308: a série que inaugurou os motores V8 nas Ferrari

A dinastia italiana dos V8 começou com a Ferrari Dino 308 GT4 de 1973 e foi até 1985, quando foi substituída pela série 328


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A dinastia italiana da casa de Maranello começou com a Ferrari Dino 308 GT4 de 1973.

Quando falamos de Ferrari , logo vem a nossa mente os tradicionais motores de doze cilindros em “V” cuja potência para a época, ultrapassava facilmente a casa dos 250 cv, hoje um número irrisório se comparada os modelos atuais.

Fato que faz com que as Ferrari de outrora sejam de certa forma mais difíceis de “domar”. E, na história do automóvel, coube aos mitos como a Ferrari o papel de representarem o segmento de superesportivos que hoje se tornaram objetos de desejo graças a seu respeito e exclusividade. As 308 do começo da década de 70 é um exemplo disso.

A dinastia italiana da casa de Maranello começou com a Ferrari Dino 308 GT4 de 1973, um cupê 2+2 que substituiria a 246 GT de linhas musculosas e envolventes desenhadas pelo consagrado estúdio Bertone.

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Ferrari 308 Dino GT4

A Dino 308 possuía um chassi tubular que segundo a marca passava uma sensação de rigidez ao conjunto carroceria/chassi. Além disso, o conjunto de suspensões independentes com braços sobrepostos contribuíam para uma perfeita sustentação e distribuição de peso. Aliás, falando de massa, o motor de oito cilindros da série 308 era posicionado entre o eixo traseiro (central).

Quanto às cilindradas, elas ficavam na casa dos 2.927 cm³ e as válvulas eram postas no cabeçote de duplo comando, denominadas DOHC . A sua alimentação era feita por quatro carburadores Weber 40.

A potência entregava 255 cv a partir das 7.700 rpm e torque de 28,9 kgfm. Toda esta engenharia dava um resultado espantoso em velocidade cravando de 0 a 100 Km/h em menos de 8 segundos , número bom se considerado a tecnologia da época.

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O câmbio de cinco velocidades, manual, como convém a um superesportivo de sua estirpe e já ostentava o tradicional trilho de engates de marcha.


O câmbio, por sua vez, era de cinco velocidades, manual , como convém a um superesportivo de sua estirpe e já ostentava o tradicional trilho de engates de marcha que até hoje é vista nos modelos mais atuais da casa de Módena.

Por dentro nada de acessórios como rádio e outras conveniências sendo que o revestimento do couro era o destaque deste “simples” carro. De 1973 até o fim de sua produção, em 1980, foram comercializadas 2.826 unidades desta série.

308 GTB e GTS

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Em 1975, surgiu a Ferrari 308, nas versões GTB (Gran Turismo Berlinetta), foto acima, e GTS (Gran Turismo Sport).


O comendador Enzo Ferrari , o grande fundador da casa de Maranello queria mais e mais e por isso lançava em 1975 a Ferrari 308 GTB (Gran Turismo Berlinetta) e GTS (Gran Turismo Sport) como uma opção intermediária entre a 365 GT4 e a Berlinetta Boxer , esta última com um estrondoso motor V12 boxer de 420 cv inaugurando assim o famoso estúdio Pininfarina do renomado estilista Sergio Pininfarina.

Na segunda série 308 , os componentes mecânicos era basicamente os mesmos, porém carroceria era inovada utilizando em sua confecção o plástico e fibra de vidro, mais o alumínio empregado no capô, tudo isso para conseguir menores números de peso. Porém no próximo ano era substituída por uma de aço, elevando o seu peso de 1.090 para 1.155 Kg.


Seu estilo marcante era mantido com os tradicionais faróis escamoteáveis, acompanhados de uma grade funcional para resfriar o radiador. A lateral possuía um vinco que percorria a porta terminando no para-lama traseiro o qual recebia uma pequena entrada de ar para resfriar o propulsor.

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O estilo marcante era mantido com os tradicionais faróis escamoteáveis, acompanhados de uma grade funcional para resfriar o radiador.

Na traseira, o inconfundível par de faróis circulares permanecia e a entrada de ar do motor instalada no capô era o grande charme desta série, estilo este que permaneceria até a F-355 de 1995.

Curiosamente, os 308 possuíam dois compartimentos, sendo um na frente para o estepe e pequenos objetos e outro na traseira, graças ao recurso da posição central do motor.

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Porta-malas mal comporta duas valises.

Outra curiosidade das 308 GTB e GTS eram seus dois tanques de combustível, um logicamente para gasolina e outro para lubrificação do cárter seco (sistema de lubrificação em que o óleo é depositado em outro reservatório, permitindo assim uma acomodação mais baixa do motor), porém abandonado na linha 1976.

Tanto a 308 GTB quanto a 308 GTS eram idênticas em acabamento, acessórios e motorização, sendo que a diferença entre elas era o teto removível - do tipo ' Targa'  - presente da segunda versão. Tamanho foi o sucesso da GTS 'Targa'  que entre 1975 a 1985 foram vendidas 8.010 unidades da versão. A Berlinetta teve 4.139 exemplares comercializados.

A tecnologia da injeção mecânica chega nas 308. Agora eram diferenciadas pelas siglas GTBi e GTSi

Foto: Renato Bellote
Ferrari 308 GTSi


Em 1981, a casa italiana de Maranelo, mesmo querendo manter a tradição de veículos cada vez mais potentes e rápidos, era obrigada a substituir o clássico carburador Weber 40 por um sistema mais econômico contribuindo para a diminuição de poluentes e principalmente por causa da consequência da crise do petróleo de 1973.

Neste ano a potência das Ferrari caía assustadoramente de 250 cv para míseros 214 cv no mercado europeu. Já nos Estados Unidos a advertência as montadoras de automóveis contra a emissão de poluição era mais rigorosa. Os americanos endinheirados os quais quisessem encomendar uma Ferrari 308 GTB/GTSi tinham que se contentar com os seus modestos 208 cv.

Porém uma solução era esperada, e foi em 1982 que os engenheiros desenvolviam a adoção de mais duas válvulas extras por cilindro passando a contar agora com quatro.

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Ferrari 308 Quattrovalvole

Atrás vinha um logotipo com a inscrição 308 Quattrovalvole denunciando a novidade da nova linha. Agora a potência voltava a subir indo para 240 cv a partir das 7.000 rpm. Com isso, ela cravava a velocidade final de excelentes 255 Km/h. Esteticamente, novos faróis e grade eram adotados na Ferrari 308 GTB/GTSi.

Para 1985, a 'Fabbrica' do comendador Enzo Ferrari produziria a 328 GTS e GTB , que substituiria a estreante 308 no segmento de motores V8 , um mito que jamais será esquecido pelos seus fãs.