendo um bom desempenho em pista.

A suspensão traseira por eixo rígido deu lugar a um conjunto independente projetado na Cyan. Tudo é feito com alumínio e metais leves, e leva as melhores molas e amortecedores disponíveis. Coroando de êxitos, temos quatro enormes discos de freios (sem ABS para interferir, lembre-se), e rodas de porca única com pneus Pirelli P Zero 235/40 R18 na dianteira e 265/35 R18 atrás.

O acabamento é feito no mesmo azul vivo usados desde 2011 nos carros de corrida da Cyan Racing . Pena que não divulgaram fotos do interior.

A melhor parte é que o comunicado oficial da Volvo termina com um “Preços e especificações individuais estão disponíveis para clientes em potencial”. Ou seja: não se trata de um exemplar feito apenas para exibição — quem tiver dinheiro suficiente, poderá encomendar uma máquina do tempo turbinada como essa. Os preços começam em astronômicos US$ 500 mil — ou R$ 2,7 milhões pela cotação atual!