Após comemorar sua reeleição como presidente da Comissão no Parlamento Europeu , Ursula von der Leyen retorna ao trabalho com novas responsabilidades. Além de comandar o executivo, agora lidera pessoalmente o setor automotivo europeu rumo à transformação para emissões zero .
Durante sua reeleição em Estrasburgo, Von der Leyen anunciou que assumiria o setor automotivo. A decisão foi aprovada por 370 votos entre 688 parlamentares, com 282 votos contrários e 36 abstenções. Sua liderança será crucial para a transição do setor.
Foco na indústria automotiva
Von der Leyen destacou a importância da indústria automotiva como orgulho europeu, afirmando que milhões de empregos dependem dela. Ela enfatizou a necessidade de garantir que o futuro continue a ser construído na Europa, através de um diálogo amplo e prolongado.
A presidente não detalhou quais ideias específicas apresentará para o setor no continente. No entanto, seu silêncio pode indicar uma abordagem mais flexível em relação à sua posição adotada anteriormente, especialmente diante da recente crise no setor automotivo.
Durante seu discurso de reeleição, Von der Leyen prometeu uma transição baseada em uma ampla gama de tecnologias inovadoras. Ela destacou a importância de uma abordagem tecnologicamente neutra, onde os combustíveis sintéticos podem ter um papel relevante.
Possibilidades futuras
O futuro da mobilidade na Europa pode incluir carros elétricos, combustíveis sintéticos e possivelmente biocombustíveis. Essa abordagem foi confirmada por Apostolos Tzitzikostas, Comissário para Transportes, que reiterou o compromisso de interromper as vendas de veículos a gasolina e diesel até 2035.
Tzitzikostas também mencionou a necessidade de reavaliar a sustentabilidade ambiental dos combustíveis sintéticos em 2026. A possibilidade de autorizá-los para motores de combustão interna será considerada como parte dessa reavaliação planejada.
O objetivo de manter apenas carros com emissão zero nas concessionárias europeias até 2035 permanece inalterado. Embora o destino esteja definido, os desafios relacionados a custos, eficiência e impacto na saúde dos combustíveis sintéticos e biocombustíveis ainda persistem.
As etapas do roteiro para essa transição podem ser debatidas. Um exemplo é a meta que exige que fabricantes reduzam as emissões de CO2 de veículos novos em 15% até 2025, incentivando a venda de mais carros elétricos e menos veículos a combustão.
Revisão e incentivos
A revisão dessas metas está no centro de um non-paper elaborado pelo ministro italiano Adolfo Urso, em parceria com outros países. O documento foi apresentado ao Conselho de Competitividade da União Europeia, propondo ajustes e antecipações nas cláusulas de revisão.
Urso reafirmou a meta de descarbonização total até 2035, pedindo condições necessárias para alcançá-la de forma competitiva. Ele destacou a importância de antecipar as cláusulas de revisão para 2025, facilitando investimentos por empresas e consumidores.
Em reunião com a Stellantis, Urso propôs incentivos europeus para carros estáveis e duradouros, com recursos comuns para consumidores. A proposta será discutida com Von der Leyen, que estabeleceu um prazo de 100 dias para decidir os próximos passos.
** Jornalista formado pela PUC-SP, atuando como repórter do IG Carros. Já atuou também nas editorias de esportes e ESG.