
A Hyundai Motor interrompeu a construção de uma fábrica de baterias na Geórgia, nos Estados Unidos, após uma operação federal deter mais de 450 trabalhadores.
A ação, conduzida pelo Departamento de Segurança Interna, investiga práticas de emprego ilegais. Parte dos detidos são cidadãos sul-coreanos, segundo autoridades de Seul.
O episódio representa um revés imediato para a joint venture de US$ 4,3 bilhões (R$ 22,4 bilhões na cotação atual) entre a Hyundai e a LG Energy Solution, que previa iniciar a produção até o fim de 2025.
O governo da Coreia do Sul manifestou preocupação com o impacto sobre empresas nacionais e pediu a libertação rápida dos funcionários.
Defensores de migrantes denunciaram o aumento das detenções de não criminosos sob a gestão Trump.
Impacto econômico e político
O projeto integra um pacote de US$ 12,6 bilhões (R$ 65,6 bilhões) em investimentos da Hyundai no estado da Geórgia, considerado o maior da história local.
A paralisação ameaça cronogramas de fornecimento de baterias para veículos elétricos das marcas Hyundai, Kia e Genesis. Após o anúncio, ações da LG Energy Solution caíram 2,3% na Bolsa de Seul.
O endurecimento da política migratória de Donald Trump contrasta com os esforços da Casa Branca para atrair investidores estrangeiros. Washington e Seul já travam disputas comerciais sobre um acordo que envolve US$ 350 bilhões em aportes sul-coreanos nos EUA.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul afirmou que “as atividades econômicas de nossas empresas não devem ser indevidamente violadas durante a aplicação da lei” e que acompanha o caso de perto.
Reação das empresas
A Hyundai informou que a produção de veículos elétricos em outras unidades nos Estados Unidos não foi afetada, segundo a Reuters.
Já a LG Energy Solution declarou estar “cooperando estreitamente com o governo sul-coreano e as autoridades relevantes para garantir a segurança de nossos funcionários e equipe contratada, e para garantir sua rápida libertação da detenção”.
A empresa responsável pela construção confirmou a suspensão temporária das atividades no canteiro.
Contexto da repressão migratória
Desde 2017, o governo Trump expandiu os poderes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), ampliando prisões de imigrantes sem antecedentes criminais.
O discurso oficial prioriza “deportar os piores criminosos”, mas dados internos mostram aumento de detenções arbitrárias.
A política ameaça cadeias produtivas de multinacionais que dependem de mão de obra estrangeira.
Organizações de direitos humanos classificam as operações como um fator de insegurança para investidores e comunidades imigrantes.