
Visual de valor
Volkswagen Nivus ganha estilo mais esportivo com o pacote Outfit
por Eduardo Rocha
Auto Press
O pequeno Volkswagen Nivus nasceu 2020 para ser o SUV de entrada da marca, logo abaixo do T-Cross. Com pouco investimento e muita criatividade – o modelo é baseado no Polo – a primeira função foi ocupar o espaço das versões aventureiras de carros comuns, como Cross Fox ou Cross Up, que já não convenciam ninguém. Com a decisão de criar o Tera para ocupar o lugar do Gol, o Nivus foi empurrado para cima. Na preparação para a chegada do novo SUV de entrada da marca, o Nivus renovou o visual, ampliou o conteúdo e ganhou até um pacote com visual mais sofisticado, chamado de Outfit.
A reestilização do Nivus mudou faróis, que ficaram mais finos, alinhados com a nova grade, também mais estreita, para se alinhar ao novo face-family internacional da marca. A traseira também foi renovada. A grossa guarnição em preto brilhante que conectava as lanternas deu lugar a uma barra luminosa de conexão e uma nova distribuição das seções de luzes internas, inspiradas na usada no Nivus europeu, rebatizado de Taigo por lá. Por dentro, a novidade ficou com a renovação da central multimídia, que manteve as mesmas 10,1 polegadas, e o novo desenho dos bancos.
O pacote Outfit, presente na versão avaliada, custa pouco mais de R$ 3 mil e é disponível apenas para a versão Highline. Ele traz teto, retrovisores e maçanetas em preto brilhante, rodas aro 17 escurecidas, bancos com revestimento em couro sintético azul e cinza, barras no teto em preto e detalhes em azul no interior e forração do teto em preto. Por fora, a cor é a chamativa Azul Turbo.
Um segundo pacote, chamado de ADAS, que custa pouco mais de R$ 4 mil, adiciona recursos como assistente de faixa e sensores dianteiros e traseiros, câmera multifuncional, detector de ponto cego com assistente de saída de vaga. Esses itens de segurança se juntam a outros já presentes como controle de cruzeiro adaptativo, sensores de chuva e luz, espelho interno eletrocrômico e detector de fadiga do motorista. Completo, como a unidade testada, o Nivus Highline Outfit, sai a R$ 170.590.
Sob o capô, a versão Highline traz o tradicional motor 1.0 turbo de três cilindros com 116 cv com gasolina e 128 cv com etanol. O torque é de 20,4 kgfm ou, como está estabelecido pelo padrão alemão, 200 Nm – daí definir a versão de 200 TSi. Ele trabalha acoplado a um câmbio automático de seis marchas, que conta com paddle shifts no volante para mudanças manuais sequenciais (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – Embora a transmissão automática de seis velocidades tire um pouco da agilidade, o motor 1.0 TSI de três cilindros, de 116/128 cv e 20,4 kgfm com gasolina/etanol, é bem elástico. Mas não suplanta totalmente a condição de 1.0. Nas arrancadas, mantendo os giros altos, mostra algum vigor, mas nas retomadas a reação é um tanto lenta. A aceleração de zero a 100 km/h em 10/10,4 segundos é aceitável, mas não é nada esportiva, apesar do visual. Nota 7.
Estabilidade – O Nivus reflete na rolagem lateral o ligeiro aumento, de 14,9 cm do Polo para 17,1 cm do Nivus, na altura da livre para o solo. Em boa parte, essa diferença é sustentada pela suspensão de acerto rígido, típica da marca. Já a transferência de vibrações e irregularidades é amenizada pelos pneus com bastante borracha, com pneus 205/55 R17, que têm flanco de 11,3 cm. Em pavimentos de boa qualidade, a estabilidade é excelente. Nota 8.
Interatividade –A central multimídia é bem rápida e se conecta com facilidade aos celulares. Por outro lado, ainda é inserida no console – nessa altura já devia ser flutuante – e manteve a lógica de economizar em botões. Pelo o volante multifuncional permite acessar as funções sem desviar o olhar do condutor. No mais, o SUV cupê tem os comandos nos lugares certos, o que facilita o convívio, mesmo com pouco familiaridade com o modelo. Nota 8.
Consumo – O Nivus Highline 200 TSI é 84 kg mais pesado que o Polo Highline e isso se aparece com um consumo de 1 a 4% maior. As médias, segundo o InMetro, foram de 8,6 e 10,3 km/l na cidade e de 12,4 e 14,8 km/l na estrada, com etanol e gasolina. No Inmetro, isso equivale às notas B na categoria e C no geral. Nota 7.
Conforto – Em pisos irregulares, a suspensão rígida é um pouco incômoda. Já os bancos, embora firmes, ficaram mais ergonômicos. O espaço interno nitidamente privilegia os passageiros da frente, embora não sacrifique demais quem vai atrás. Já o isolamento acústico é razoável. Nota 7.
