Equilíbrio de ações
Crossover da Chevrolet entra na briga encarniçada dos SUVs médios elétricos
Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Há poucas semanas, a Chevrolet lançou os novos Equinox EV e Blazer EV em diversos países América do Sul, Brasil inclusive. E até que foi um processo rápido. O crossover 100% elétrico foi apresentado oficialmente em janeiro de 2022, na Consumer Eletronics Show de Las Vegas, com a intenção de ter suas vendas iniciadas no segundo semestre de 2023. De fato, no entanto, o modelo só começou a ser distribuído às concessionárias em maio de 2024. E em menos de seis meses já está disponível no Brasil, por valores a partir de R$ 419.990. É uma faixa de preço bem povoada entre SUV/crossovers elétricos. Entre R$ 360 mil e R$ 450 mil estão BMW iX1 e iX2, Mercedes-Benz EQA e EQB, Volvo C40 Recharge e XC40 Recharge, Kia EV5 e Hyundai Ioniq 5. Curiosamente, não há chineses nesse segmento.
O Equinox EV se junta à família de veículos movidos a bateria da Chevrolet desenvolvida na plataforma Ultium da General Motors específica para carros elétricos. Embora globalmente seja oferecido com dois níveis de potência e tamanhos de bateria, no Brasil está disponível na versão mais alta, que integra dois motores elétricos, um por eixo, e tração AWD. No total, o sistema entrega 292 cv de potência e 46,0 kgfm de torque. A bateria de 85 kWh líquidos oferece até 443 km de autonomia, segundo o InMetro. Oferece um sistema de carregamento rápido de até 150 kW de potência, que permite recuperar 100 km de autonomia em 10 minutos.
Em relação ao design, o Equinox EV é menos marcante que, por exemplo, o do Blazer EV, mas ainda assim tem linhas elegantes e modernas, com uma silhueta bastante esportiva. A enorme grade é fechada e acima dela, unindo dois faróis muito finos, há uma faixa de led que percorre toda a largura da frente – elemento que aparece nos novos modelos elétricos da marca. Este design é replicado na parte traseira, embora com lanternas um pouco maiores.
O Equinox EV chegou ao Brasil em versão única. Como destaque, ela traz rodas de alumínio de 19 polegadas, maçanetas embutidas com sensores, teto panorâmico. A central multimídia usa sistema Google em tela de 17,7 polegadas e tem sistema de navegação interno, espelhamento sem fio de Apple CarPlay e Android Auto e câmera 360º. Na mesma moldura, o painel de instrumentos digital configurável usa uma tela de 11 polegadas. Tem ainda serviço telemático OnStar com Wi-Fi integrado.
O SUV elétrico da Chevrolet é bem completo em itens de conforto também. Ele traz suspensão independente em ambos os eixos, freio de estacionamento elétrico, iluminação interna configurável, ar-condicionado duplo, bancos dianteiros com ajuste elétrico e aquecidos. Tem ainda sensor de proximidade para travas e ignição e tampa do porta-malas com abertura elétrica por sensor e faróis de led com controle automático.
Na parte de segurança ele traz os recursos ADAS mais presentes nas camadas mais altas do mercado, como controle de cruzeiro adaptativo, airbags frontais, laterais e de cortina, detecção de pedestres, ciclistas e veículos à frente e nas laterais, alerta de colisão com frenagem de emergência automática, monitor de faixa, leitor de placas de velocidade e farol alto automático.
Impressões ao dirigir
Suave na nave
A primeira coisa que chama a atenção quando se entra no Equinox elétrico é o enorme interior. Maior até do que as suas dimensões externas poderiam indicar. Apesar do design mais esportivo, que rebaixa o teto na área da cabeça nos bancos traseiros, o espaço ainda é bem generoso. O acabamento é caprichado, com bons materiais. O porta-malas é o esperado para o segmento, mas a surpresa é que ao contrário, de outros carros elétricos, o Equinox não possui frunk, ou porta-malas dianteiro. Os bancos dianteiros são confortáveis.
O interior impressiona pelo enorme console que contém o painel de instrumentos com tela de 11 polegadas e a tela central de 17,7 polegadas. A central responde de forma rápida e suave às solicitações e uma fila de comandos de toque digital na parte inferior facilita o acesso direto a muitas funções. O sistema de navegação do Google dá acesso aos recursos oferecidos pela big-tech. Um ponto fundamental: há um painel de botões físico com duas rodas para operar o controle climático e adiciona um grande botão para o volume do áudio. Os mapas também podem ser exibidos no cluster de instrumentos.
Como um bom carro elétrico, não existe botão de ignição: basta tocar no pedal do freio para ativar os sistemas. Não há alavanca de câmbio convencional, mas apenas uma haste na coluna de direção que cumpre essa função – o que libera espaço entre os bancos dianteiros. O Chevrolet Equinox EV funciona mais ou menos como todos os carros elétricos, proporcionando aceleração instantânea do zero, muita suavidade de condução e silêncio na operação do carro.
Na estrada, é confortável, com direção bem equilibrada que oferece um passeio luxuoso. A suspensão é macia demais, o que torna a condução mais esportiva limitada pela rolagem da carroceria. O que surpreende são as retomadas muito contidas. É como se não tivesse força, ou se fosse um modelo a gasolina. E são 286 cv nesta versão de dois motores, mas parece ter muito menos.
Não é um veículo elétrico nervoso, mas é eficiente. O modelo está homologado para uma autonomia de 443 quilômetros com uma carga de bateria de 85 kWh. Dirigimos mais de 250 km por Los Angeles, entre rodovias e ruas, e o sistema apontava 50% de carga restante. Várias configurações de frenagem regenerativa, incluindo um modo de direção com one-pedal, ajudam muito recuperar carga durante a condução. Aliás, a grande vantagem deste modelo é a eficiência de suas baterias Ultium – principalmente se comparadas às LGs que equipavam o Bolt.