A fórmula WR-V
Eduardo Rocha
A fórmula WR-V

Aposta na diferença

SUV da Honda chega com visual despojado, motor robusto e pegada aventureira

por Eduardo Rocha

Auto Press

Quando os SUVs entraram na moda, na década passada, a maioria das marcas tratou de criar versões aventureiras para tentar atrair o consumidor. Além de alguns parangolés visuais – como alargadores de para-lamas, para-choques mais robustos e faixas decorativas –, a maior diferenciação para as versões normais era, no máximo, a elevação da suspensão. Até que em 2016 a Honda apresentou o WR-V. Mais que uma simples versão do Fit com suspensão elevada, o modelo trazia frente e traseira remodeladas, que davam ao modelo uma personalidade própria. Foi a criação do SUV de entrada, segmento em que Fiat Pulse, Volkswagen Nivus e Renault Kardian se encaixam atualmente. Agora, a Honda trata de dar um passo além, com o novo WR-V. Apesar de compartilhar com o HR-V plataforma, arquitetura eletrônica e motorização, é um SUV com personalidade própria.

Os rivais do segmento podem muito bem ser classificados como crossover, mas o WR-V tem realmente cara de SUV. O design traz volumes blocados que criam a impressão de ser menor do que seus 4,33 metros de comprimento. A cintura alta, frente chapada, coluna traseira bastante grossa e aspecto robusto compõem um estilo típico de modelos off-road. Os conjuntos óticos são bem elevados – o dianteiro na linha do capô e o traseiro sublinhando o vidro.

De perfil, o modelo é tão encorpado que as rodas até parecem ter menos que suas 17 polegadas. O contorno da parte inferior da carroceria com molduras em preto faz o SUV parecer ainda mais elevado do que é – ele tem 1,65 metro de altura e distância livre para o solo de bons 22,3 cm, que geram ângulo de entrada de 17,4º e de saída de 27,2º.

Por dentro, o WR-V se vale da boa largura de 1,79 m e do entre-eixos de 2,65 m, medidas que geram tanto um bom espaço interno quanto um generoso porta-malas de 458 litros. O habitáculo traz elementos poligonais, como saídas de ar, console do ar-condicionado automático, a moldura do painel e o console central. Ao centro do painel está instalada uma tela flutuante de 10 polegadas para a central multimídia. O cluster de instrumentos é híbrido, com uma tela de 7 polegadas do lado esquerdo e um velocímetro analógico do lado direito. Segue uma linha estética clássica, em um cluster poligonal e gráficos analógicos para conta-giros e velocímetro.

O WR-V chega em duas versões, ambas atuando nas faixas média e superior do segmento de SUVs de entrada. A de entrada é a EX, que custa R$ 144.900 e traz iluminação full-led, sensor e câmera traseira, chave presencial para travas e ignição, volante multifuncional e revestimento dos bancos em tecidos. A configuração de topo é a EXL, que custa R$ 149.900 e acrescenta barras longitudinais no teto, carregador de celular por indução, faróis de neblina, revestimento dos bancos em couro e sistema myHonda Connect, que permite monitoramento remoto do veículo via aplicativo.

Ambas as versões ainda trazem de série um bom nível de equipamentos de segurança. O pacote Honda Sensing inclui recursos ADAS como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência e alerta de mudança de faixa e farol alto automático, além de seis airbags. Trazem ainda rodas de liga leve aro 17 com pneus 215/55, sensor de luz, volante multifuncional, sistema de áudio com quatro alto-falantes e multimídia com espelhamento sem fio através de Apple CarPlay e Android Auto.

Sob o capô, o WR-V traz o confiável motor 1.5 litro flex aspirado com injeção direta, com 126 cv e 15,5/15,8 kgfm com gasolina/etanol. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 11,5 segundos, com máxima de 175 km/h. Ele é gerenciado por um câmbio CVT com sete marchas pré-programadas, modo Sport, paddle shifts no volante e sistema que aplica freio-motor automaticamente em descidas. Segundo as medições do InMetro, o WR-V percorre 8,2/12 km/l na cidade e 8,9/12,8 km/l na estrada, com etanol/gasolina, índices que valeram nota B na categoria, C no geral e A em emissões. O novo WR-V é produzido em Itirapina, interior de São Paulo, tem seis anos de garantia total e está disponível em sete cores.

A Honda mantém o posicionamento já consolidado de marca semipremium. Ou seja: seus modelos já vêm sempre bem-equipados, com bom nível de acabamento e tecnologia atualizada. E o WR-V é também assim. Por isso, a disputa para ele começa a partir das versões intermediárias dos demais SUVs de entrada do mercado, com Pulse Impetus, Kardian Iconic e Volkswagen Nivus Comfortline.

Nesse confronto, o WR-V mostra algumas diferenças que podem ser vantagens competitivas importantes: é mais espaçoso, inclusive no porta-malas, tem motorização aspirada, mais robusta e simples, e a estética é mais identificada com SUVs do que com crossovers. É com o visual e a dinâmica que a Honda aposta que vai atingir seu público-alvo: jovens adeptos a atividades ao ar livre, muitas vezes encarando estrada de terra e até fora de estrada. Essa é a explicação da Honda para optar pela suspensão traseira por eixo de torção (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Impressões ao dirigir

Elementos combinados

A impressão de solidez que o WR-V causa à primeira vista encontra total correspondência quando ele é posto em movimento. O motor 1.5 aspirado de 126 cv conversa muito bem com o câmbio, que é tão bem escalonado – ou programado –, que se torna fácil esquecer que é um sistema CVT. O SUV tem arrancadas firmes e ganha velocidade de forma progressiva e rápida. No modo Sport, ele passa a atuar em giros mais altos e fica ainda mais vigoroso.

Outro ponto que chamou a atenção foi o acerto da suspensão. Para controlar o modelo com 22,3 cm de altura livre para o solo e 1,65 metro de altura, a Honda deixou o conjunto firme. Até para responder à proposta mais aventureira. Isso quer dizer que o modelo exibe rolagem bem discreta ao contornar curvas e em velocidades altas não há oscilações na trajetória. Ainda assim, o conforto não é comprometido. A suspensão consegue filtrar bem as vibrações e irregularidades do piso. Para isso tem três ajudas: pneus 215/55 R17, com flanco de 11,8 cm, bancos bem-estruturados, com diversos pontos de apoio, e a arquitetura com alta rigidez torcional.

Por dentro, o WR-V mantém o tom de despojamento. O material de acabamento em diversas partes é em plástico rígido Mesmo quando há revestimento em couro, como nos bancos e partes dos painéis das portas, a impressão é que a ideia foi oferecer resistência, e não requinte. A simplicidade dos comandos, com grande quantidade de funções ativadas por botões, reforça a personalidade descomplicada do modelo. São características que tendem a facilitar o caminho do novo WR-V até a garagem de um público mais jovem.

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