Tecnologia – O Nivus Highline foi pioneiro entre compactos em relação a diversos recursos, mas nos cinco anos de mercado foi ultrapassado por todos os rivais. Agora o modelo equilibrou o jogo, com a introdução de alguns recursos ADAS, mesmo que em pacote de opcionais. O motor 1.0 turbo foi sendo refinado e hoje é mais econômico que na época do lançamento e se mostrou extremamente confiável e durável. Nas tecnologias de conexão, está bem atualizado. Nota 8.
Habitabilidade – O espaço interno oferecido pelo Nivus é o mesmo de um hatch compacto, uma vez que o habitáculo é o mesmo do Polo. De qualquer forma, suporta bem quatro ocupantes e tem um ótimo porta-malas, de 415 litros, principalmente por conta do grande balanço traseiro, 21 cm maior que o do Polo. Como é ligeiramente mais alto que o hatch, o acesso ao habitáculo é também um pouco melhor. Nota 7.
Acabamento – Os carros da Volkswagen, em geral, não são exemplos de refinamento. No caso do Nivus Highline e é mais caprichado com o pacote Outfit, a impressão é melhor. Os revestimentos internos em couro sintético de boa qualidade em parte compensam o excesso de plásticos rígidos das guarnições. Nota 7.
Design – Apensar de ter cinco anos de mercado, as linhas do Nivus ainda parecem modernas e atraentes. A nova frente e a traseira retrabalhada valorizaram o perfil de cupê. Os traços, no entanto, ainda correspondem ao estilo que a Volkswagen vem abandonando, com linhas retas e sulcos marcados – os novos trazem superfícies mais suaves e orgânicas. Nota 8.
Custo/benefício – O Nivus Highline segue a lógica da marca, de ter modelos mais caros que seus concorrentes diretos. A versão começa em R$ 163.290 e chega completo a R$ 170.590. Hoje ele tem rivais como o Fiat Fastback, que tem preço próximo, e Citroën Basalt, bem mais barato. Nota 7.
Total – O Nivus Highline Outfit somou 74 pontos de 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Personalidade própria
Não há dúvida que a troca das versões aventureiras dos modelos compactos por SUVs de entrada, com personalidade própria foi um ganho. Aliás, é preciso dar o crédito ao Honda WR-V, pioneiro nessa transformação na linha de cupês que fez do Polo um Nivus, do Fiat Cronos um Fastback e do Citroën C3 Aircross um Basalt. E embora o conceito de estética seja individual, não há como não enxergar que esses SUVs cupês de entrada tem um potencial maior para agradar visualmente. Com a mudanças de meia-vida, o Nivus conseguiu valorizar ainda mais esse aspecto.
O motor 1.0 TSi de 116/128 cv, com gasolina e etanol, lida bem com os 1.238 kg do Nivus Highline, mas a própria relação peso/potência, entre 9,7 e 10,7 kg/cv, deixa evidente que não se deve esperar esportividade. Para o uso normal e indicado, o Nivus acelera bem, mas sofre um pouco nas retomadas – até porque o câmbio automático de seis velocidades não é tão ágil. Dinamicamente, ele se destaca na hora de encarar curvas, as quais contorna com facilidade, com rolagem lateral bem controlada. A boa estabilidade vem da plataforma MQB A0 de segunda geração, que é leve e rígida, mas também pela suspensão firme. O efeito colateral é o conforto ligeiramente comprometido em pisos irregulares – nada dramático.
O interior mostra um capricho maior no acabamento com o pacote Outfit, inclusive com materiais que aparentam boa qualidade – apesar da textura dos plásticos do tipo orvalho, que é antiga e pouco atraente. A impressão geral melhora com os bancos e tablier com revestimento em couro sintético. Em relação aos recursos tecnológicos, houve um incremento – vendido como opcional na versão Highline – com monitor de ponto cego, sensor dianteiro e alerta de faixa.
Ficha técnica
Volkswagen Nivus Highline Outfit 200 TSI
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, com três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré com paddle shifts no volante. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração e bloqueio automático do diferencial.
Potência máxima: 116/128/ cv a 5.500 rpm com gasolina/etanol.
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,4/10,0 segundos (gasolina/etanol).
Velocidade máxima: 192/192 km/h (gasolina/etanol).
Torque máximo: 20,4 kgfm entre 2 mil e 3.500 rpm.
Diâmetro e curso: 74,5 mm X 76,4 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira por eixo interdependente com braços longitudinais com molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira.
Pneus: 205/55 R17.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,27 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,50 m de altura e 2,57 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cabeça de série.
Peso: 1.238 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 415 litros.
Tanque de combustível: 52 litros.
Produção: São Bernardo do Campo, São Paulo.
Preço da versão Highline: R$ 162.290.
Preço da versão avaliada: R$ 170.590.