
A nova fábrica de baterias construída pela Hyundai Motor em parceria com a LG Energy Solution, na Geórgia, nos Estados Unidos, enfrentará um atraso de dois a três meses em sua inauguração.
O motivo é a operação de imigração realizada na semana passada pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, considerada a maior já feita em um único local pelo órgão.
De acordo com autoridades americanas, cerca de 475 trabalhadores foram detidos, incluindo mais de 300 sul-coreanos, sob suspeita de irregularidades em vistos e status imigratório.
Após negociações entre os governos de Washington e Seul, os funcionários foram liberados e estão sendo repatriados.
Repercussão
O CEO global da Hyundai, José Muñoz, afirmou ter ficado surpreso com a operação.
Segundo ele, os trabalhadores envolvidos eram, em sua maioria, contratados de fornecedores da LG Energy, e não funcionários diretos da Hyundai.
"Para a fase de construção das fábricas, é preciso contratar pessoal especializado. Há muitas habilidades e equipamentos que você não encontra nos Estados Unidos", disse Munoz durante uma conferência automotiva em Detroit.
O presidente do grupo Hyundai Motor, Euisun Chung, também se manifestou, dizendo estar “muito preocupado com o incidente”, mas aliviado pelo retorno dos trabalhadores à Coreia do Sul.
Chung defendeu que os dois governos criem um sistema de vistos mais adequado para projetos industriais desse porte.
Impacto na produção
A fábrica da Geórgia integra um complexo de US$ 7,6 bilhões voltado à produção de veículos elétricos e suas baterias. A operação estava prevista para começar ainda em 2025.
Enquanto aguarda a liberação, a Hyundai informou que vai recorrer a baterias fornecidas por outras plantas – incluindo uma fábrica da SK On, também localizada na Geórgia.
As repercussões do caso atingem ainda outras instalações da LG Energy Solution nos Estados Unidos, algumas delas em joint ventures com a General Motors, onde trabalhadores estrangeiros também foram orientados a retornar aos seus países de origem.
O episódio reacende o debate sobre a falta de mão de obra especializada para grandes obras industriais nos EUA e sobre a complexidade da legislação de vistos de trabalho.
Para analistas, a resolução do impasse será crucial não apenas para a Hyundai e a LG, mas também para outros projetos de eletrificação que envolvem empresas sul-coreanas no mercado americano.