O impulsivo Abarth

Pulse Abarth 2026 fica mais discreto no visual, mas continua exibido no desempenhoThe post O impulsivo Abarth appeared first on MotorDream.

O impulsivo Abarth
Foto: Eduardo Rocha
O impulsivo Abarth
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Esportividade bruta
Pulse Abarth fica mais discreto no visual, mas mantém desempenho exibido
por Eduardo Rocha
Auto Press
O Pulse Abarth quebrou um antigo mau hábito da indústria brasileira. Isso porque trata-se de um verdadeiro esportivo em um mercado que tinha de se contentar com falsos brilhantes. Com raras exceções, em geral importadas, os modelos passavam por um banho de loja, adotavam a motorização mais forte da gama e se propagandeavam como capazes de despejar adrenalina em quem estava ao volante. O Abarth quebrou esse padrão ao exibir um fôlego muito superior às demais versões da gama do Fiat Pulse.
Isso, claro, se reflete no preço. O Abarth sai por iniciais R$ 157.990, ou R$ 11 mil a mais que o Pulse Impetus Hybrid. O abismo de desempenho entre as duas versões é tão grande que a Fiat nem se incomodou em mudar muito na linha 2026, para acompanhar o levíssimo face-lift de meia-vida. O Pulse Abarth 2026 ganhou uma frente nova, com grade, entradas de ar, para-choque redesenhados, em torno dos mesmos faróis.
A grade que ostenta o nome da preparadora de origem austríaca passou ganhou um contorno com cantos mais vivos e aletas verticais com um tracejado em vermelho na base. A entrada de ar inferior também ganhou aletas verticais, enquanto as entradas na lateral do para-choque têm agora um faixa, também vertical, em vermelho. Nas laterais, as capas dos retrovisores deixaram de ser vermelhas e agora são em preto brilhante. A faixa na base das portas perdeu a vez e os 10 raios das rodas de 17 polegadas passam a ser duplos. Na traseira, nada denuncia a mudança de ano/modelo.
Do lado de dentro, o crossover ganhou teto solar panorâmico e um acabamento em couro pespontado na parte do console frontal onde está presa a placa com a logomarca da Abarth. Mudou também o padrão do revestimento dos bancos. As faixas pespontadas deram lugar a um assento com faixas em relevo na diagonal e o encosto com uma referência ao escorpião da Abarth.
Afinal, para ostentar a assinatura da preparadora, o Pulse Abarth traz muitas modificações na parte mecânica. O motor é o GSE 1.33 Turbo, ou T270, com quatro cilindros, 1.33 litro, 16 válvulas, turbocompressor de baixa inércia e válvula de alívio. Ele rende 180/185 cv com gasolina e etanol e 27,5 kgfm com ambos os combustíveis. Isso representa 42% a mais de potência e 35% a mais de torque que a versão Impetus, que já tem um desempenho convincente. O comando único no cabeçote aciona as válvulas de escape, enquanto as válvulas de admissão são controladas eletronicamente pelo sistema eletro-hidráulico MultiAir III – capaz, inclusive, de alterar a taxa de compressão efetiva, mantendo a válvula fechada ou aberta por mais tempo. A alimentação é por injeção direta de combustível e o motor recebeu uma calibração específica para privilegiar a performance.
O câmbio é automático de seis marchas e tem uma calibração para ficar mais rascante e mais rápido nas trocas. A direção também tem uma calibração específica, para ser mais direta. São três modos de direção, que alteram a resposta do acelerador e do câmbio, altera o peso da direção e o mapeamento do motor: Normal, que busca suavidade, Manual/Sport, que dá mais intensidade ao modelo, e o Poison, que libera toda a agressividade do conjunto. A diferença ao se apertar o botãozinho vermelho no volante é intensa. O motor e o câmbio ficam mais reativos e é possível reduzir o tempo de aceleração em até 40%, se comparado ao modo Normal. A direção fica mais pesada e o sistema de vetorização de torque e o controle de estabilidade ficam mais ativos. Faltou apenas incluir freios a discos no eixo traseiro – são a tambor.
