Chevrolet Cruze Midnight: será o último sedã da marca no Brasil?

Nova e derradeira versão pode significar um fim melancólico diante da vasta tradição da marca no segmento

Foto: Carlos Guimarães
Chevrolet Cruze Midnight: belas e exclusivas rodas de aro 17 com acabamento diamantado e detalhes escurecidos

Confesso que foi uma mistura de boas memórias com alguma melancolia ter ficado uns dias com Chevrolet Cruze Midnight (R$ 139.950). De um lado, relembrei o tempo em que costumava viajar com meus meninos, a bordo de um sedã da GM. E de outro, imaginar que essa nova versão do modelo (ainda) feito na Argentina deve ser a última novidade da marca do segmento.

O Chevrolet Cruze Midnight chega entre a versão LT (R$ 138.090) e a LTZ (R$ 153.990) na tentativa de aumentar um pouco o apelo do sedã em um mercado em que, quando o assunto é carro médio, os SUVs dominam sem dó.

De qualquer forma, para quem gosta de dirigir, nada como assumir o volante de um sedã na estrada, sentido-se mais próximo do chão e sem correr o risco de sujar a barra da calça no estribo na hora de sair.

Pena que o Cruze já mostra sinais de que está com os dias contados. A GM investiu em apenas detalhes para deixar o sedã com um jeito diferente, com certo apelo esportivo. Já começa pelos logos escurecidos e pelas belas rodas de aro 17 montadas em pneus 215/50R 17 (Pirelli P7 na unidade avaliada). Olhando o carro de frente também é possível notar que as lentes dos faróis são fumês , mas não as lanternas traseiras.

No interior, dá para notar que as costuras do revestimento do painel procuram acompanhar o ambiente mais dark que resolveram adotar nessa versão Midnight. Se há acesso à internet a bordo , via conexão 4G (o Cruze foi o primeiro com esse recurso), a tela do multimídia não fica bem visível em dias bem ensolarados, como os que fizeram em São Paulo durante a avaliação.

Em contrapartida, o carro tem bom espaço para levar cinco ocupantes . E entre os itens de série estão nos destaques os sistemas On Star de chamada de emergência e rastreamento e assistência de recuperação veicular.

Mas bem que por quase R$ 140 mil poderiam ter incluído sensores que acionam automaticamente tanto os faróis quanto o limpador de para-brisa, que vem apenas com comando intermitente ajustável. O volante multifuncional é revestido de couro, mas não é dos que têm funcionamento mais intuitivo.

Para aumentar o volume do som tem um botão atrás do raio do lado direito, que se acha apenas pelo tato. Além disso, com muito sol, até comandos digitais do ar-condicionado ficam difíceis de serem visualizados.

Bom mesmo é que estamos a bordo de um sedã com motor 1.4 turboflex, que funciona com caixa automática de seis marchas mais voltada para economia de combustível, mantendo o giro do motor o mais baixo possível. São 153 cv e bons 24,5 kgfm de torque a meros 2.000 rpm, mas é preciso dar uma cutucada mais forte no acelerador para o sistema entender que a ordem é desempenho, o que torna possível extrair mais agilidade.

Firme as curvas, o Cruze Midnight relembra como constumava ser um carro da maioria das famílias no Brasil há não muito tempo atrás. Enquanto a bagagem estava bem acomodada no porta-malas (de 440 litros no Cruze), podia-se curtir o prazer de dirigir a poucos centímetros do chão, sempre com segurança. Com os SUVs , isso mudou. Mas não há como negar que por ser mais baixo, deve-se ter mais cuidado ao passar por valelas, lombadas, entre obstáculos do gênero.

Foto: Divulgação
Interior tem internet a bordo com a tela do multimídia é pequena e não lida bem com dias muito ensolarados

E com menos altura frontal corrigida a parte aerodinâmica também ajuda a economizar combustível, o que se mostrou um dos pontos fortes do Cruze Midnight. Segundo o Inmetro, o carro faz 7,8 km/l de etanol na cidade e 9,8 km/l na estrada, números que passam para 11,3 km/l e 14 km/l com gasolina respectivamente. Com tanque de 52 litros , chega-se até a 728 km de autonomia teórica, ainda levando em conta os dados do Inmetro.

O bom isolamento acústico do carro é outro ponto a favor do Cruze Midnight, que roda sempre com conforto. Mas a produção na Argentina deverá ser encerrada já no ano que vem para dar lugar a um SUV médio maior que o Tracker. Será o fim de uma dinastia de sedãs da GM de muito sucesso desde o Monza, passando pelo Vectra até chegar no Cruze, que teve duas gerações.

Conclusão

Se você reluta em levar um SUV e quer mesmo é um sedã médio o Cruze Midnight tem bom desempenho, baixo consumo e itens exclusivos. Mas é bom não demorar muito para decidir porque a produção do modelo não deverá passar de 2023. Pelo o que custa, faltaram os acionamentos automáticos dos faróis e do limpador de para-brisa e a tela do multimídia não se dá bem com o sol.

Ficha Técnica

Chevrolet Cruze Midnight (R$ 139.950)

Motor: 1.4, turbo, quatro cilindros em linha, flex

Potência: 153 a 5.200 rpm

Torque: 24,5 kgfm a 2.000 rpm

Transmissão: Automático de seis marchas, tração dianteira

Suspensão: Independente McPherson (dianteira e traseira)

Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos sólidos (traseiros)

Pneus: 215/50 R17

Dimensões: 4,67 m (comprimento) / 1,81 m (largura) / 1,48 m (altura), 2,70 m (entre-eixos)

Tanque : 52 litros

Porta-malas: 440 litros

Consumo (E/G): 7,8 km/l / 9,8 km/l (cidade) e 11,3 km/l / 14 km/l (estrada)