Fabricantes de caminhões de bombeiros viram alvo de ações

Processos denunciam empresas de elevar preços e limitar oferta de veículos

Caminhão do Corpo de Bombeiros nos Estados Unidos
Foto: Reprodução/Flir
Caminhão do Corpo de Bombeiros nos Estados Unidos

Lembra daquela história que contamos em maio, sobre o preço dos caminhões de bombeiros ter disparado nos Estados Unidos, com modelos passando facilmente de R$ 10 milhão — e até chegando aos R$ 12 milhões? Pois ela acaba de ganhar um novo capítulo, agora dentro dos tribunais.

Três das maiores fabricantes do setor, a Oshkosh, REV Group e Rosenbauer America, estão sendo processadas por supostamente participar de um esquema nacional de fixação de preços.

Segundo os processos, que a Reuters teve acesso, essas empresas teriam coordenado, por meio de uma associação do setor, trocas de dados sensíveis, limitações de produção e aumento artificial dos preços.

O que está acontecendo agora

A queixa mais recente foi apresentada pela Companhia de Bombeiros de Newstead, no estado de Nova York, e se junta a outras duas ações coletivas que já tramitam em um tribunal federal em Wisconsin.

Outras cidades, como La Crosse (Wisconsin) e Augusta (Maine), também moveram ações semelhantes.

Um juiz decidiu suspender momentaneamente os processos por 60 dias, para organizar todos os pedidos em uma só frente judicial. Mas o que parece certo é que mais ações devem aparecer.

Os processos afirmam que, desde pelo menos 2016, as fabricantes teriam:

  • Trocado informações econômicas estratégicas entre si;
  • Limitado a oferta de veículos;
  • Elevado preços de maneira coordenada.
  • Com isso, os caminhões de combate a incêndio teriam dobrado de preço em uma década. Hoje, um caminhão comum custa na faixa de US$ 1 milhão, enquanto modelos com escada articulada superam facilmente os US$ 2 milhões.

Resultado? Municípios tendo que manter caminhões antigos rodando além do ideal, e serviços de emergência trabalhando no limite.

As empresas negam

A Oshkosh, o REV Group e a Rosenbauer já se manifestaram publicamente, chamando as acusações de infundadas. A

Oshkosh, em particular, diz que segue investindo em suas fábricas nos EUA para atender a uma “demanda recorde”.

A Associação de Fabricantes de Equipamentos de Combate a Incêndio, que também aparece como ré, não comentou.

O assunto já tinha chamado atenção no começo do ano. Senadores de partidos opostos, como Jim Banks (Republicano) e Elizabeth Warren (Democrata), chegaram a denunciar, juntos, que a consolidação do setor, puxada por fundos privados, estaria gerando:

  • preços mais altos,
  • prazos mais longos,
  • escassez de equipamentos em todo o país.

A maior união de bombeiros dos EUA também pediu que o Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio investiguem o caso.

No fim do dia, estamos falando de algo que vai muito além de custos operacionais.

Quando um caminhão de bombeiros demora 4 anos para chegar, ou quando um município precisa usar um veículo ultrapassado porque não pode arcar com um novo, quem fica em risco é a população.

E agora, com o caso chegando aos tribunais, o mercado de veículos de emergência pode estar diante de uma mudança importante: uma que pode redefinir preços, contratos e o ritmo de reposição das frotas nos próximos anos.