CNH sem autoescola: veja o que muda e como será o novo processo

Governo quer reduzir custo da habilitação em até 80% e permitir aulas com instrutores autônomos

Instrutores de trânsito
Foto: Divulgação/Governo Federal
Instrutores de trânsito
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O projeto que muda as regras para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem a obrigatoriedade de autoescolas entrou na fase final de consulta pública.  A minuta, aberta em 2 de outubro, já soma mais de 20 mil contribuições no Participa + Brasil e deve servir de base para uma nova resolução do Contran até novembro.

A proposta prevê que as aulas práticas sejam ministradas por instrutores autônomos, credenciados pelos Detrans, e promete baratear o custo médio da CNH — hoje entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — para algo próximo de R$ 700 a R$ 800, mantendo as provas teórica e prática obrigatórias.

Como vai funcionar o novo modelo

Pela minuta em análise, o candidato poderá escolher entre continuar nas autoescolas (Centros de Formação de Condutores) ou contratar instrutores autônomos credenciados.

CNH
Foto: Reprodução
CNH

Esses profissionais deverão passar por curso gratuito de capacitação oferecido pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e obter credencial autorizada pelo Detran de cada estado.

Para ser instrutor, é necessário ter no mínimo 21 anos de idade; habilitação legal para condução de veículo a pelo menos 2 anos; não ter cometido nenhuma infração de natureza gravíssima nos últimos 60 dias; ter concluído o ensino médio; ter certificado do curso específico para a prática da atividade; e não ter sofrido penalidade de cassação da CNH. 

As aulas práticas poderão ser realizadas em veículo próprio ou do instrutor, desde que o automóvel esteja em boas condições, dentro do limite de anos de fabricação e identificado como “veículo de ensino”.

As atividades serão registradas digitalmente, com supervisão e validação do instrutor.

O curso para novos instrutores inclui formação pedagógica, legislação de trânsito e condução segura. Após avaliação final, o profissional poderá atuar de forma independente, gerenciando sua própria agenda e valores.

De acordo com o Governo, os instrutores podem passar por fiscalizações por partes de órgãos públicos de trânsito. Durante aas aulas práticas de direção veicular, o profissional deve ter consigo todos os documentos obrigatórios:

  • CNH;
  • Credencial de Instrutor ou crachá fornecido pelo órgão competente;
  • Licença de Aprendizagem Veicular;
  • Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo.

Impacto no bolso e no mercado

Atualmente, tirar a primeira CNH no Brasil custa de R$ 1.950,40, na Paraíba, a R$ 4.951,35, no Rio Grande do Sul, com média de R$ 3.155,77, segundo levantamento do governo federal.  A meta é reduzir essa despesa em até 80%, limitando os gastos às taxas e exames.

O modelo também busca formalizar motoristas informais e ampliar o acesso de mulheres e pessoas de baixa renda — grupos que enfrentam maiores barreiras para financiar o processo.

Segundo o Ministério dos Transportes, 54% dos brasileiros em idade para dirigir ainda não possuem habilitação.

Por outro lado, entidades que representam autoescolas alertam para risco de fechamento de até 15 mil empresas e perda de cerca de 100 mil empregos diretos.

O governo promete fiscalização e credenciamento rigoroso para manter a qualidade da formação.

O que ainda está em debate

A consulta pública segue aberta até 2 de novembro. Após esse prazo, as sugestões serão analisadas pelo Ministério dos Transportes e pela Casa Civil, e o texto final deve ser publicado em novembro, com vigência a partir de dezembro.

A pasta estuda ampliar a medida futuramente para categorias C e D e integrar as aulas teóricas com plataformas digitais de educação viária.

O ministro Renan Filho afirma que o objetivo é “ dar ao aluno a liberdade de escolher o melhor caminho”, comparando o modelo atual a um “cursinho pré-vestibular obrigatório”.