Produtos automotivos vencidos causam prejuízos a motoristas

Falta de atenção à validade de óleos e fluidos tem gerado falhas mecânicas, perdas financeiras e infrações a direitos do consumidor

Especialistas recomendam uma troca de óleo por ano
Foto: Reprodução/peoplecreations/Freepik
Especialistas recomendam uma troca de óleo por ano

Óleo vencido no motor. Fluido de freio fora do prazo. Aditivo sem registro. Casos como esses, cada vez mais comuns, têm resultado em falhas mecânicas, perda de garantia e contas altas em oficinas.

O alerta parte do Procon de São Paulo, que intensificou a fiscalização em estabelecimentos após constatar uma prática silenciosa, mas recorrente: a venda de produtos automotivos fora da validade.

A negligência começa no balcão e termina na oficina. Muitos consumidores sequer se dão conta de que lubrificantes, graxas e fluidos têm data de validade. A falha de verificação pode parecer irrelevante, mas os danos não são.

“Comprar itens vencidos pode comprometer a qualidade do serviço e até causar prejuízos ao veículo”, afirma o Procon-SP.

A comercialização de produtos fora do prazo constitui infração grave ao Código de Defesa do Consumidor. E, no caso de danos comprovados, a responsabilidade pode recair sobre o fornecedor.

Infrações ocultas nas prateleiras

Durante fiscalizações em postos de combustível, técnicos do Procon-SP já encontraram embalagens vencidas há mais de um ano. Em alguns casos, os produtos estavam expostos ao sol e ao calor, o que acelera o processo de degradação química.

A prática não é isolada. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já detectou a circulação de óleos sem registro no mercado brasileiro.

Em um cenário de baixa fiscalização e consumidores despreparados, produtos adulterados e vencidos encontram caminho livre até os motores.

O Código do Consumidor exige que a validade esteja clara e visível na embalagem. Se a data estiver ilegível, ausente ou for ignorada pelo vendedor, o consumidor tem direito à recusa imediata e à denúncia.

Consequências mecânicas e financeiras

Diferente do que muitos imaginam, a validade de produtos automotivos não é apenas formalidade de rótulo.

Com o tempo, óleos e aditivos perdem viscosidade, oxidam e deixam de proteger as peças internas do motor.

A substituição de componentes danificados por uso de fluido vencido pode custar até cinco vezes o valor do produto original.

Além disso, veículos em garantia podem ter o suporte negado caso a montadora comprove o uso de insumos fora do prazo ou sem registro legal.

Promoções mascaram riscos

Líquido do sistema de arrefecimento deve ter a proporrcão correta de aditivo
Foto: Divulgação
Líquido do sistema de arrefecimento deve ter a proporrcão correta de aditivo


Descontos generosos oferecidos por lojas e oficinas escondem, muitas vezes, o vencimento iminente.

Produtos com validade próxima costumam ser empurrados ao consumidor como oportunidade. Se não forem usados imediatamente, perdem a eficácia e passam a representar risco.

Entre especialistas do setor, a recomendação é unânime: verificar data de validade, exigir nota fiscal, desconfiar de preços muito baixos e evitar produtos sem procedência clara.

Direitos e deveres ignorados

O Procon-SP reforça que a denúncia de práticas irregulares pode ser feita online, pelo site oficial, ou diretamente nos órgãos de defesa do consumidor.

Mas o número de registros ainda é pequeno frente ao tamanho do problema.

Na ausência de uma cultura de prevenção, a responsabilidade se fragmenta entre fabricantes, revendedores e motoristas.

Enquanto isso, motores seguem queimando óleo vencido – e consumidores continuam pagando a conta.