Peugeot 408 1.6 THP Flex: galã esquecido
Sedã tem qualidades, mas não consegue ter apelo para acompanhar nem o rítmo de vendas do irmão C4 Lounge
Pois é, o Peugeot 408 é um mero coadjuvante na briga entre os sedãs médios no Brasil. De acordo com os números da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos) teve apenas 114 unidades vendidas nos dois primeiros meses do ano, ante 9.240 do líder do segmento Toyota Corolla e 2.755 do Honda Civic , o segundo colocado.
Mas, quer saber? Considero o 408 um daqueles carros que podem entrar na lista dos bons que vendem pouco. Portanto, um dos injustiçados que temos por aqui. E que chega ser até confundido com o irmão C4 Lounge por alguns amigos frentistas, como aconteceu no posto perto da redação do iG Carros .
- “ Esse é o C4 Loung e, né? Legal esse carro”, comentou o simpático senhor de macacão e boné.
- “Não, amigo, é o Peugeot 408 ”, respondi.
- “Como é? Quatro, zero, oito?”, perguntou ele.
- “Sim, sim, isso mesmo”, confirmei.
Pelo visto, o Peugeot tem lá alguns sinais de que ficou meio esquecido, principalmente quando comparado ao C4 Lounge, que pode receber itens como partida por botão, faróis com lâmpadas de xenônio, o que o 408 não tem nem como opcional. Com visual atualizado em novembro último, o Peugeot é um carro bem espaçoso e com bom acabamento, principalmente na versão topo de linha Griffe avaliada, com destaque para os bancos revestidos de couro, bem estruturados e confortáveis, que têm apoios de braço não apenas para o motorista, mas também para o passageiro da frente.
Porém, fica inevitável a sensação de “dejà vu” no interior do carro por causa de uma longa lista de detalhes vindos do antigo 307, como maçanetas das portas, alavancas da coluna de direção (onde também estão os velhos conhecidos comandos satélite, do som e do piloto automático), chave canivete, limpadores de para-brisa, portas, entre outros. Além disso, as mudanças adotadas na linha 308 (e também no sedã 408 ) acabaram deixando algumas “cicatrizes”, como o vão onde ficava o antiquado mostrador digital do computador de bordo, substituído pela central multimídia com tela sensível ao toque, que teve que ser instalada no console central, o que acaba obrigando a olhar para baixo para comandá-la, o que é uma pena.
Sim, porque a central é completa e funciona bem. Tem até juke box de 16 Gb para músicas, vídeos e fotos, além de ser sensível ao toque e contar com GPS embutido. Faz parte do bom pacote de equipamentos de série do 408. Entre os destaques estão itens como controle de estabilidade (ESP), sensores nos dois para-choques para ajudar nas manobras de estacionamento, espelhos retrovisores rebatíveis eletricamente, porta-luvas refrigerado, luzes diurnas de LED dianteiras, teto solar e rodas de aro 17 diamantadas com pneus 225/45R apenas para citar os principais equipamentos.
Ok, agora vamos a um ponto importante, que torna o 408 um sedã médio interessante na comparação com seus principais rivais: o preço. Esqueça o valor sugerido pela tabela (R$ 88.590, no caso da versão topo de linha THP Flex). Se pechinchar e garimpar nas lojas, você consegue belos descontos. Conseguimos encontrar o THP Flex, de 173 cv, por R$ 79.990, o que é bem menos do que custam os três sedãs médios mais vendidos: T oyota Corolla XEi 2.0 (R$ 91.450), Honda Civic LXR 2.0 (R$ 83.700) e Nissan Sentra SL 2.0 (R$ 86.290). Claro, esse trio também pode ser encontrado com abatimentos, mas bem menores, por causa da antiga lei da oferta e da procura.
Portanto, se você dá mais importância à relação entre custo e benefício e precisa de um sedã bem equipado, com bom desempenho e seguro, pode considerar o 408 como uma alternativa, embora a questão do valor de revenda desfavorável também deva ser levada em conta. Entretanto, vai ser difícil encontrar algo parecido com tanto equipamento e com o fôlego do 408 THP Flex . O motor 1.6 turbo, de 173 cv e consideráveis 24,5 kgfm a meros 1.400 rpm responde bem desde as primeiras marcações do contagiros e funciona em harmonia com o câmbio automático de seis marchas.
COMO ANDA
Isso acaba ajudando nas ultrapassagens e retomadas, embora o 408 seja um pouco mais pesado que os principais rivais (1.392 kg, ante 1295 kg do Corolla XEi , 1.294 kg do Civic LXR e 1.348 kg do Sentra SL ). Mas os freios funcionam a contento, com discos nas quatro rodas, e a estabilidade é elogiável. A direção eletro-hidráulica não é das mais leves nas manobras em baixa velocidade, mas é comunicativa conforme ponteiro do velocímetro vai ganhando altitude , transmitindo o que acontece entre os pneus e o solo, o que é bom para um tocada mais animada.
A visibilidade é outro ponto positivo do 408, que tem boa área envidraçada. E na hora de levar a bagagem a boa surpresa é o espaço de 526 litros no porta-malas, que vem com molas a gás na articulação, sem os incômodos “pescoços de ganso” que invadem a área de carga. São pontos que chamam atenção. E que, de certa forma, servem de contrapeso para detalhes que mostram porque o sedã da Peugeot está tão atrás dos concorrentes no ranking de vendas, entre os quais também se incluem a reformulação da rede de concessionários da Peugeot no Brasil, que passou de 140 pontos para 120.
O 408 mudou recentemente, mas continua com alguns pontos que não conseguem esconder a idade do projeto, derivado do 307 de 2001. Contudo, pode ser encontrado por um bom preço pelo o que oferece. Porém, com a chegada das várias novidades no terreno nos sedãs médios prometidas para chegar até o fim do ano, o esquecido modelo da Peugeot tende a ficar ainda mais apagado. E ser confundido com o irmão C4 Lounge será cada vez mais comum...
Ficha técnica
Preço : R$88.590 (sugerido)
Motor: Dianteiro, quatro cilindros em linha, 1.6, turbo, flex
Potência (cv): 173 a 6.000 rpm
Torque (kgfm): 24,5 a 1.400 rpm
Transmissão: Automático, de seis marchas, tração dianteira
Dimensões (m): 4.68 (comprimento), 1,82 (largura), 1,51 (altura), 2,71 (entreeixos)
Peso (kg): 1.392
0 a 100 km/h: 8,1 segundos
Velocidade máxima: 215 km/h