O Pulso Abarth é uma vitrine tecnológica e, como tal, traz de série todos os recursos disponíveis na linha. A lista é grande: câmera de ré, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro com gráfico de aproximação no painel, ar automático digital, faróis e lanternas em led, recursos ADAS (embora seja um pacote curto), farol alto automático, airbags frontais e laterais (falta o de cabeça), painel digital de 7 polegadas, central multimídia com tela touch de 10,1 polegadas com espelhamento sem fio, carregador por indução, chave presencial para travas e ignição e plataforma de serviços conectados Connect Me. O único opcional é a cor, entre branco, vermelho, preto e cinza, todas com teto preto.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor T270, de até 185 cv, é capaz de gerar uma enorme animação no Pulse Abarth. Trata-se de um motor elástico, com um torque de 27,5 kgfm, que não sente o peso de 1.293 kg do modelo, e que fica à vontade em giros altos. Com uma relação peso/potência abaixo de 7 kg/cv, o carrinho faz de zero a 100 km/h em 7,6 segundos com etanol e alcança 215 km/h. Por ser tão girador, o motor apresenta um turbo lag incômodo em uso mais prosaicos, como no trânsito urbano. Na estrada, por outro lado, o crossover está no seu elemento. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão do Pulse Abarth tem uma geometria específica, para suportar a grande disposição da motorização, com molas e amortecedores mais rígidos e conjunto de rodas e pneis mais esportivos. Os movimentos de carroceria ficaram mais controlados e a capacidade de filtrar as irregularidades diminuiu, mas a rodagem ainda oferece conforto, que se presta ao uso mais cotidiano. Por outro lado, é preciso forçar bastante para provocar uma rolagem lateral mais acentuada. Nota 9.
Interatividade – No volante, há um botão vermelho, Poison (veneno) que injeta ainda mais esportividade ao crossover. E essa é uma interação que interessa diretamente quem se dispõe a colocar um carro com a assinatura Abarth na garagem. O modelo tem ainda outros dois modos de condução: Sport, que é um pouco menos agressivo que o Poison, e o normal, que não é tão normal assim. Cada um desses modos aciona um estilo diferente no painel configurável de 7 polegadas, com informações específicas – no Poison, há medidor da pressão do turbo e da força G. No mais, o modelo tem central multimidia com tela de 10,1 polegadas e espelhamento de celular sem fio, GPS interno, ar automático etc. O pacote ADAS é bem reduzido – tem apenas alerta de colisão com frenagem autônoma, monitor de faixa e farol alto automático. Nota 8.
Consumo – O Pulse Abarth T270 ainda é beberrão, mas ficou mais econômico com a configuração para o Proconve L8. Ele registrou no InMetro médias de 7,2/8,8 km/l com etanol e 10,5/12,2 km/l com gasolina, na cidade/estrada. É um consumo cerca de 5% mais econômico no regime urbano, sem alteração no uso rodoviário. A nota na categoria melhorou de D para C, enquanto no geral ficou no mesmo C. Nota 6.
Conforto – A suspensão é um pouco mais rígida que as versões mais mansas do Pulse, mas ainda há uma boa dose de conforto para os ocupantes. Os bancos são ergonômicos e têm bom apoio lateral, mas na busca pelo melhor posicionamento, falta ajuste de distância no volante. O isolamento acústico é bem dosado, bloqueando os ruídos uso mais calmo e deixando o ronco do motor entrar em giros mais altos. O propulsor apresenta um nível alto de vibração, que incomodaria se a vocação do Abarth não fosse ser mais agressivo. Nota 7.
Tecnologia – Não houve qualquer mudança nesse aspecto na linha 2026. Ao lado do motor superdimensionado, o Pulse Abarth já trazia um bom nível de equipamentos para o segmento de SUVs compactos. Tem uma central multimídia com boa conectividade, um pacote de recursos ADAS razoável e diversos itens de conforto. Já o sistema de freios demandava uma evolução, já que o carro traz tambores no eixo traseiro. Nota 7.
Habitabilidade – O Pulse Abarth ganhou um teto solar panorâmico, que incrementou a vida a bordo. Em relação às dimensões, trata-se de um Argo com a cabine mais alta, o que se reflete positivamente no espaço interno, pois permite uma postura mais vertical dos ocupantes. O espaço é generoso para pernas, cabeças e ombros, principalmente na frente, mas o porta-malas é apenas razoável, com 370 litros A altura do veículo facilita a entrada e a saída. Nota 8.
