Vinícius Gritzbach , conhecido por sua delação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi assassinado em uma emboscada após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos . A investigação revelou que ele circulava em veículos modificados como viaturas policiais.
Segundo depoimento de Danilo Lima Silva, responsável pela segurança de Gritzbach, o delator rodava em um Volkswagen Amarok com blindagem de nível 5, equipado com sirenes e sinais luminosos típicos de viaturas policiais. Essa blindagem é capaz de resistir até a tiros de fuzil, o mesmo tipo de armamento usado em sua execução. O Amarok, no entanto, quebrou em um posto de combustíveis pouco antes do assassinato, o que impediu sua utilização no momento crítico.
Além do Amarok, uma Chevrolet Trailblazer fazia parte da escolta de Gritzbach. Este veículo também tinha blindagem, de nível 3, e estava equipado com sinais luminosos e sirenes, operando de forma ilegal. Gritzbach pretendia utilizar a Trailblazer após sua chegada ao aeroporto, mas foi morto antes de conseguir embarcar.
Depoimentos e implicações legais
Danilo Lima Silva revelou que a instalação dos equipamentos nos veículos foi facilitada por Adriano Gedra, um assessor de Gritzbach. Os acessórios foram instalados em uma loja localizada no Tatuapé, região conhecida como reduto do PCC em São Paulo. Apesar das revelações, Danilo afirmou não saber o endereço exato onde as modificações foram feitas.
A modificação de veículos para se parecerem com viaturas sem autorização é ilegal e pode ser vista como tentativa de burlar a legislação de trânsito e segurança pública.
Contexto do assassinato de Gritzbach
Gritzbach era jurado de morte pelo PCC desde que sua delação foi homologada em 2022. No dia de sua execução, ele havia retornado de uma viagem ao Nordeste, onde esteve acompanhado por seguranças particulares. No aeroporto de Guarulhos, um olheiro teria avisado aos assassinos sobre sua presença no local, facilitando a emboscada que resultou em sua morte por 29 tiros de fuzil.
As investigações estão sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que ainda não conseguiu identificar ou prender os responsáveis pelo crime. Pelo menos 13 policiais estão sob investigação, incluindo oito militares que faziam parte da escolta de Gritzbach e cinco policiais civis denunciados por ele por corrupção.
Investigações em andamento
As autoridades investigam possíveis envolvimentos de policiais em atividades ilegais, incluindo sociedade em empresas e acúmulo de patrimônio incompatível com seus rendimentos. Também são investigados membros do PCC, um agente penitenciário e outras pessoas com dívidas com Gritzbach.
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, se reuniu com o delegado-geral Artur José Dian para discutir os avanços do caso. No entanto, detalhes das investigações não foram divulgados para não comprometer o andamento das apurações.