O envelopamento automotivo deixou de ser “apenas estética” e virou solução prática para quem quer preservar a pintura, ganhar tempo de uso e proteger o carro do desgaste do dia a dia.
Em vez de recorrer à repintura – que pode afetar a originalidade –, muitos motoristas optam por películas que funcionam como escudo contra riscos, manchas e intempéries, mantendo o visual de fábrica por mais tempo.
Em entrevista ao Portal iG Carros, Valmir Filho, supervisor de vendas Graphics da Avery Dennison Brasil, descreve um mercado em que proteção e personalização caminham juntas, com a primeira ganhando terreno no Brasil por atender a um objetivo claro: segurar o valor do bem e reduzir custos de manutenção estética ao longo dos anos.
“O envelopamento automotivo com aplicação de PPF deixou de ser apenas estético e hoje é visto como uma solução que combina proteção e personalização”, disse ao Portal iG.
Proteção que pesa na revenda
A integridade da pintura é um dos pontos mais observados por quem compra seminovos – marcas, riscos e manchas costumam derrubar propostas.
Nesse cenário, o envelopamento cria uma barreira física que conserva o brilho e evita microdanos, ajudando o carro a “parecer novo” por mais tempo.
Isso melhora a atratividade do anúncio, amplia o interesse de compradores e dá mais margem de negociação ao proprietário.
Valmir Filho reforça que não existe um percentual fixo de valorização (isso varia por modelo, qualidade da aplicação e percepção do mercado), mas o efeito prático é conhecido nas lojas e plataformas de usados: carro bem preservado tende a vender melhor e mais rápido.
“O envelopamento automotivo ou PPF podem influenciar positivamente o valor de revenda de um veículo… o que pode atrair compradores e justificar um preço mais alto na revenda” (explica).
Durabilidade e tecnologia
A “vida útil” das películas é um dos motores do crescimento do segmento. No Brasil, onde sol forte, maresia e poeira castigam a pintura, Valmir Filho aponta uma faixa de 5 a 10 anos – o topo depende do filme escolhido, da rotina de uso e da zona climática.
“ Os filmes de proteção e customização da Avery Dennison podem alcançar durabilidade que variam de 5 a 10 anos, conforme especificado no portfólio e baseado na zona climática do Brasil ”, diz.
O desempenho vem de fatores como resistência UV, anti‑amarelamento e a tecnologia de autorregeneração térmica, que “permite que pequenos arranhões desapareçam com a ativação do calor” , ajudando a manter o acabamento em bom estado no dia a dia urbano.
Custos, cobertura e perfil de consumo
O investimento varia conforme tipo de película, área coberta (partes do veículo ou full wrap) e porte do carro. Valmir Filho resume o panorama:
“Para películas de proteção, o valor médio é de 10 à 30 mil reais… Para películas de personalização, o custo médio é de 8 a 20 mil reais”.
Na prática, SUVs grandes, picapes e carrocerias com muitos recortes encarecem material e mão de obra especializada.
A base de clientes se ampliou: além do público de alto padrão, cresceu a procura em modelos médios e compactos por quem quer manter a pintura original para a revenda, reduzir idas à funilaria e testar um novo visual reversível (sem repintar).
“É possível escolher desde tonalidades clássicas até combinações mais ousadas, com efeitos únicos, sempre com a possibilidade de reversão”, afirmou André Pires, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Avery Dennison para a América Latina.
Cuidados na aplicação, erros e regras do Detran
O resultado depende de método e mão treinada. Aplicação sem técnica deixa bolhas, vincos, desalinhamentos e pode comprometer a durabilidade – e, na remoção, até marcar a pintura.
Por isso, a recomendação é sempre buscar instaladores certificados, com ambientes limpos e ferramental adequado. Valmir Filho faz o alerta positivo e o negativo, na mesma moeda:
“ As películas da Avery Dennison podem ser removidas sem danificar a pintura, desde que aplicadas por profissionais capacitados ”, mas “ erros comuns incluem a aplicação com bolhas de ar, vincos… e acabamento irregular ”, o que reduz a vida útil e pode causar danos se a retirada for feita de forma incorreta.
Na parte legal, a regra é clara: mudou mais de 50% da cor, atualize o documento; consulte o Detran local para cores e acabamentos permitidos (especialmente em frotas e comerciais).
Sustentabilidade e futuro do setor
Com mais carros envelopados, cresce a responsabilidade no descarte. Há iniciativas de recolhimento e reciclagem de películas usadas, além de fornecedores que priorizam materiais recicláveis. A orientação de Valmir Filho é prática:
“ Muitas empresas do setor de envelopamento automotivo estão adotando práticas mais sustentáveis… É recomendável que os consumidores se informem… sobre as opções disponíveis para descarte adequado e reciclagem de películas ”.
No horizonte, a combinação de durabilidade, proteção e personalização sustenta a expansão do mercado – com decisão cada vez mais racional (custo‑benefício e revenda), e não só estética.