Conheça detalhes sobre a história do Chevrolet Opala

Clássico foi o primeiro veículo de passeio da GM e tornou-se um ícone no Brasil

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Chevrolet Opala: sedã lançado em 1968 no Brasil se mantém até hoje como um dos carros mais lembrados do País

Conhecida pela fabricação de caminhões, a General Motors do Brasil, antiga Companhia Geral de Motores do Brasil S.A., colocava no mercado o seu primeiro projeto de automóvel espaçoso e com desenho ímpar, o Opala.

A General Motors do Brasil pensava na fabricação de um carro de passeio, o primeiro automóvel nacional fabricado por ela com os moldes de que o nosso mercado necessitava. O projeto tinha como parâmetro os carros fabricados pelo braço direito da General Motors, a Opel , situada na Alemanha. O modelo escolhido para servir de base ao novo carro brasileiro foi o Rekord C , que tivera suas linhas alteradas.

O modelo da Opel foi lançado em 1966 e, desde então, provou ser um dos melhores carros de seu tempo: mecânica confiável,  suspensão macia e confortável e linhas que compreendiam um desenho elegante para a época, estilo este que seguia o padrão "garrafa de Coca-Cola", uma tendência que se evidenciava nos carros de luxo daquela era.

A partir de então, a Companhia Geral de Motores do Brasil, posteriormente chamada de General Motors do Brasil, dava início ao projeto 676 . O anúncio foi feito no final de 1966, no Clube Atlético Paulistano, na presença de autoridades e da imprensa.

Dois anos depois, durante a abertura do VI Salão do Automóvel , ocorrido entre os dias 23 de novembro e 8 de dezembro de 1968, já realizado no palácio de exposições do Anhembi , em São Paulo, o Opala, depois de dois anos de testes exaustivos, finalmente era desvendado para os brasileiros. O carro realmente foi alvo da imprensa e de muitos curiosos.

O Opala "dominava os olhares", conforme noticiava a imprensa da época. Alcançou também o seu sucesso entre os convidados ilustres, especialmente o Presidente Costa e Silva e o Governador do Estado de São Paulo, Abreu Sodré.

O Opala tinha a mesma carroceria do Opel Rekord C (cuja marca de origem alemã era o braço direito da matriz General Motors Corporation), com algumas modificações nas partes dianteira e traseira, feitas ao gosto dos brasileiros pelos engenheiros da GM .

Inicialmente, a linha 1969 foi oferecida ao público com apenas duas opções de acabamento: a Standard e a  Luxo , e variações dos motores de 4 e 6 cilindros, ambas com quatro portas. Eram conhecidos também como Opala 2500 e 3800, respectivamente. A primeira versão vinha com motor de 153 pol3 (2509 cm³) de 80 cv a 3800 rpm.

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Versão esportiva SS do Opala veio em 1971 junto com a chegada do motor de 4.1 litros e cilindrada e seis cilindros

Já a outra recebia um de seis-em-linha, 230 pol3 (3.768 cm³) de 125 cv a 4000 rpm. Para o projeto 676, os engenheiros da General Motors desenvolveram um sistema com tração traseira e suspensão independente nas quatro rodas com braços sobrepostos e posterior ao eixo, com molas helicoidais, construção esta que mais tarde seria conhecida como sub-chassi.  Era o mesmo do Opel Rekord .

A “família” Opala ganhava mais um integrante com a chegada do almejado SS, em 1970. Além deste, a GM lançou o Opala Gran Luxo , que também recebia um motor de alta performance. Mas o SS foi o mais cobiçado na época. O motor 250 pol³ de 4,1 litros e 140 cv a 4.000 rpm era capaz de atingir a velocidade máxima de 170 Km/h em apenas 12 segundos, graças à receita do aumento dos pistões para 89,7 mm, ante os 82,5 mm.

Por fora, o que mais chamava a atenção eram os adereços pretos e rodas esportivas de aro 14 calçando pneus 7,35 S. Além disso, trazia:  volante de madeira  de três raios com botão da buzina no centro e i nscrição SS , conta-giros no painel e relógio elétrico no console, câmbio de 4 marchas com alavanca no assoalho, rádio, desembaçador do para-brisa, diferencial com autobloqueante (batizado pela montadora de Tração Positiva), freios dianteiros a disco e estabilizador traseiro e bancos individuais. Tudo isso fazia a diferença em relação às versões mais "simples" da família Opala.

Como opcional, os proprietários podiam pedir rádio e ar-condicionado. Em 1974 o carro recebe uma nova mudança em sua mecânica . O motor 4 cilindros chamado de 151 com 90 cv. Foi neste ano que a GM acumulava em seu currículo mais de 300.000 Opalas fabricados.

A linha 1975 recebia uma nova frente e traseira, de estilo mais atualizado, capô com vincos acentuados, setas localizadas nas extremidades dos para-lamas dianteiros, nova grade e lanternas redondas duplas, de estilo semelhante as do Corvette .

A versão "familiar" do Opala também estreava a linha 1975. Denominada de Caravan , a perua só tinha a opção de três portas, além dos motores de 4 e 6 cilindros do sedã e do cupê.

