Antiguidade é posto
A Volkswagen atualiza a sua picape média no visual e nos equipamentos
por Hernando Calaza
Autocosmos.com/Argentina
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O mercado brasileiro é de longe o mais robusto e importante da América do Sul. Mas ainda que alguns modelos não façam tanto sucesso por aqui, se tornam bastante viáveis na soma das vendas em outros países da região. A Volkswagen Amarok é um bom exemplo. Embora no Brasil ocupe o sétimo lugar no ranking de picapes médias, entre sete competidores, com uma média próxima a 700 emplacamentos mensais, na Argentina, onde é produzida, vende cerca de 2.500 unidades mensais – o que é impressionante em um mercado com um quarto do tamanho do brasileiro.
Esse desempenho explica em parte a decisão da marca alemã de renovar a Amarok, em vez de usar a plataforma da Ford Ranger e dividir os lucros com o modelo, como aconteceu na Europa Já no Brasil, a marca decidiu alinhar o modelo com as versões de topo. Por isso, só será importada nas três configurações mais completas, sempre com motor 3.0 V6, de 258 cv (272 cv com overboost) e 59,1 kgfm: Comfortline, Highline e Extreme, que custam respectivamente R$ 309.990, R$ 328.990 e R$ 350.990. Na Argentina ainda é oferecida a versão Trendline, com o antigo motor 2.0 turbo com 140 cv. O modelo recebeu uma série de equipamentos, mas não se transformou em um veículo hi-tech. De qualquer forma, é preciso reconhecer que mesmo com 14 anos de mercado, a picape média da Volkswagen apresenta vantagens de concepção ainda não equiparadas pelas rivais.
Como em qualquer face-lift, as mudanças na Amarok 2025 focam-se na frente, com alguns toques na traseira, além de mais rodas com novos desenhos e algumas decorações. Na frente, o Amarok oferece um para-choque que parece inspirado no visual da Saveiro, com uma boca preta raivosa, plástico cinza inferior e os quebra-neblina laterais de led verticais, como os que o Nivus traz. Acima da grade tem uma mega logomarca da Volkswagen e uma barra metálica grossa, que invade os novos faróis de led.
A assinatura luminosa tem sobrancelhas de led nos faróis que funcionam como luz diurna. A partir da versão Highline, elas são unidas por uma barra de luz. O capô é mais voluptuoso, com dois relevos longitudinais e uma borda marcada. Na traseira há um novo gráfico de luz, o nome Amarok em letras garrafais e o para-choque ganhou uma superfície preta maior. Na versão Highline avaliada, as rodas eram de 18 polegadas e os estribos e os santantônio, tubulares.
Em termos gerais, o interior da picape não mudou. O painel e os elementos gerais foram mantidos. Já componentes, como a tela multimídia de 9 polegadas, foram alteradas e o sistema inclui seu próprio navegador. Em todos os casos, o Android Auto e o CarPlay se conectam via cabo. A qualidade geral é boa, em linha com o segmento que oferece plásticos de toque rústico, encaixes muito limpos e grande resistência de montagem. Outra novidade é a decoração que divide o console frontal, que neste caso é em couro sintético no mesmo tom das laterais dos bancos.
Um aspecto que não muda, e vale a pena continuar a destacar sobre o Amarok, é o espaço interior. Especialmente em direção ao teto, que é alto, e na largura, que permite que três adultos fiquem confortáveis no banco traseiro. Os bancos dianteiros também são muito bons, com diversos ajustáveis. Em relação aos equipamentos, a nova Amarok decepciona um pouco. Aparentemente, o modelo chegou ao limite da atual plataforma eletrônica.
Ficaram fora da lista de recursos painel digital, ignição por botão, projeção, conexão e carregamento de telefone sem fio e freio de mão elétrico, entre outros. Dependendo da versão, há estofamento em couro sintético ou os ótimos bancos dianteiros aquecidos e com todos os tipos de ajustes elétricos (mais longos que um banco manual). A unidade Highline testada possui controle climático de zona dupla com controles físicos e controle de cruzeiro, entre outros.
Em relação à segurança, toda a gama oferece sensor de luz e chuva e seis airbags (a novidade na linha). Sem ser ótimo, os novos faróis iluminam bem. A parte de segurança, a novidade da Amarok são as assistências avançadas, monitoradas por um pequeno mostrador adaptado no meio do painel, chamada Safer Tag. O dispositivo inclui distância para o carro, ciclista ou pedestre da frente, alerta de colisão, alerta de saída de faixa e leitor de placas de velocidade. O Safer Tag é um sistema de alerta passivo, sem capacidade de intervir no acelerador, freios ou direção. Da verdade, ele deveria estar incluído no painel de instrumentos, mas apesar de ser pequeno e obrigar o motorista a desviar o olhar para consultá-lo, funciona bem, os alertas são ajustáveis e avisa sem escândalos (Fotos de divulgação).
Impressões ao dirigir
Poderio mantido
Há um ponto na nova Amarok que a Volkswagen fez muito bem em não mexer: o motor 3.0 V6, de 258 cv e 59,1 kgfm de torque. Ele movimenta o veículo de 2.191 kg com conforto e estabilidade. A transmissão tem oito marchas e distribuição integral 4Motion, além de bloqueio do diferencial traseiro. Como não tem reduzida, as primeiras marchas são muito curtas, o que faz com que o câmbio praticamente pule das duas primeiras marchas nas arrancadas. Então, na prática, funciona como um câmbio de seis marchas com duas marchas em uma caixa reduzida. A direção é hidráulica, então em baixa velocidade não é tão leve, mas também não é pesada.
O V6 é um pouco barulhento no frio e especialmente acelerando em baixas rotações. No entanto, empurra com glória e nas medições ainda oferece as recuperações marginalmente mais rápidas do segmento. O zero a 100 km/h é feito em 8,0 segundos e a recuperação de 80 a 120 km/h é realizada em 6,7 segundos, o que pode proporcionar ultrapassagens mais tranquilas. Como a picape traz paddle shift, este intervalo pode ser reduzido no modo manual. Mesmo nesse modo, o sistema protege a transmissão e muda para a marcha superior quando atinge a rotação de corte.
A entrada em cena do Safer Tag foi uma solução paliativa para a defasagem tecnológica que 14 anos de mercado podem provocar em um veículo. E tem as limitações de servir apenas como alerta, sem qualquer intervenção na dinâmica da picape. Mas a aceitação ou decepção com esta renovação tem a ver com expectativas. A picape da Volkswagen tem um grande potencial de melhoria, que não pôde ser aproveitado devido à idade da plataforma. Por outro lado, muitas dessas melhorias só seriam desfrutadas nas versões de topo da gama.