
Lançado em 1972, durante a crise do petróleo , o Honda Civic nasceu com uma missão clara: oferecer economia de combustível e mobilidade acessível. Naquele momento, o Japão intensificava esforços para consolidar a indústria automotiva no cenário internacional.
O modelo conquistou mercados pela eficiência, e logo se tornaria um símbolo de confiabilidade.
O Portal iG lança nesta reportagem a série "Geração sobre rodas", onde vai contar a história dos modelos mais icônicos do Brasil e do mundo, da primeira à última geração.
Honda Civic no Brasil
No Brasil, a história começou oficialmente na década de 1990, mas seu legado já se fazia presente muito antes disso, por meio de importações paralelas e uma certa admiração silenciosa.
Ao longo de onze gerações, o Civic se consolidou como um dos sedãs mais reconhecidos do mundo.
A engenharia evoluiu do carburador aos sistemas híbridos inteligentes, sem perder o foco na dirigibilidade e no uso urbano eficiente.
No país, foram sete gerações oficialmente vendidas, com momentos de destaque, como a nacionalização em 1997 e a chegada do motor turbo em 2016. A seguir, a trajetória de cada geração — global e brasileira.
1ª Geração (1972–1979) | Eficiência como resposta à crise

A primeira geração do Honda Civic nasceu em 1972 no Japão, impulsionada pela crise do petróleo e pela demanda por carros econômicos.
O modelo apresentava motor transversal 1.2 e tração dianteira, características que se tornariam marca registrada.
Compacto e leve, o Civic oferecia economia de combustível sem comprometer a dirigibilidade, tornando-se uma alternativa atraente aos grandes sedãs americanos da época.
O modelo não foi vendido oficialmente no Brasil, mas algumas unidades chegaram por importação independente. O porte e proposta ainda não condiziam com o mercado brasileiro da década de 1970, focado em veículos maiores.
Mesmo assim, já indicava uma nova filosofia de engenharia que se consolidaria décadas mais tarde.
Prós:
- Baixo consumo de combustível;
- Design funcional e compacto;
- Mecânica simples e confiável.
Contras:
- Baixo nível de segurança;
- Interior espartano — simples e básico;
- Desempenho limitado em rodovias.
2ª Geração (1979–1983) | Expansão com refinamento
A segunda geração chegou ao Japão em 1979 e marcou um avanço em acabamento, espaço interno e estabilidade. O motor ganhou mais cilindradas, passando a 1.3 e depois 1.5, enquanto a suspensão e o interior foram aprimorados.
O Civic passou a atender melhor as demandas de exportação, o que levou o modelo a ganhar força em mercados como Estados Unidos e Europa .
No Brasil, o modelo ainda não tinha distribuição oficial. Poucas unidades entraram por importação particular.
Apesar disso, a crescente popularidade do modelo fora do país já chamava a atenção e pavimentava o terreno para a futura entrada oficial.
Prós:
- Melhoria no espaço interno
- Direção mais precisa
- Qualidade percebida superior à antecessora
Contras:
- Pouca assistência técnica no Brasil
- Design ainda conservador
- Pouca potência nas versões básicas
3ª Geração (1983–1987) | Primeiros passos rumo à esportividade
Lançado em 1983, o Civic de terceira geração abandonou de vez o visual arredondado e adotou linhas retas, típicas da década. A carroceria hatch ganhou protagonismo, e o modelo apresentou melhorias em aerodinâmica, direção e suspensão.
O motor 1.5 passou a contar com comando de válvulas no cabeçote e carburador de corpo duplo em algumas versões.
Mais uma vez, o Brasil não teve presença oficial do modelo, mas a terceira geração ampliou a reputação global da Honda. Nos Estados Unidos, o Civic começava a ganhar status de '' cult '' entre jovens motoristas. A versão esportiva Si também estreou nesta geração.
Prós:
- Direção e estabilidade evoluídas
- Versões com desempenho acima da média
- Maior confiabilidade
Contras:
- Interior ainda simples
- Ausência de airbag ou ABS
- Dificuldade de importação para o Brasil
4ª Geração (1987–1991) | Design marcante e faróis escamoteáveis
A quarta geração modernizou o Civic. Lançada em 1987, trouxe um novo chassi, suspensão independente nas quatro rodas e carrocerias mais refinadas.
Destaque para os faróis retráteis no modelo hatch, que deram ao Civic uma identidade visual singular. O motor 1.6 SOHC com injeção eletrônica colocava o carro entre os mais avançados do segmento.
No Brasil, a geração chegou de forma limitada, via importação paralela. Ainda assim, causou impacto entre entusiastas, especialmente pelo visual esportivo. O modelo se tornaria o “primeiro Civic” conhecido por muitos brasileiros.
Prós:
- Suspensão sofisticada
- Visual inovador
- Desempenho equilibrado
Contras:
- Alto custo de manutenção no Brasil
- Peças difíceis de encontrar
- Pouca estrutura de assistência
5ª Geração (1992–1995) | Estreia oficial no país
Em 1992, a Honda iniciou oficialmente a importação do Civic para o Brasil. Com carrocerias sedã e hatch, visual arredondado e motor 1.5 ou 1.6, o modelo já trazia injeção eletrônica, ar-condicionado e direção hidráulica em versões mais completas.
