Além da tradição
BMW M5 de nova geração vira um supersedã híbrido com mais de 700 cv
por Mauricio Juárez
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O BMW M5 nasceu de uma frase curta, mas poderosa: “E se”. Bem, os engenheiros por trás dele literalmente se perguntaram: “E se colocarmos o motor de um carro esportivo no Série 5 e ajustá-lo para se comportar como um carro esportivo?”. A resposta que eles tiveram mudou o segmento de sedãs executivos e a própria marca para sempre. O que se criou foi um dos modelos mais importantes e emblemáticos de toda a indústria automotiva. Em 2024, essa movimentação completou exatos 40 anos e é também o ano em que a sétima geração do modelo chegou ao mercado. No Brasil, o M5 foi vendido até a linha 2022 e deve retornar em 2025, por um valor próximo a R$ 1,15 milhão (o dobro do preço de um 530e M Sport).
A nova direção de design da BMW vem adotando um estilo que valoriza a solidez dos volumes, com linhas menos marcadas e poucos detalhes na carroceria. Especialmente porque traz discretíssimas mudanças em relação ao já conhecidos Série 5 e i5. As mudanças foram leves, mas perceptíveis, e conseguiram dar ao sedã o visual discreto e agressivo digno de um M5.
A mudança mais marcante se deu nos para-choques. Na frente, a tradicional grade bipartida se separa da entrada de ar inferior, enquanto no Série 5 elas são fundidas. A grade, aliás, é tão fechada que lembra a versão elétrica do modelo. Na traseira, o extrator fica maior, até para acomodar as quatro saídas de escape, e forma a parte pintada forma uma espécie de quilha. Os traços gerais são mais simples, mas tornaram este novo M5 marcante.
Nas laterais, as saias deixam de ser pretas e assumem a cor da carroceria. As rodas, por sua vez, são gigantes: 20 polegadas na frente e 21 na traseira. Para acomodá-las foi preciso abrir os arcos das rodas, quase eliminando a moldura presente nas outras versões da gama. A aparência geral é ameaçadora. Como parte do visual exclusivo deste M5, as capas dos retrovisores, o teto, o spoiler são em fibra de carbono. Há ainda um kit visual para escurecer os detalhes externos.
Apesar de não parecer maior, este supersedã cresceu 3,6 cm de comprimento e 7 cm de largura. A distância entre-eixos cresceu 1 cm, por conta de um sutil reposicionamento dos eixos e das novas buchas de suspensão. As dimensões ficaram em 5,10 metros no comprimento, 1,97 m na largura, 1,51 m na altura e 3,01 m no entre-eixos. A distância para o solo é de exíguos 12,7 cm e o porta-malas comporta 467 litros.
Por dentro, o novo M5 injeta todo um tratamento BMW M ao design e recursos do tradicional Série 5 e i5. Ou seja: inserções de fibra de carbono, volante esportivo, bancos tipo concha, botões M1 e M2 e dezenas de outros detalhes esportivos que deixam claro que não se trata de qualquer sedã executivo de luxo. Em relação aos materiais e acabamentos, a qualidade é impecável, mas como nos modelos mais recentes da marca, o M5 peca em relegar um grande número de elementos, tanto no painel como nas portas, para controles táteis nas telas. Isso torna algumas operações mais complexas até por exigiram maior atenção no uso.
A central multimídia manteve a tela de 14,9 polegadas e traz dezenas de aplicativos e menus com tantos elementos que acabam ficando confusos por serem comandados sempre diretamente por sistema touch. Apesar disso, o sistema operacional BMW 8.5 é um dos mais rápidos da indústria. Específico para os modelos M, há um novo menu de personalização para os modos de condução mais agressivos para selecionar entre mais de 10 opções de ajuste do modelo, desde os mais macios, ideal para uso na cidade, até os mais rígidos, para condução mais agressiva. Mesmo no ponto mais macio, no entanto, a suspensão ainda é firme.
Os gráficos no painel de instrumentos e no head-up display são claros e úteis. E deixam claro que se trata de um carro especial. O mesmo acontece com a iluminação ambiente, que na Série 5 se expande de porta a porta na frente e passa por todo o console frontal. No mais, o modelo é completo, tem ótima conectividade e ainda conta com áudio Bowers & Wilkins de alta qualidade. O espaço é aceitável, mas não deixa a impressão que é um veículo com mais de 5 metros de comprimento. Houve algum sacrifício no conforto, para acomodar tudo que torna o M5 especial.
Impressões ao dirigir
Esportivo mal-disfarçado
Os números da nova geração do BMW M5 são impressionantes, tanto em potência quanto em peso. O motor híbrido composto por um tradicional V8 biturbo com 4.4 litros de 585 cv com um motor elétrico de 197 cv, que combinados geram 727 cv e robustos 102,0 kgfm distribuído nas quatro rodas. O modelo conta com uma bateria de 14,8 kWh, que dá uma autonomia de 40 km (28 km nos padrões do InMetro). Esse conjunto leva o modelo de 2.445 kg de zero a 100 km/h em 3,5 segundos, com máxima limitada a 250 km/h de série e a 305 km/h com o M Drivers Package.
O BMW M5 se tornou um híbrido plug-in com a intenção de dar sobrevida a um nome tão importante, pioneiro em combinar alto desempenho e alto padrão, ao mesmo tempo cumprindo os mais rígidos padrões de emissão atuais. Não havia outra solução, mas pelo menos a eletrificação apoia o desempenho mais do que o torna um carro verde. No entanto, a adição de um motor elétrico à caixa de câmbio de oito velocidades e as melhorias relevantes dessa nova geração deram ao novo M5 mais de 500 kg de peso. Apesar disso, o novo M5 com este torque elétrico instantâneo é mais rápido que o modelo da sexta geração.
No entanto, esse aumento de peso se torna bem perceptível nas curvas, pois o deslocamento da massa obedece impreterivelmente à física. Este M5 tem uma suspensão muito mais elaborada, com um eixo dianteiro de braço duplo que maximiza o controle para manter a melhor área de contato desses pneus. A equipe de engenharia também recalibrou a entrega de potência, o controle eletrônico de estabilidade, o controle de tração e a vetorização de torque para oferecer a maior agilidade possível.
O trabalho tem sido tal que mesmo sendo um AWD com prioridade para o eixo traseiro, a engenharia conseguiu manter a capacidade de desviar 100% de sua potência para a traseira, caso o usuário deseje uma experiência de esportividade mais pura. Muito desse desenvolvimento foi apoiado pelo que a marca aprendeu nas corridas, já que a gestão de potência e de recuperação tem coisas em comum com o desenvolvido para o BMW M Hybrid, no Campeonato Mundial de Endurande, o WEC, e na IMSA, campeonato de protótipos disputado nos Estados Unidos.
A caixa de câmbio ZF de 8 velocidades reage muito rápido e vale a pena comparar o impulso que o carro tem com o exibido por alguns carros elétricos de alto desempenho. Tudo isso enquanto seu V8 continua a animar a ocasião. A direção é muito rápida e tem o peso certo, enquanto a suspensão adaptativa ajuda tanto a manter um nível bom de conforto quanto a explorar toda a agressividade para um esportivo desse calibre. O resultado é um carro brutalmente rápido e divertido, mas no qual sem dúvida, o peso é perceptível desde o início.