Gabriel Marazzi

O Pacaembu dos carros

A cada fim de semana, muitos grupos de antigomobilistas se encontram. Até no Pacaembu

Foto: Gabriel Marazzi
Minha Honda 125 ML 1982 e mais meia dúzia de motocicletas, no domingo errado

Acordei neste domingo sem esquecer de ir até o Pacaembu, ver as motocicletas antigas. É que em muitos “ultimos domingos do mês”, quando acontece o Encontro Mensal de Motos Clássicas de São Paulo, do meu amigo Ricardo Pupo, não lembro de acordar a tempo de pegar uma motocicleta antiga e ir até lá.

Nesta semana, no entanto, saí cedo, peguei minha Honda 125 ML 1982 e fui. No caminho para o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho , na praça Charles Miller , notei uma quantidade incomum de automóveis BMW dos anos 90 indo na mesma direção. Achei mesmo que seria um encontro desses carros.

Foto: Gabriel Marazzi
Sempre tem um Fusca em qualquer encontro. Ou dois

Lá chegando às 9h30, horário oficial para início do encontro, poucas motos. Mas muitos carros. Foi aí que me dei conta que roubei uma semana do calendário deste nosso curto mês de fevereiro. Não era o domingo das motos, mas sim o domingo do clube do BMW E36 . Havia muitos desses carros enfileirados, em uma quantidade de versões de duas portas que não estamos acostumados a ver.

Foto: Gabriel Marazzi
Entre os Chevrolet Astra belgas, duas peruas Chevrolet, uma Chevette Marajó e uma Kadett Ipanema

Para quem não lembra, ou então nem viveu essa época, há 30 anos, com a reabertura das importações de automóveis, o BMW E36 foi um dos modelos mais vendidos por aqui, importados pelo grupo Regino, uma vez que a marca ainda não estava oficialmente no Brasil. Os carros vinham de Miami.

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BMW E36 com carroceria de duas portas, mais esportivo do que o mais comum, de quatro portas

Um fato interessante é que, em determinado momento, com a cotação do dólar extremamente favorável (o Real chegou a valer mais do que a moeda dos Estados Unidos) e com o imposto de importação de apenas 20%, o BMW 325 era mais barato do que o nosso novíssimo Chevrolet Omega 3.0 nacional, que tinha, além de outros componentes, um maravilhoso motor de seis cilindros alemão. Acho que isso explica a grande quantidade desse modelo por aqui.

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O BMW compacto mais bonito de todos, o E30 dos anos 80

Deixei a meia dúzia de motos de lado e fui até o local de encontro dos BMW, do outro lado da praça. Outros modelos BMW estavam lá, pomposos, como alguns fantásticos E30 – uma das mais belas carrocerias dos BMW compactos, produzido de 1981 até 1992. O BMW E30 mais comum é o 325i, mas o modelo ficou iconizado por ter o primeiro M3 na família. Havia também um BMW E34, um E39, seu successor, e um Z3, roadster dos anos 90 que já virou cult.

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O Honda Civic VTi era o “capeta”, com motor 1.6 aspirado de 160 cv. Ao lado, um Subaru Impreza

Não só BMW estavam expostos nessa manhã de domingo no Pacaembu. Onde tem carro, tem Fusca.

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Entre os BMW E30, o primeiro M3 da família

Dois deles marcavam território no meio dos importados, que contavam, também, com uma legião de Mitsubishi Lancer , a maioria tunado, um Honda Civic VTi , o foguetinho dos anos 90 com seu motor 1.6 com potência específica de 100 cavalos por litro, um Subaru Impreza e alguns Chevrolet Vectra belgas.

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O símbolo M na traseira já impunha respeito há mais de 30 anos

Entre eles, as peruas nacionais Chevrolet Chevette Marajó e Chevrolet Kadett Ipanema , ambas já povoando as mentes antigomobilistas mais jovens.

Foto: Gabriel Marazzi
Dois exemplares do BMW E36, um quatro portas e um Compact

O mais legalzinho do dia era um pequeno Subaru Vivio , micro-carro japonês com motor de 660 cm3. O carro em questão parecia estar bem “envenenado”. O nome Vivio tem uma origem bastante curiosa: dois algarismos romanos 6 (VI) e um zero, correspondendo a cilindrada do motor e formando a palavra VI-VI-0.

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O mais bonito de todos os BMW, o Série 5 com carroceria E34. E esse ainda tem as rodas forjadas do M5

Errei o domingo, mas ganhei o dia. Foi muito bom trocar as motocicletas pelos carros, pelo menos dessa vez. Antes de voltar para casa, fui até o famoso encontro da Caixa d’Água, no bairro da Vila Mariana, onde o nosso Ford Galaxie estaria comemorando seus 55 anos.

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O BMW E39, sucessor do E34

E teria ido, ainda, ao encontro informal da Av. São Gualter, no bairro do Alto de Pinheiros, caso o pneu dianteiro da minha Honda 125 ML não cismasse de encontrar um prego pelo chão. É, realmente a quantidade de encontro de automóveis antigos – e seus proprietários antigomobilistas – é muito grande, em todos os fins de semana (e em alguns dias de semana também).

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O roadster BMW Z3, de 1996, já virou cult

Nesse mesmo domingo, acontecia em um shopping center de São Caetano do Sul, cidade vizinha a São Paulo, mais um encontro dos grandes, com a participação maciça dos admiradores do Chevrolet Kadett GS e GSi . Desse encontro eu tinha conhecimento, pois também tenho um GS, mas era muita socialização para uma só manhã. Semana que vem, voltamos a falar das motocicletas.

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A turma do Mitsubishi Lancer

Aproveito para convidá-los a conhecer o Encontro Mensal de Motos Clássicas de São Paulo, em frente ao Estádio do Pacaembu , neste domindo, a partir das 9h30. Se não chover, vocês verão muitas motocicletas interessantes.

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Pacaembu dos carros



Foto: Gabriel Marazzi
Local do encontro tradicional da Caixa D’Água