Impactos reais e previstos da saída da Ford no Brasil

Com a frota envelhecendo gradativamente, essa tendência renderá ainda muitos anos de frutos ao mercado de reposição


Linha de produção da Ford na fábrica de Camaçari (BA) foi uma das três unidades fabris a encerar as atividades no Brasil
Foto: Divulgação
Linha de produção da Ford na fábrica de Camaçari (BA) foi uma das três unidades fabris a encerar as atividades no Brasil

Depois de mais de um século fazendo veículos no Brasil, a Ford anunciou no dia 11 de janeiro o encerramento de sua produção, fechando as fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE) . Apesar disso, a montadora continua no país, vendendo apenas modelos importados e prestando  assistência técnica no país.

Com isso, consequentemente, com o envelhecimento dos veículos que até então eram fabricados no Brasil,  vai demorar para o mercado de reposição de autopeças sentir um efeito significativo.

Atualmente, o mercado de reposição independente é responsável por mais de 80% das manutenções veiculares no Brasil. Isso fortalece a tese de quem comprou modelos da Ford não vai sair prejudicado no que se refere à  falta de peças no estoque.

No entanto, uma coisa é certa. Com o término da produção local e decisão de manter somente modelos importados em seu portifólio, a marca continuará com sua participação de vendas em declinio no Brasil. Até o ano de 2025 a frota de veículos leves da Ford deverá reduzir 14,3% em relação ao ano passado.

Atualmente, em relação à idade da frota dos carros da Ford   no Brasil, 37,3% deles possuem entre 4 e 10 anos  (faixa etária mais numerosa entre os veículos da marca), 26,7% dos veículos da possuem de 11 a 20 anos e outros 19,1% já têm  mais de 20 anos.

Até 2025, 44,5% dos carros da companhia americana estarão com 11 a 20 anos e somente 6,42% dos veículos da montadora terão entre 0 a 3 anos. Essa dinâmica elevará a idade média dos veículos da montadora. Atualmente, a média de idade dos carros Ford é de 12,2 anos de uso. Até 2025 a idade média será de 15,1 anos.

Esse processo de envelhecimento irá no primeiro momento aquecer o mercado de reposição de autopeças , até que a queda no volume total a ser reparado, supere os ganhos com a maior incidência de falhas nos produtos em decorrência da idade e condições gerais do veículo (que se deterioram com o uso).

Desta forma, a história da Ford no Brasil ainda está longe de se encerrar, e ainda haverá grande demanda no mercado de reposição de peças, rendendo muitos anos de frutos ao mercado de reposição.