Tradição com pimenta
Peugeot reativa versão GTi no e-208 com foco na esportividade e dirigibilidade
por Eduardo Rocha
Auto Press
A Peugeot decidiu reencarnar no e-208 a icônica linha GTi, nascida há mais de 40 anos no hatch hot compacto 205 – e depois usada tanto em sucessores, como 206, 207 e 208, como também em modelos médios, como 306. O GTi fez tanto sucesso na época que se manteve sem grandes alterações entre 1984 e 1994. O novo modelo se diferencia do e-208 GT, vendido no Brasil até 2023, bem mais do que o simples acréscimo de uma letra à sigla. O e-208 GTi tem mais que o dobro da potência: são 280 cv contra 136 cv do e-208 GT. É um número superlativo para um carro que pesa 1.600 kg. Resultado: relação peso/potência de 5,7 kg/cv. Esse número se repete na aceleração de zero a 100 km/h: 5,7 segundos.
O Peugeot e-208 GTi é o primeiro compacto esportivo elétrico da marca. O trabalho dos engenheiros em Satory e designers da Peugeot Sports em Vélizy, nos arredores de Paris, deram ao modelo uma postura mais agressiva e firme na estrada. A carroceria foi rebaixada em 30 mm e as bitolas foram alargadas em 5,6 cm na frente e 2,7 cm atrás. Um spoiler foi adicionado à parte inferior do para-choque dianteiro. Um extrator traseiro, abaixo do para-choques, aumenta a velocidade de saída do ar e ajuda a criar baixa pressão sob do carro. Ele traz uma pequena luz de neblina em led.
As rodas, que calçam pneus Michelin Pilot Sport Cup 2, na medida 215/40 R18, apimentam ainda mais o visual e a capacidade de enfrentar curvas do compacto. O desenho, com grandes furos próximos à borda, faz referência ao GTi original e ajudam no resfriamento dos freios – que traz discos dianteiros com diâmetro de 355 mm e pinças fixas de 4 pistões. Os arcos das rodas foram alargados para acomodar as bitolas mais largas e são sublinhados com uma linha vermelha, numa outra referência ao 205 GTi. A parte inferior foi alargada para dar espaço aos pneus.
A engenharia da Peugeot Sports mexeu também no chassi, com reforços para suportar a potência direcionados para as rodas dianteiras e também recursos como diferencial de deslizamento limitado, para permitir um melhor controle sobre as reações do motor elétrico de 280 cv e 35,2 kgfm de torque. Por outro lado, no modo de condução Sport, são desconectados os sistemas de assistência ao condutor, para torna o esportivo mais raiz.
O propulsor é fabricado em Trémery, no Leste da França, numa planta histórica de motores da PSA, reformulada pela Emotors – joint-venture entre a Stellantis e a Nidec Leroy-Somer. A bateria, fornecida pela chinesa CATL, tem 54 kWh e promete autonomia de 350 km. A recarga, partir de uma wallbox de 7,4 kW, pode ser feita em 4 horas e 40 minutos. Em um carregador de 100 kW, a bateria recupera 60% da carga em 30 minutos.
A Peugeot escolheu a mesma cor vermelha, que se popularizou no 205 GTi original, para dar o tom no e-208 GTi. Há pequenos toques aplicados em vários pontos do modelo: na grade, em torno dos emblemas da marca, nos faróis, nos arcos das rodas, nas pinças de freio dianteiras, sob o spoiler traseiro, nas costuras que se estendem pelo painel de instrumentos, tapetes, cintos de segurança e também nos bancos. Estes recebem um design esportivo – com encostos de cabeça integrados, presta homenagem ao design dos bancos do 205 GTi 1.9, criado em 1986.
No habitáculo, o passado ficou para trás. Aqui o conceito i-cockpit é dominante. O pequeno volante, achatado na base e no topo, apresenta couro vermelho perfurado combinado com Alcântara e um emblema central também em vermelho. Os gráficos do painel de instrumentos digital e da tela da central multimídia trazem dados específicos sobre a performance. O sistema Peugeot i-Connect Advanced tem navegação nativa da TomTom, reconhecimento de voz e espelhamento sem fio de Apple CarPlay e Android Auto.