Existe espaço para sedãs compactos no mercado brasileiro?

Os novos VW Virtus e Fiat Cronos, versões três volumes dos novíssimos Polo e Argo, descobriram um buraquinho

Volkswagen Virtus: entre os sedãs compactos,  novo modelo será posicionado entre o Voyage e o Jetta
Foto: Reprodução/ Paultan.org
Volkswagen Virtus: entre os sedãs compactos, novo modelo será posicionado entre o Voyage e o Jetta

Afinal, os sedãs compactos estão acabando ou não estão? Sim e não. Por que sim: somente quatro modelos aparecem entre os 20 carros mais vendidos do Brasil. Por que não: somados, os sedãs ainda vendem mais do que os badalados SUVs em nosso mercado. Portanto, trata-se de olhar para o “copo” pela metade e enxergá-lo meio cheio ou meio vazio.

LEIA MAIS: Por que Volkswagen e Fiat estão investindo em novos hatches

Antes de focar nos sedãs compactos -  com a devida licença dos entendidos - quero primeiro explicar o que é um sedã, pois nem todos têm obrigação de saber. Para simplificar, podemos dizer que sedã é uma carroceria de três volumes, com o porta-malas saliente na traseira. Mundialmente, os carros mais famosos dessa categoria são o Mercedes Classe C, o BMW Série 3, o Toyota Corolla e o Honda Civic – para citar apenas quatro modelos de porte médio. Por sua configuração, são carros indicados para uma família média, para executivos ou para táxi.

Foto: Divulgação/Fiat-Chrysler Automóveis
Fiat Cronos: este deve ser o nome da versão três volumes do Argo, que tentará fazer um sucesso que o falecido Linea não fez

Muito antigamente, porém, qualquer veículo que acomodasse uma pessoa sentada era chamado de sedã, mesmo que não tivesse rodas e fosse movimentado por dois homens, segurando-o pela frente e por trás. Além disso, o nome sedã não é utilizado em todos os países. Em Portugal, por exemplo, é berlina – um nome derivado da carruagem. Na Alemanha, é limousine, o que explica em parte o fato de o Fusca ter sido batizado oficialmente como Volkswagen Sedan.

Mas isso não é o mais importante e sim o mercado de sedãs no Brasil. Como dissemos, os carros de três volumes ainda vendem mais do que os SUVs: são 26,1% contra 22,4% a favor dos sedãs, que perdem apenas para o hatches (48,9%). A questão, então, é que tipo de sedã ainda vende bem. No mercado brasileiro, considerando os licenciamentos de janeiro a setembro deste ano, a venda desses carros “familiares” está estável. Há uma ligeira queda no subsegmento de sedãs pequenos (-2,2%), mas os desvios dos outros três são irrisórios: -0,3% nos compactos e médios e -0,1% nos grandes. Porém, só os sedãs pequenos (201 mil emplacamentos) e os médios (115 mil) possuem grandes volumes. O de compactos (30 mil) e o de grandes (6 mil) são bem inexpressivos.

Foto: Divulgação/General Motors
Chevrolet Prisma: atualmente é o sedã mais vendido do Brasil, mas a Volks e a Fiat já estão servidas de sedãs pequenos

Atualmente, o sedã mais vendido é o Chevrolet Prisma, de porte pequeno (51 mil emplacamentos). Entretanto, tanto a Volkswagen quanto a Fiat já estão bem servidas com seus sedãs pequenos – a montadora alemã com o Voyage (30 mil vendas acumuladas) e a italiana com o Siena (19 mil). Por outro lado, ambas já descobriram que é impossível brigar com as marcas japonesas no segundo subsegmento mais atraente, o de médios. Nele, o Toyota Corolla simplesmente esmaga a concorrência (tem 41,9% de participação) e o Honda Civic barra qualquer tentativa de quebra dessa hegemonia (segue em segundo, com seus 17,6%). A única montadora que tenta fazer alguma coisa é a GM, que merece muito mais que os 12,4% do bolo que cabe ao Chevrolet Cruze, por sua boa relação custo/benefício. Depois desses, é um desfile de carros ótimos de guiar e de usar, mas mercadologicamente fracassados no Brasil: VW Jetta, Ford Focus, Nissan Sentra etc.

LEIA MAIS: Renault Kwid: o segredo para emplacar 10 mil carros em setembro

Para emplacar de vez

Resta, portanto, o subsegmento de sedãs compactos, aquele que, somado, vende a mesma coisa que o Voyage sozinho. É aqui que a Volks tentará emplacar o Virtus, versão três volumes do Polo, e a Fiat vai encaixar o projeto X6S, sedã do Argo, que deve se chamar Cronos, segundo os colegas do Jornal do Carro. Afinal, esse é um pedacinho do mercado praticamente abandonado pelas montadoras. Dele fazem parte o Ford Fiesta Sedan (com pífios 90 emplacamentos em 2017) e dois chineses sem futuro, o Lifan 530 e o JAC J3 Turin, que juntos convenceram somente 728 clientes a comprá-los este ano.

LEIA MAIS: Aliança Renault-Nissan pede passagem entre as maiores montadoras do mundo

Para se ter uma ideia, apenas dois carros dominam 97,3% desse nicho: Chevrolet Cobalt (17 mil vendas) e Honda City (12 mil). São dois bons carros, mas ambos têm vida fácil, pois estão sozinhos como opção para quem acha Voyage/Siena pequenos e considera um Jetta ou um Cruze caros. O Cobalt tem duas versões 1.4 e três 1.8, com preços que variam de R$ 57.990 a R$ 72.490. O City tem cinco versões 1.5 com preços de R$ 60.900 a R$ 81.400. Parece que a Volks e a Fiat acharam um buraquinho no mercado para lançar seus sedãs compactos Virtus e Cronos.