Acabamento – A não ser pelo teto solar panorâmico, o Pulse Abarth sofreu apenas uma pequena alteração no interior: o console frontal ganhou um acabamento em couro pespontado logo, abaixo da faixa vermelha que corta o console frontal de fora a fora. Manteve os detalhes que identificam a versão, como o emblema de espião no miolo do volante e a plaquinha com o emblema da Abarth pregada no console. O revestimento das colunas e do teto em preto combinam bem com a proposta do modelo. Nota 9.
Design – As linhas do Pulse normalmente não impressionam, mas ganham uma certa força nessa versão Abarth. Principalmente pela aplicação de acabamentos e detalhes dão um ar agressivo ao SUV compacto. Em geral, as linhas são equilibradas e agradáveis. O teto escuro é um modismo que já se consolidou no mercado. Nota 7.
Custo/benefício – O Pulse Abarth é pensado como um modelo de vitrine. Ou seja: é pensado para brigar em um nicho que dificilmente vai ultrapassar os 5% das vendas do modelo. E o preço de R$ 157.990 (R$ 159.480 na unidade avaliada) é um dos motivos dessa proporção. O Nivus GTS poderia ser um rival, pois tem pegada esportiva, mas é destinado apenas a fãs fiel da Volkswagen, já que custa 15% a mais e tem 20% menos potência. Nota 8.
Total – O Fiat Abarth T270 2026 somou 78 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
SUV nervosinho
A equação engendrada pela preparadora Abarth conseguiu dar ao Fiat Pulse um desempenho impactante sem sacrificar muito a vida a bordo. Ou seja: o Pulse Abarth é capaz de exibir um comportamento agressivo, mas não perdeu de vista que se trata de um crossover para usos normais. Para suportar o aumento de 42% da potência e 35% do torque, a suspensão foi reforçada e enrijecida e tanto os ruídos quando as vibrações ficaram menos contidas. O que, em casos como o do Pulse Abarth, se torna um atrativo.
Apesar dos níveis de ruídos e vibrações maiores, é preciso vigiar com atenção o velocímetro, pois o Pulse Abarth não dá muitos outros sinais de que está em velocidades muito além dos limites legais. O comportamento em retas é absolutamente neutro e as curvas são contornadas com uma inesperada ausência de rolagem lateral. Acionar o modo Poison intensifica ainda mais as qualidades desejável em um esportivo, como a firmeza da direção, agilidade do câmbio e subidas de giros rapidíssimas.
A não ser por comportamento, um tanto selvagem quando instigado, as funções normais de SUV/crossover compacto são bem cumpridas. O Pulse tem um espaço interno generoso para a categoria, com boa altura na cabine e espaço para pernas, bancos ergonômicos e um padrão de interatividade de bem interessante – inclusive com funções remotas através do Connect Me.
Ficha técnica
Pulse Abarth T270 2026
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 1.332 cm³, sobrealimentado por turbo, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote para as válvulas de escape e válvulas solenóides eletro-hidráulicos para acionar as válvulas de admissão (sistema Multiair III). Injeção direta multiponto de combustível.
Transmissão: Automático de seis marchas à frente e uma à ré. Tração dianteira com controle de tração.
Potência: 180 cv a 185 cv, com gasolina e etanol, a 5.750 rpm.
Torque: 27,5 kgfm, com gasolina ou etanol, entre 1.750 e 4 mil rpm.
Diâmetro X Curso: 70,0 x 86,5 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 7,6/8,0 segundos com etanol/gasolina.
Velocidade máxima: 215/214 km/h com etanol/gasolina.
Carroceria: Utilitário esportivo (SUV) com quatro portas e cinco lugares. Com 4,12 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,54 m de altura e 2,53 de distância entre-eixos. Altura mínima para o solo de 18,8 cm. Ângulo de 20º de ataque e de 27º de saída. Airbags frontais e laterais de série.
Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.
Freios: Dianteiro a disco ventilado com 284 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor refrigerado com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.
Pneus: 215/50 R17.
Peso: 1.293 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.
Porta-malas: 370 litros.
Lançamento: novembro de 2022.
Face-lift: junho de 2025.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Preço: R$ 157.990.
Preço da unidade testada: R$ 159.480.

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