Publicada mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a tabela que leva o mesmo nome é usada amplamente para calcular preços médios de carros, motos, ônibus e caminhões no Brasil.
Apesar da popularidade entre consumidores, concessionárias e seguradoras, ela não reflete necessariamente o valor real de mercado de um veículo.
Tabela FIPE
Criada em 1973, ligada à USP, e lançada em 1985 com o objetivo de acompanhar os valores médios dos veículos no país, a tabela ganhou força em 2001, quando firmou parceria com a Federação Nacional das Empresas de Seguros (Fenaseg).
Desde então, se tornou "padrão" para negociações de compra, venda e seguros, se consolidando como instrumento de transparência e equilíbrio nas transações do setor.
Para isso, desconsidera valores extremos e segmenta os dados por modelo, versão e ano de fabricação. O objetivo é fornecer uma base estatística ampla, mas com limitações relevantes.
O principal equívoco está na interpretação da tabela como preço absoluto. Muitos compradores e vendedores confundem a referência média com valor de mercado efetivo.
Na prática, variáveis como região geográfica, estado de conservação, histórico de sinistros, cor, opicionais e quilometragem pesam mais no preço final do que o valor médio da FIPE.
Por que os preços se distanciam da Tabela FIPE?
Segundo Lukas Nunes, vendedor e proprietário da Essence Automóveis, em entrevista ao Portal iG, a ideia de que a Tabela FIPE representa um preço oficial compromete negociações no setor.
“Diversas vezes o cliente insiste no valor da tabela como se fosse absoluto, sem considerar as especificidades do carro”, afirmou.
Nunes explica que fatores como estado mecânico e estrutural, histórico veicular, e quilometragem fora do padrão são determinantes na avaliação.
"Tudo que é variável em um veículo entra no conceito de 'preço médio'. O problema é que muitos enxergam a FIPE como valor final de mercado, o que está longe da realidade."
A distorção também pode ser regional. Um modelo muito procurado em grandes centros urbanos pode ter valor acima da tabela, enquanto em cidades menores o mesmo veículo pode ser negociado por menos. Isso ocorre por diferenças na demanda e na oferta local.
Veículos com baixa quilometragem, pneus novos, revisões em dia ou ainda em garantia podem ser vendidos acima do valor referencial. Por outro lado, histórico de leilão, danos estruturais ou adaptações depreciam consideravelmente o preço.
Impacto da FIPE em seguros, financiamentos e tributos
Apesar das limitações, a Tabela FIPE segue como base para seguros e impostos. Apólices de indenização por perda total costumam utilizar o valor de 100% da tabela no mês do sinistro.
Já o Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) também se apoia nessa média para o cálculo anual.
Para quem deseja comprar ou vender um carro, consultar a Tabela FIPE pode ser um ponto de partida, mas não deve substituir a análise do mercado real.
Avaliar o histórico, a manutenção, a localização geográfica e os diferenciais do veículo é fundamental para definir um preço justo.
A FIPE permanece como a tabela mais consultada do setor. Ainda assim, especialistas do mercado reforçam a necessidade de interpretação crítica. Como conclui Lukas Nunes:
“mesmo com as limitações, ela é a referência mais presente no comércio de automóveis".
A chave está em compreender seus limites antes de bater o martelo. Para consultar a Tabela FIPE de um veículo, basca acessar o site do instituto.