Estudo aponta que dois entre três motociclistas já pilotaram sem CNH

Com 27 milhões de motos em circulação, dados alarmantes se manifestam à favor de medidas de segurança no trânsito e contenção de gastos públicos

O trânsito faz mais vítimas do que deveria. E quando o assunto são motocicletas, elas são líderes nas estatísticas
Foto: Twitter/Reprodução
O trânsito faz mais vítimas do que deveria. E quando o assunto são motocicletas, elas são líderes nas estatísticas

A Mapfre divulga um estudo que analisa o comportamento e os índices de morte dos motociclistas no trânsito em São Paulo. E a primeira das descobertas sobre motos no trânsito é alarmante, uma vez que dois a cada três condutores afirmam ter guiado motos sem habilitação durante algum tempo. Outro dado coletado revela que a maioria dos motociclistas entrevistados admitem não respeitar o Código de Trânsito Brasileiro a todo o momento. Os dados foram obtidos a partir de pesquisa quantitativa com 1.210 motociclistas e mais 40 entrevistas.

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Esquema que ilustra os aspectos mais preocupantes do trânsito, segundo levantamento da Mapfre

A maior parte dos entrevistados utiliza a moto como ferramenta de trabalho e justifica comportamentos muitas vezes imprudentes, como exceder a velocidade, pela pressão pela pontualidade das atividades profissionais. O que levou ao registro de algumas ocorrências relacionadas a motos no trânsito . Entre elas, que 65% dos acidentes acontecem durante o dia, 57% em pontos pouco movimentados e 56% com a pista seca.

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Estatísticas sobre incidentes nas diversas condições de trânsito

Além disso, praticamente todos os entrevistados afirmaram ter se envolvido em acidentes, 80% deles disseram conhecer alguém que morreu no trânsito e 84% possui colega com sequelas depois de uma ocorrência com moto. No Brasil morrem, todos os anos, cerca de 40 mil pessoas em acidentes de trânsito — desse total, 33,4% são motociclistas, sendo homens (89,1%), pardos (59,8%), com idades até 35 anos (33%) e solteiros (60,32 %). Os dados têm como fonte o Datasus.

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Medo e altas despesas públicas

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Logística de atendimento aos feridos demanda uma enorme quantia da verba pública

Apesar dos números alarmantes, chama atenção, positivamente, a preocupação dos motociclistas com a possibilidade de causar lesões a terceiros, mais do que com as colisões ou quedas da moto. Isso porque 45% declararam ter como maior medo atropelar um pedestre nas ruas, enquanto 28% afirmou temer colidir com veículos maiores — como ônibus e caminhões.

Tirando o mais grave — as mortes no trânsito — há um grande prejuízo financeiro por trás dos acidentes. Entre os socorros, internações e tratamentos dessas vítimas, os gastos estimados ao Estado ultrapassam os R$ 70 bilhões, ao sistema de saúde, por ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Segurança de Trânsito (IST). Nesse contexto, as mortes em ocorrências envolvendo motocicletas superaram 120 mil, de 2007 a 2017.

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Segundo o diretor de Educação para o Trânsito e Fiscalização do Detran-SP, Fernando Duran Poch: "Parte do aumento de mortes pode ser explicado pelo crescimento da frota de motos no trânsito , que no ano passado atingiram 27 milhões de unidades nas ruas e já representam 27% da frota total no país. Por outro lado, é preciso rever o processo de formação de condutores, além de promover ações governamentais efetivas nas áreas de educação, segurança pública e infraestrutura das vias".