
A Tesla enfrenta uma das maiores quedas de desempenho em toda a trajetória recente da empresa na Europa.
As vendas da montadora americana recuaram 36% em março em relação ao mesmo mês de 2024 e acumulam uma queda de 45% no primeiro trimestre deste ano, totalizando apenas 36.167 veículos emplacados, frente a 65.774 no mesmo período do ano anterior. Os dados são da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).
Trata-se do pior desempenho proporcional entre os principais fabricantes no mercado europeu.

A retração acentuada tem múltiplas causas: a imagem controversa de Elon Musk, o envelhecimento da gama de produtos e, principalmente, as reações negativas à postura política do executivo, que se aproximou do ex-presidente Donald Trump e passou a aconselhar a equipe presidencial nos Estados Unidos.
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Na Europa, essa associação política tem alimentado protestos, ações de vandalismo e apelos por boicotes — tanto no continente quanto nos Estados Unidos. Na divulgação dos resultados trimestrais na última terça-feira, a Tesla reconheceu o impacto dessas tensões:
"Mudanças nas sensibilidades políticas podem ter um impacto significativo na demanda por nossos produtos no curto prazo", declarou a empresa em nota aos acionistas.
O faturamento da montadora também caiu e atingiu US$ 19,3 bilhões no trimestre (quase R$ 74 milhões, na conversão atual) — retração de 9% em relação ao ano passado.
Mercado de elétricos no velho continente
Paralelamente, o mercado europeu de veículos elétricos como um todo apresentou sinais positivos, com alta de 17,1% em março. Os elétricos agora representam 15,2% dos carros vendidos no continente.
Países como Alemanha, Bélgica e Dinamarca lideraram esse crescimento, enquanto França registrou queda de 14%, reflexo da recente redução nos incentivos ecológicos. Já Espanha e Itália começam a mostrar uma leve aceleração, embora ainda estejam atrasadas em relação aos vizinhos.
Mesmo com o avanço dos elétricos, a ACEA alertou para o descompasso entre metas ambientais e a adoção prática pelos consumidores.
“[Há uma] lacuna persistente entre os ambiciosos objetivos de descarbonização e a realidade de uma adoção mais lenta do que o esperado pelos consumidores”, afirmou Sigrid de Vries, diretora-geral da entidade.
Enquanto isso, os modelos híbridos — que combinam motor a combustão com sistema elétrico não recarregável — ganham força. No primeiro trimestre, representaram 35,5% dos registros, superando os modelos a gasolina (28,7%).
No geral, o mercado automotivo europeu permaneceu estagnado em março, com leve retração de 0,2% em relação ao ano anterior.