Volkswagen anuncia fechamento histórico de fábricas na Alemanha; entenda

Pela primeira vez em 87 anos, montadora planeja encerrar atividades em três unidades alemãs e reduzir folha salarial para economizar US$ 4,3 bilhões

Volkswagen Tharu
Foto: Divulgação
Volkswagen Tharu

A Volkswagen , maior montadora europeia , prepara uma reestruturação sem precedentes em sua história. O conselho de trabalhadores da marca confirmou planos para fechamento de três unidades na Alemanha, medida inédita desde a fundação da empresa. A decisão surge em resposta à  crise no setor automotivo europeu.

Medidas de redução

O plano de reestruturação inclui redução de 10% nos salários de todos os funcionários e congelamento de reajustes por dois anos. A empresa busca economia de US$ 4,3 bilhões em meio à crise do setor automotivo europeu.

A disparidade de custos operacionais entre países evidencia os desafios da produção alemã. Enquanto um funcionário em Wolfsburg recebe cerca de US$ 80 mil anuais, na fábrica mexicana de Puebla a média salarial é US$ 20 mil.

As discussões sobre estas medidas iniciaram em setembro, quando executivos da VW sinalizaram mudanças nas operações alemãs. Os sindicatos questionaram a falta de um plano claro para rentabilidade futura.

Impactos na produção global

Do total de 680 mil funcionários da Volkswagen no mundo, aproximadamente 113 mil trabalham na Alemanha. A produção de modelos como Golf R e GTI, fabricados em Wolfsburg, pode sofrer alterações.

Os principais veículos vendidos no mercado americano, Tiguan e Jetta, são produzidos no México. Esta produção deve manter-se estável durante a reestruturação.

O redimensionamento prevê não apenas fechamento de unidades, mas também redução nas plantas que permanecerão ativas. A empresa ainda não divulgou quais fábricas serão afetadas.

O sindicato IG Metall manifestou oposição ao plano, alertando que a Volkswagen segue "rota distópica" ao reduzir presença industrial na Alemanha.

Cenário econômico

A montadora enfrenta múltiplos desafios: queda nas vendas na China, aumento da concorrência de fabricantes asiáticos e pressão para acelerar a transição para veículos elétricos.

O CEO da marca, Thomas Schäfer, aponta que as unidades alemãs operam com custos entre 25% e 50% superiores ao considerado viável, citando problemas de eficiência e produtividade.

A empresa deve apresentar resultados do terceiro trimestre com perspectivas negativas. O mercado automotivo europeu sofre com altos custos de energia, mão de obra e regulamentações ambientais.

O governo alemão iniciou diálogo com a empresa e representantes sindicais para minimizar impactos econômicos e sociais das mudanças propostas . A implementação de tarifas sobre veículos elétricos chineses pela União Europeia é um dos projetos que deve incidir neste cenário.

A UE segue firme em seu plano de encerrar vendas de carros a gasolina , e as montadoras do continente terão que se adequar a esta realidade.

** Jornalista formado pela PUC-SP, atuando como repórter do IG Carros. Já atuou também nas editorias de esportes e ESG.