
BMW se reinventa
iX3 inaugura conceito Neue Klasse com soluções e dinâmica surpreendentes
por Esaú Ponce
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Em setembro passado que, após vários avanços, a BMW apresentou o novo iX3 ao mundo. Trata-se de um crossover extremamente importante para a marca, já que é seu primeiro carro elétrico construído sobre a plataforma Neue Klasse. Ela representa um divisor de águas para a marca, pois basicamente muda a forma de construir um carro de emissão zero. Com ela, a BMW se considera pronta para competir com os melhores não só da Europa, mas também dos Estados Unidos, Japão e até da China.
A apresentação mundial, na Espanha, revelou os detalhes desse crossover, cuja produção começou em outubro na fábrica de Debrecen, na Hungria, com lançamento na Europa programado para a primavera de 2026. Posteriormente, ele também será fabricado no México, na fábrica de San Luis Potosí, de onde será exportado para o mercado brasileiro – possivelmente no início de 2027 – para substituir o já cansado iX3 de primeira geração O preço não deve se distanciar muito dos atuais R$ 520 mil iniciais.
Esteticamente, o BMW iX3 2026 pode ser um pouco controverso ao estrear a linguagem visual da Neue Klasse, mas o fato é que ele se aproxima mais do conceito mais esculpido aplicado aos modelos mais recentes da marca. O modelo tem soluções que geralmente lembram o iX, mas em alguns aspectos elas trata-se de um refinamento, especialmente na frente.
A grade desaparece e, em seu lugar, há duas placas decorativas em preto, que trazem na extremidade os conjuntos óticos. Ao centro, aparece a clássica grade dupla, mas aqui é sem aberturas. A marca destaca uma inspiração no sedã esportivo Neue Klasse original de 1962, mas obviamente em um formato crossover. Na parte de trás, as lanternas horizontais trazem um desenho composto por faixas de led inclinadas.
O novo iX3 mede 4,78 m de comprimento, 1,90 mm de largura e 1,64 mm de altura. A silhueta é limpa, superfícies são largas e há detalhes como alças ocultas. A entrada de ar possui ventilações ativas. Em geral, o coeficiente de arrasto é reduzido para 0,24 Cx, o que é um valor muito bom para um veículo com essas características e dimensões.
Inicialmente, o novo BMW iX3 está disponível apenas na versão 50 xDrive, mas pode incorporar os pacotes M Sport ou M Sport Pro, com elementos que dão uma imagem mais agressiva. O conteúdo desses pacotes inclui itens com a assinatura M, como freios esportivos em vermelho, capas dos retrovisores e difusor em preto, bancos esportivos com logo M iluminado, cintos de segurança, volante esportivo com elemento de controle Shy Tech e logo M na projeção dos retrovisores externos. De série, as rodas têm 20 polegadas.
Lá dentro, respira-se a atmosfera esperada em um BMW. Há materiais nobres, como estofamento de couro nos bancos, painéis das portas, console central, painel e volante. O nível de personalização é muito bom e é possível escolher diferentes texturas e cores. Os plásticos duros aparecem na parte inferior da cabine e podem incomodar ou não, dependendo do grau de exigência do comprador. Se destacam ainda controle climático de três zonas, teto panorâmico e sistema de áudio da Harman Kardon.
Mas não tem jeito: a estrela do habitáculo é mesmo o BMW Panoramic iDrive. O sistema combina a nova interface da marca com projeção de informações em longa da base do para-brisa, tela central com design oblíquo e um head-up display 3D. Os dados mostrados se tornam um pouco redundante, mas a informação fica fácil de ler. O BMW Operating System X integra comandos de voz mais intuitivos, Quick Select e compatibilidade com Air Console ou aplicativos de streaming.
Os passageiros, tanto dianteiros quanto traseiros, viajam confortavelmente – mesmo no caso de cinco ocupantes no total. O teto panorâmico ajuda a incrementar a sensação de amplitude. O porta-malas oferece um espaço para 520 litros, ampliável para 1.750 litros. Como costuma acontecer nesses casos, temos um espaço no vão dianteiro, o tal frunk, que comporta 58 litros. O espaço interno é muito bom por conta da própria natureza da plataforma.
