
Na última quinta-feira (8), o goleiro Agustín Rossi e outros jogadores do Flamengo foram alvo de uma tentativa de assalto na Linha Amarela, no Rio de Janeiro.
O veículo de Rossi, um utilitário esportivo BYD Song Plus, resistiu a quatro disparos. Nenhum dos ocupantes sofreu ferimentos. A situação do veículo após a tentativa foi filmada e publicada no X. Veja abaixo.
Imagens de como ficou o carro do goleiro do Flamengo Agustín Rossi. Um BYD blindado, que foi alvejado por 4 tiros na Linha Amarela, altura de Bonsucesso-RJ. @ColunadoFla pic.twitter.com/Ene6Kot051
— Mônica Alves (@monicaalvesfs) May 8, 2025
Em declaração pública, Rossi afirmou: “Hoje pela manhã fui vítima da falta de segurança que assola o estado do Rio de Janeiro. Apesar do grande susto que eu e meus familiares passamos, estamos bem e nos recuperando do ocorrido. Agradecer a todos pelas mensagens de carinho e preocupação”.
O veículo blindado evitou que Rossi e os familiares pudessem ser atingidos. Exemplos como esse fazem com que milhares de brasileiros busquem essa segurança a mais nos carros.
Segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), cerca de 34 mil carros receberam reforço balístico em 2024, o que elevou o número total para 400 mil no país.
Para entender melhor os bastidores e os limites da proteção automotiva, o Portal iG consultou Edeval Paciello, diretor de operações da Shield Rio Blindagem. Ele explicou as etapas do processo e os critérios técnicos que norteiam esse tipo de serviço.
Níveis e regulamentação
A blindagem veicular no Brasil é regulamentada pelo Exército e segue uma escala de níveis.
O mais comum no país é o nível III-A, autorizado para civis e capaz de resistir a disparos de pistolas .44 Magnum e submetralhadoras Uzi. Blindagens superiores, como o nível III (resistente a fuzis como AK-47 e AR-15), exigem autorização especial.
“É o suficiente contra as ameaças mais comuns em áreas urbanas”, afirmou Paciello.
Já os níveis IV e V, voltados a metralhadoras e munições militares de grande calibre, são proibidos para uso civil.
Segundo o especialista, o processo envolve uma sequência rigorosa.
“Lavagem, vistoria inicial, desmontagem completa do veículo, aplicação da manta balística, instalação dos aços balísticos e dos vidros, montagem interna, checagem de acabamento, vistoria do Inmetro e entrega”, resume Paciello.
O acréscimo de peso médio é de 200 kg, cerca de 12% do peso de um veículo médio. Ele explica que esse aumento compromete muito pouco o consumo e a potência do veículo.
Requisitos técnicos
Carros mais indicados para blindagem compartilham algumas características.
“Recomendamos modelos com DNA 4x4, estrutura mais robusta e boa resistência torcional no monobloco. Pickups e SUVs de maior porte costumam oferecer melhor adaptação”, afirma Paciello.

Ele destaca que apenas a Land Rover realiza blindagem diretamente na fábrica, em pequena escala.
As demais blindagens são feitas por empresas homologadas, muitas em parceria com concessionárias, com manutenção da garantia.
A revisão periódica é obrigatória para garantir o desempenho da blindagem.
“Toda blindadora séria possui plano de manutenção preventiva. O ideal é inspecionar o carro anualmente ou a cada 10 mil km. Avaliamos portas, vidros, mantas, fixação dos aços e vedação contra água, poeira e ruído”, orienta o Edeval.