Stellantis para 400 mil carros após morte por airbag

Após acidente na França e críticas do governo local, montadora amplia recall

Citroen C3
Foto: Divulgação/Stellantis
Citroen C3

A Stellantis determinou a paralisação imediata de 441 mil veículos Citroën C3 (segunda geração) e DS3 (primeira geração) em circulação na Europa.

A medida foi anunciada após um acidente fatal em Reims, no norte da França, envolvendo o rompimento de um airbag Takata.

Segundo a empresa, os modelos fabricados entre 2009 e 2019 devem ser imobilizados até que passem por reparo gratuito na rede autorizada.

Crise global dos airbags

No dia 11 de junho, uma mulher de 37 anos morreu após seu C3 2014  bater em uma barreira de proteção e o airbag explodir, lançando fragmentos de metal. Um adolescente que estava no veículo ficou ferido.

A vítima havia sido notificada pela Stellantis em 20 de maio, por carta registrada, mas o aviso retornou por erro no endereço.

A montadora afirmou que “decidiu adotar o 'stop drive' para acelerar os reparos”, conforme declarou o novo diretor da Citroën, Xavier Chardon, à agência AFP.

Na terça-feira (17), o Ministro dos Transportes da França, Philippe Tabarot, exigiu a paralisação imediata de todos os modelos afetados ainda em circulação e classificou a resposta da empresa como “inaceitável e escandalosa” e que “não correspondeu à escala do risco”.

A Citroën confirmou que 82 mil dos carros impactados estão na França. No total, cerca de 690 mil unidades C3 e DS3 foram fabricadas com os airbags defeituosos apenas no país. Até meados de junho, 69,7% já haviam passado por reparo.

As ações corretivas começaram em 2024 com a orientação para que motoristas no sul da França com modelos C3 fabricados entre 2008 e 2013 evitassem dirigir até que os airbags fossem substituídos.

Em fevereiro de 2025, a medida foi ampliada ao norte do país. Para modelos fabricados a partir de 2014, um recall padrão foi lançado em maio deste ano, sem ordem de imobilização. A Stellantis sustentou que a análise não indicava risco de degradação além do ano de 2013.

Medidas jurídicas 

O grupo de defesa do consumidor UFC-Que Choisir afirmou que a morte “poderia ter sido evitada” caso a empresa tivesse agido com maior celeridade.

A organização apresentou uma queixa judicial e pediu uma investigação parlamentar. “As falhas devem ser identificadas e os responsáveis devem ser responsabilizados”, declarou à AFP.

Uma investigação criminal por homicídio culposo foi aberta. O processo está sob a jurisdição de um tribunal especializado em Paris.

Os airbags da Takata, que explodem sob calor e umidade excessivos, já causaram ao menos 17 mortes nos territórios ultramarinos franceses desde 2016.

Outro óbito foi registrado em março, na ilha de Guadalupe. A Takata declarou falência em 2017, após recalls envolvendo mais de 125 milhões de veículos globalmente.

A Stellantis informou que os proprietários devem consultar a situação do veículo por meio da verificação do número de chassi (VIN) no site da Citroën, contatar a concessionária local ou recorrer à linha direta de atendimento ao cliente.

A empresa declarou estar mobilizando toda sua rede de fábricas, fornecedores e revendas para garantir a solução “mais rápida, segura e conveniente”.