O que há de diferente no Caoa Chery Tiggo 3X? Veja as impressões

SUV compacto chega para beliscar versões mais baratas do VW T-Cross

Chery Tiggo 3X chega às concessionárias nas versões Plus (R$ 94.990) e Pro (R$ 99.990)
Foto: Cauê Lira/iG Carros
Chery Tiggo 3X chega às concessionárias nas versões Plus (R$ 94.990) e Pro (R$ 99.990)

Os próprios executivos da Chery dizem que travam uma batalha constante contra a resistência dos brasileiros às marcas chinesas. Este jogo, finalmente, parece estar virando, pois enquanto as rivais sofrem com o momento da pandemia, a marca comandada pelo Grupo Caoa pretende dobrar sua presença no mix de vendas do Brasil. A empreitada ganha um novo capítulo com o lançamento do Tiggo 3X .

A partir de junho, o catálogo de SUVs da fabricante será composto por 5 SUVs: o Tiggo 2 (R$ 68.690) continuará em produção em Jacareí (SP) como modelo de entrada, com foco nos SUVs mais baratos, como JAC T40 e Renault Duster. Em seguida, o Tiggo 3X (R$ 94.990), feito na mesma unidade de produção, chega para atender clientes que procuram mais tecnologia e potência, na categoria do T-Cross.

O Tiggo 5X (R$ 98.990), o best-seller da Chery no Brasil, é feito em Anápolis (GO), e deverá ganhar uma reestilização bem radical apenas em 2022. Seu objetivo no mercado é oferecer um pacote de SUV médio com preço de compacto, na comparação com outras marcas.

Na mesma fábrica, a Chery ainda produz os modelos Tiggo 7 (R$ 102.990) e Tiggo 8 (R$ 169.990) , que são considerados “divisores de águas” para a marca no Brasil, principalmente quando o quesito é atrair clientes para os modelos mais baratos.

Observando o catálogo, você deve se perguntar: o novo Tiggo 3X não pode causar canibalização de produtos com o Tiggo 5X , já que estão alocados na mesma faixa de preço? A Caoa Chery entende que sim, mas a prioridade é oferecer alternativas para manter o cliente dentro da própria marca. Vale lembrar que a fabricante entrou na briga pelos clientes que ficaram órfãos do Ford EcoSport.

Como anda?

Foto: Divulgação
Chery Tiggo 3X: interior se mantém simples como o do Tiggo 2, mas com toques mais sofisticados

O lançamento da Caoa Chery é montado na mesma base do Tiggo 2, mas aposta em novos recursos de tecnologia e mecânica. A começar pelo motor, que deixa de ser 1.5 aspirado e passa a adotar um conjunto 1.0 turbo, que desenvolve 102 cv de potência e 17,1 kgfm a 2.000 rpm. O cãmbio também foi trocado, abandonando a caixa automática, de apenas 4 marchas, para oferecer um arranjo do tipo CVT, capaz de simular 9.

Ao entrar na “modinha” dos motores 1.0 turbo , o Tiggo 3X se beneficia principalmente da elevação do torque, que agora também passa a ser entregue em rotações mais baixas. Isso garante mais fôlego ao SUV na comparação com o Tiggo 2, uma vez que o modelo mais barato precisa girar até 2.700 rpm para entregar 14,9 kgfm de torque.

Você viu?

A melhoria foi clara em nosso trajeto, saindo da Zona Norte da capital paulista com destino a Mairiporã (SP) pelos arredores do Parque Estadual da Cantareira. O Tiggo 3X Pro mostrou fôlego suficiente para enfrentar o trecho de serra com apenas um ocupante, mas o motor 1.0 turbo gritou e o som invadiu a cabine, apesar dos reforços na parede corta-fogo para melhorar o isolamento acústico.

Um tópico que não agradou no Tiggo 3X foi a posição para dirigir. O volante não tem ajustes de profundidade, e no caso dos motoristas altos como eu, sou obrigado a colocar o assento para trás. Isso acaba “roubando” o espaço do ocupante do banco traseiro que vai atrás do condutor.

Outro ponto que precisa melhorar é o ponto H – localizado próximo à articulação do assento com o encosto do banco. O Tiggo 3X tem posição de guiar muito elevada, fazendo pessoas altas ficarem com as cabeças muito próximas ao teto. O ajuste de altura do banco do motorista não resolve bem a situação.

Entendo que o Tiggo 3X tenha sido projetado na China, onde a estatura média dos homens é de 1,68 m. No Brasil, a estatura média está na faixa de 1,75 m, segundo a Imperial College de Londres. Um posicionamento mais baixo do banco do motorista poderia resolver a situação, mas envolveria uma série de atualizações de engenharia que não compensam.

Segurança e conectividade

O Tiggo 3X Pro ainda não foi submetido aos testes de colisão do Latin NCAP, mas conta com dois airbags (para motorista e passageiro) e controle de estabilidade e tração. No pacote de tecnologia, traz luzes de condução diurna, faróis em LED, central multimídia de nove polegadas (com Apple CarPlay e Android Auto) e cluster parcialmente digital com display de sete polegadas. 

Ao mudar a temperatura ou a intensidade da ventilação no ar-condicionado, um painel aparecerá na central multimídia para facilitar os controles climáticos. Particularmente, não gosto dessa função, que esconde aplicativos de navegação.

Versões

O Tiggo 3X chega às concessionárias nas versões Plus (R$ 94.990) e Pro (R$ 99.990) em valores promocionais de lançamento. Na comparação com o modelo avaliado por nossa reportagem, o mais caro, a versão Plus exclui faróis em LED, o cluster parcialmente digital e tem rodas de liga-leve diferentes.

Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 99.990
Motor: 1.0, turbo, flex
Potência: 102 cv a 2.000 rpm
Torque: 17,1 kgfm a 2.000 rpm
Transmissão: automática, CVT
Suspensão: McPherson (dianteira), eixo rígido (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira), sólidos (traseira)
Dimensões: 4,20 m (comprimento), 1,76 m (largura) 1,57 m (altura) 2,56 m (entre-eixos)
Porta-malas: 420 litros
Tanque de combustível: 50 litros