A versão sedã, com câmbio automático, fez sucesso entre executivos e famílias urbanas.
O Civic da quinta geração consolidou uma base no Brasil como alternativa refinada aos médios da época. Embora mais caro, trouxe um padrão de acabamento superior à média nacional.
Prós:
- Acabamento de qualidade
- Motorização moderna
- Bom comportamento dinâmico
Contras:
- Preço elevado
- Seguro caro
- Pouca rede de concessionárias à época
6ª Geração (1996–2000) | Nacionalização e expansão
Em 1997, a Honda inaugurou a fábrica em Sumaré (SP), e o Civic passou a ser produzido no Brasil. A sexta geração trouxe novo visual e motor 1.6 VTEC em versões mais equipadas.
O modelo ganhou espaço entre os sedãs médios e oferecia câmbio automático, direção hidráulica e ar-condicionado de série em várias versões.
A nacionalização reduziu o custo de manutenção e melhorou a disponibilidade de peças.
O modelo manteve a confiabilidade japonesa e passou a rivalizar com nomes como Corolla e Vectra . A qualidade de montagem chamou a atenção da imprensa especializada.
Prós:
- Manutenção mais acessível
- Direção leve e confortável
- Acabamento superior à média nacional
Contras:
- Design conservador
- Itens de série limitados nas versões básicas
- Ergonomia interior poderia ser melhor
7ª Geração (2001–2005) | Estabilidade e foco no conforto
Com novo motor 1.7 e câmbio automático de cinco marchas, o Civic da sétima geração reforçou o foco em conforto. A suspensão traseira McPherson substituiu os braços duplos e aumentou a suavidade no rodar. O design externo adotou linhas horizontais e discretas.
A geração teve boa aceitação entre clientes urbanos e famílias, especialmente pelas versões LX e EX. O modelo se consolidou como uma opção racional e confiável. Apesar disso, parte do público notou perda de esportividade.
Prós:
- Conforto em pisos irregulares
- Bom espaço interno
- Baixo índice de defeitos
Contras:
- Perdeu apelo esportivo
- Visual discreto demais
- Posição de dirigir elevada
8ª Geração (2006–2011) | Estilo ousado e sucesso comercial
A oitava geração estreou em 2006 com visual inovador. Painel digital de dois andares, motor 1.8 flex e suspensão mais firme aproximaram o Civic do público jovem.
O modelo foi campeão de vendas e se tornou referência entre sedãs médios durante anos consecutivos.
Foi também a geração com maior aceitação no Brasil até então. O design arrojado, somado ao bom desempenho, tornou o Civic um símbolo de status e inovação tecnológica.
Prós:
- Visual marcante
- Motorização flex confiável
- Dirigibilidade esportiva
Contras:
- Altura baixa para lombadas
- Painel com ergonomia questionada
- Suspensão traseira dura
9ª Geração (2012–2016) | Segurança reforçada e menos ousadia
Lançada em 2012, a nona geração adotou visual mais discreto, o que dividiu opiniões. Por outro lado, trouxe importantes avanços em segurança e tecnologia. Controle de estabilidade e central multimídia estavam presentes nas versões topo de linha.
As vendas foram impactadas pela chegada de SUVs compactos e pela rejeição ao novo design. Ainda assim, manteve a reputação de confiabilidade e teve boas avaliações em pós-venda.
Prós:
- Conforto acústico
- Itens de segurança evoluídos
- Consumo eficiente
Contras:
- Estilo pouco atrativo
- Interior sem grandes inovações
- Perda de mercado para SUVs
10ª Geração (2016–2021) | Turbo e sofisticação estrutural
A décima geração marcou um reposicionamento. Com visual de fastback , motor 1.5 turbo e câmbio CVT, o Civic se aproximou de modelos premium. A plataforma global trouxe mais rigidez e leveza, o que melhorou o desempenho e consumo.
O novo padrão de construção levou o Civic a um patamar superior, mas também encareceu as versões mais equipadas. A versão Touring, por exemplo, passou a ultrapassar os R$ 120 mil.
Prós:
- Motor turbo eficiente
- Interior moderno e bem-acabado
- Segurança ativa em versões topo
Contras:
- Preço elevado
- Porta-malas menor
- Custo de revisão mais alto
11ª Geração (2022–hoje) | Híbrido e reposicionamento global
Sem produção nacional, o Civic voltou ao Brasil em 2022 como importado da Tailândia . Traz motorização híbrida e:HEV com motor 2.0 e dois elétricos, totalizando 184 cv.
O sedã agora concorre em faixa superior de mercado, com foco em tecnologia e sustentabilidade.
A Honda reposicionou o modelo como alternativa ao Toyota Corolla híbrido, mas com valor acima de R$ 250 mil. Apesar da tecnologia de ponta, a demanda ficou restrita a nichos.
Prós:
- Eficiência energética
- Conjunto híbrido avançado
- Acabamento premium
Contras:
- Alto preço
- Baixo volume de vendas
- Perdeu protagonismo de mercado