
Comprar um carro com alta quilometragem pode representar uma economia significativa para o bolso, mas requer atenção redobrada para não transformar o que seria uma boa compra em uma dor de cabeça mecânica. Especialistas apontam que veículos acima de 100 mil km rodados já entram na categoria de "alta quilometragem", mas isso não significa necessariamente um problema.
Victor Barroso, especialista em mecânica e comercialização de automóveis, esclarece o que é considerado uso normal de um veículo. "Uma média considerada boa é de 1000km por mês de uso. Uma média considerada normal é de 2000km por mês, até 25000km por ano. Acima disso, já é considerada uma quilometragem alta", explica.
A marca faz diferença
Um fator determinante na hora de decidir se vale a pena investir em um carro rodado é a origem do veículo. Segundo Barroso, a nacionalidade do automóvel pode ser decisiva.
"Geralmente, carro de marca japonesa com alta quilometragem tem uma vantagem – você pega um carro com bom preço, e o carro segue sendo bom, desde que as manutenções e revisões tenham sido feitas", afirma o especialista. Por outro lado, ele alerta: "Carros franceses e italianos com alta quilometragem já costumam ser mais arriscados, e exigem mais idas ao mecânico."
Modelos de marcas reconhecidas pela durabilidade, como Toyota, Honda e Hyundai, podem ultrapassar os 200.000 km sem falhas estruturais, desde que bem mantidos.
O preço mais acessível é o principal atrativo desses veículos, que podem custar até 1/10 do valor de concessionária. Além disso, carros que já rodaram bastante e continuam funcionando bem demonstram durabilidade comprovada. Outro ponto positivo é que muitas peças de desgaste natural já podem ter sido substituídas pelo proprietário anterior, evitando surpresas de curto prazo.
Riscos e cuidados essenciais
O desgaste natural dos componentes é o principal risco ao adquirir um veículo rodado. Peças como correias, amortecedores, embreagem e sistema de arrefecimento podem estar próximas do fim da vida útil.
Um problema ainda comum no Brasil é a adulteração de hodômetros, que pode mascarar a quilometragem real. Por isso, especialistas recomendam:
- Verificar o histórico completo de manutenção, incluindo registros de revisões e notas fiscais
- Realizar uma vistoria cautelar com laudo técnico
- Fazer um test-drive completo, avaliando ruídos, suspensão, freios e motor
- Comprar de fontes confiáveis, como concessionárias ou plataformas reconhecidas
- Desconfiar de preços muito abaixo da média do mercado
Uso urbano versus estrada
Um fator frequentemente negligenciado é o tipo de uso que o veículo teve. Veículos usados predominantemente em cidade tendem a ter desgaste maior que os usados em estradas, mesmo com quilometragem menor, por conta das frenagens mais frequentes e ruas esburacadas.
Avaliar apenas a quilometragem sem considerar o contexto é um erro comum. O estado geral do carro, combinado com seu histórico de manutenção e procedência, é o que realmente determina se a compra será vantajosa ou problemática.