Um ano após, a GM do Brasil lançava o  250S , um verdadeiro cupê esportivo que satisfazia grande parte dos clientes exigentes e de personalidade forte. Motor de 6 cilindros alimentado por um carburador de corpo duplo e comando de válvulas trabalhado passava a contar com 153 cv.

O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h baixava para 10 s. Dois anos depois, a perua Caravan ganhava a versão SS contando com o mesmo motor de 6 cilindros da versão cupê. Fora isso, apenas alguns detalhes fizeram as diferenças da linha.

Em 1980 é lançado o Diplomata com motor 250 S do Opala 4.1/S , topo de linha, que ganhava um novo desenho, um melhor acabamento, além de outros equipamentos de série com direção servo-assistida e ar-condicionado. Junto à estréia da sofisticada Diplomata , a  linha era marcada com uma reestilização de todos os modelos da família Opala.

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A perua Chevrolet Caravan também teve requinte como o sedã com acabamento caprichado e boa dose de força no motor

Na perua Caravan , a grande modificação era notada pelas lanternas de formato trapezoidal. A frente recebia faróis retangulares, grade mais atual e limpa, além de um capô mais acentuado. Os para-choques, por sua vez, tornavam-se maiores e ganhavam uma faixa de borracha, sendo que na versão SS, estes eram pintados na cor da carroceria.

No ano de 1983 era disponibilizado o câmbio de cinco marchas, porém a grande mudança viria em 1985 quando o Opala perdia o estilo “comportado” passando a ter mais personalidade. Por dentro, novos grafismos no painel de instrumentos e botões de acionamento dos retrovisores e vidros.

Três anos depois, o Opala ganhava novas atualizações com novos faróis em formato trapezoidal acompanhando o desenho da grade que agora ficava menor, volante de três raios com regulagem em altura de sete posições, aviso sonoro dos faróis ligados, vidros e luzes com temporizador, itens de série nos Diplomata e opcionais nas versões mais simples.

As versões eram agora: Opala e Caravan SL, Comodoro SL/E e Diplomata SE, além do Opala L, restrito à frotas de órgãos públicos. Neste ano, o motor 250S de seis cilindros à gasolina era disponibilizado apenas sob encomenda, o  câmbio automático  de três marchas era trocado por um ZF de origem alemã de quatro velocidades e com bloqueio do conversor de torque. Ainda em 1988, o modelo cupê era descontinuado da linha de produção.

Em 1990, último ano com esta carroceria, a linha recebia o mesmo motor de 4.1 litros, porém com potência e menores emissões, graças aos pistões de mais leveza que usavam bielas mais compridas, as mesmas dos modelos de 4 cilindros, resultando em forças laterais menores, agindo sobre os pistões.

Consequentemente, carburador, coletores de admissão passava por mudanças para adequar a nova “receita” de preparação. Assim, a potência alterava de 135 cv para 141 cv nos motores a álcool, e de 118 cv para 121 cv para os à gasolina.

O Opala estreava a linha 1991 com uma “roupagem nova” com para-choques envolventes e janelas sem quebra-vento , rodas de aro 15, pneus 195/65. No conjunto mecânico, freios a disco nas quatro rodas e direção hidráulica Servotronic , de controle eletrônico faziam parte da nova edição.

Com um milhão de unidades acumuladas em seus 13 anos de existência, o mito Opala se despedia da sua linha de montagem em São José dos Campos em 1992, mais precisamente no dia 16 de abril de 1992, sendo que os últimos deles foram um Opala Diplomata com transmissão automática e uma Caravan ambulância.

Para encerrar a linhagem, a GM lançou a série especial Collector ou colecionador com apenas 200 unidades fabricadas, segundo estimativas. Junto da novidade, o comprador recebia uma fita de vídeo com a trajetória do veículo e mais um certificado, além de uma chave banhada a ouro.

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Última série do Chevrolet Opala vinha com sistema de direção eletro-hidráulico pela primeira vez em um modelo feito no Brasil

Ao longo de seus 23 anos e 5 meses de produção contínua, passou por diversos aprimoramentos mecânicos e modificações estéticas, mas sempre mantendo a mesma robustez, valentia e, principalmente, o charme de suas linhas as quais praticamente foram intocadas.

Essa era a receita de um nome mágico tal como o seu projeto que, durante sua produção, conseguiu a marca de nada menos do que um milhão de unidades fabricadas, entre 1968 a 1992, tornando-se um líder de vendas no segmento.

Curiosidades: o nome Opala

Surgiram boatos de que o projeto 676 que originou o seu nome  Opala vinha da junção entre as palavras Opel e Impala. Ou seja, com esta “parceria” pode-se traduzir em uma mecânica norte-americana de Impala aliada à carroceria baseada nos modelos Opel Rekord C / Commodore A, fabricado de 1966 a 1971.

Porém a origem também pode se traduzir em razão de ser uma pedra semipreciosa, conhecida pela sua grande variedade de cores numa mesma peça.

Polêmicas à parte, o nome Opala ficou conhecido graças a um “furo de reportagem” de um jornalista o qual ao saber dentre os seis nomes finalistas para o projeto 676 , acabou divulgando como sendo uma fonte oficial. O nome foi bem aceito pelo público, e assim o primeiro carro de passeio da General Motors do Brasil era batizado como Opala.