A BMW conseguiu fazer com que essa nova plataforma funcionasse apenas com quatro supercomputadores. Isso, além de reduzir o projeto em até 150 componentes, permitiu gerenciar melhor o processamento das informações sobre frenagem, aceleração e direção. A estrutura da carroceria combina um conceito de estrutura espacial em alumínio com um compartimento de passageiros em carbono. No toldo, as seções laterais e traseiras são usadas componentes resistentes à torção feitos de polímero reforçado com fibra de carbono (CFRP).
De série, o pacote ADAS inclui elementos como assistência de atenção, aviso de saída de faixa e reconhecimento de limite de velocidade e até de semáforos. O pacote Assistente de Direção Profissional inclui ainda assistência de direção e manutenção de faixa. O BMW iX obteve classificações cinco estrelas em todos os testes de colisão e segurança do Euro NCAP.
A mecânica do BMW iX3 50 xDrive traz o sistema BMW eDrive de sexta geração. Ele é composto por dois motores elétricos que juntos produzem 476 cv de potência e 65,7 kgfm de torque. A marca destaca que ela pode acelerar de zero a 100 km/h em 4,9 segundos, enquanto a velocidade máxima fica limitada a 210 km/h. O eixo traseiro utiliza um motor síncrono, enquanto o eixo dianteiro utiliza um novo motor assíncrono, que melhora a eficiência e reduz as perdas de energia em até 40%. Isso porque ele não tem ímã permanente e quando está desabilitado, não gera resistência à rodagem. Já o motor síncrono, mesmo desligado, produz arrasto.
Outro relevante do iX3 de segunda geração é sua nova bateria estrutural de 108,7 kWh, que permite uma autonomia de 717 a 805 km no ciclo WLTP, uma das maiores atualmente em um SUV elétrico. Essa bateria integra células cilíndricas e tecnologia de carregamento de 800V, o que também permite tempos de carga aprimorados tanto em corrente alternada quanto em carregamento rápido por corrente contínua.
Primeiras impressões
Além dos elétricos
Uma coisa é o que a teoria diz, outra é a prática. A experimentação do novo iX3 foi na costa da Andaluzia, em direção ao Circuito Ascari, em Málaga. A distância a ser percorrida, tanto ida quanto de volta, ultrapassava 220 km, então houve ocasião suficiente para entender a inovações do novo crossover elétrico da marca alemã.
Em vias públicas, a escolha foi pelo modo Eficiente ou Silencioso, que oferece um desempenho relativamente relaxado, pois é uma configuração mais voltada para o conforto. Ainda assim, tem força de sobra para enfrentar com confiança as estradas estreitas e exigentes das montanhas espanholas. Ainda assim em nenhum momento parece tão excessivamente macio quanto alguns veículos elétricos chineses ou americanos. No geral, os sentimentos são muito positivos.
Na pista de Ascari, embora o circuito tivesse a maior parte acessível, havia trechos para testes de slalom e de frenagem em curva. Muitos carros elétricos hoje se gabam de suas capacidades de aceleração, principalmente até os 100 km/h. Quando são levados para a pista, no entanto, mostram uma certa letargia para alcançar velocidades acima dos limites legais de rodovias. Esse não é o caso do iX3. Ele se comporta como um verdadeiro BMW Série 3, com aceleração vigorosa mesmo a partir de velocidades altas.
É realmente surpreendente como ele ataca as curvas rapidamente. A direção é boa e, sim, muito comunicativa. A suspensão, surpreendentemente, também transmite tudo o que acontece nas rodas. Mas o melhor é que o iX3 se move com uma facilidade que faz o condutor esquecer que ele pesa 2.835 kg. A sensação é de estar em um carro muito mais leve. Mesmo no exercício de slalom, ele demonstrou uma fluência rara entre veículos elétricos.
Também é notável o sistema de freios. Muitos carros elétricos de luxo sucumbem após algumas voltas no circuito, pois são pensados para se apoiarem dinamicamente no freio regenerativo, o que nem sempre funciona em pista. Mas essa fadiga não aconteceu neste BMW. Ele não só resistiu à demanda do circuito, como também resistiu ao exercício de frenagem em curvas, sem mostrar qualquer tipo de esgotamento.
Resumindo: muito da sensação esportiva do iX3 se deve a alguns fatores importantes. A primeira é que, como alguns rivais chineses, a bateria faz parte do chassi, então, além de proporcionar maior rigidez, o centro de gravidade é muito baixo. Além disso, tanto o motor elétrico dianteiro quanto o traseiro são levemente deslocados para o entre-eixos, o que concentra a distribuição de peso na parte central.