Estrutura para receber carros elétricos em condomínios precisa avançar

Eletrificados apresentam crescimento em vendas, mas os prédios ainda estão no início da preparação para recebê-los

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Antes da instalação dos carregadores em condomínios é necessário fazer uma análise técnica

Com o mercado aquecido e  cada vez mais fabricantes aderindo à mobilidade elétrica, o Brasil ainda convive com um problema: a falta de estrutura.

Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), na comparação entre 2020 e 2021, as vendas destes veículos , somadas aos híbridos , cresceram 77%, somando 34.990 unidades. Porém, donos desses veículos que moram em condomínios enfrentam dificuldades para recarregar seus automóveis elétricos.

É isso que explica Ricardo David, sócio-diretor da Elev. Para ele, esse debate tem que começar a ser feito pensando na demanda atual e na futura, já que “para atender os proprietários dos veículos elétricos , é necessário uma análise técnica dos condomínios, com o objetivo de instalar carregadores segundo a sua demanda”.

O executivo explica que não basta apenas conectar o carro na tomada, como muitos pensam. Principalmente quando consideramos a voltagem e o valor da eletricidade. Por este motivo, para o carro elétrico ser carregado nos condomínios, o debate deve envolver todos os moradores.

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Novos empreendimentos imobiliários já utilizam carregadores para carros elétricos entre os diferenciais

“É possível ter carregadores privados , que podem ser solicitados por um morador em específico, ou o serviço de carregamento de forma coletiva. Atualmente os carregadores mais modernos, além da segurança e do baixo custo de manutenção , também apresentam estatísticas de uso, que podem ser ferramentas úteis no compartilhamento”, afirmou Ricardo.

Para David, o conceito é similar ao aplicado em outras áreas comuns, como quadras esportivas e piscinas, em que há um controle de horas , por meio de cronogramas de uso, em que “o proprietário do veículo poderá ter a segurança de carregar seu veículo em casa, e utilizar o carregador para controlar o tempo usado e pagar pelo que ele consumiu”, explica.

Os carros elétricos são cada vez mais procurados, principalmente com o aumento do preço dos combustíveis fósseis. Com isso, e com o incentivo do Governo e do mercado, eles podem se popularizar cada vez mais nos próximos anos.

“É claro que é necessário um estudo para cada caso. Mas atualmente sabemos que há essa demanda em grandes centros urbanos , como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Locais em que os condomínios já discutem o tema e novos empreendimentos já colocam o carregador de carros elétricos como um diferencial na hora da venda de um novo imóvel”, completa Ricardo.

De acordo com a ABVE, somente no primeiro trimestre de 2022 foram vendidas 9.844 unidades de veículos eletrificados (híbridos plug-in ou convencionais e elétricos). Esse número representou um crescimento de 115% em relação a 2021.

A associação ainda estima que a tendência do mercado é continuar em crescimento e caso o ritmo se mantenha, a frota de veículos eletrificados no Brasil deverá chegar a 100 mil veículos no final do primeiro semestre.

Se as projeções se realizarem, David explica que reservar cerca de 5% das vagas de condomínios para os eletrificados pode ser uma solução, mas reitera que é necessário um estudo técnico de toda a localidade.

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Por meio de aplicativo é possível controlar o tempo e os custos de recarga dos carros elétricos

“Temos condomínios antigos que, em alguns casos, não têm a estrutura da sua rede elétrica com suficiência para essa nova demanda. Porém, por meio de um especialista, você poderá saber qual a melhor solução para o seu caso”, concluiu o executivo.

Para os moradores, síndicos e proprietários de imóveis que têm dúvidas sobre o tema, a Elev Mobility disponibilizou em seu site uma cartilha gratuita, em forma de e-book, em que dá respostas para os principais questionamentos dos consumidores.

Para Clemente Gauer, da Tupinambá Energia , operadora de eletroabastecimento, existem diversas opções para quem deseja instalar carregadores em condomínios, inclusive oferecendo gestão de energia através de aplicativo.

Segudo ele, “oferecemos uma solução que permite aos condôminos compartilhar estações de recarga através do aplicativo Tupinambá Energia, este vinculado a um sistema de cobrança em núvem que permite o repasse correto aos proprietários dos veículos o custo da energia utilizada e também observar remotamente o correto funcionamento do carregador.”

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O tempo para instalar uma estação de recarga varia de poucos dias a algumas semanas, dependendo do caso

“Nosso aplicativo comunicará aos condôminos o momento do término da recarga, permitindo assim uma melhor utilização da estação. Também é possível reservar do ponto de recarga por 15 minutos, garantindo assim uma melhor experiência e o total sucesso do processo de recarga.

Sobre o formato de cobrança, Clemente informa que fica a cargo do condomínio, podendo até ser pago automaticamente através de aplicativo. "Cada seção de carga tem o consumo de energia registrado pelas próprias estações. A administração do condomínio  pode cobrar os usuários este valor pelo aplicativo (cartão de crédito do usuário), ou então repassar este custo individualizado para os condôminos conforme sua utilização."

 Sobre o tempo de instalação das estações de recarga, Clemente afirma que existem diversas variáveis, e que elas ditam o ritmo e complexidade da instalação. “Este prazo poderá variar de poucos dias a até algumas semanas, dependerá da dimensão e complexidade do projeto , emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e das autorizações prediais para realização da instalação.”

Para realizar a instalação do carregador, é necessário visita e avaliação de especialista. “Toda proposta de instalação é realizada após a primeira visita técnica e a correta avaliação por um Engenheiro Eletricista, que garantirá a qualidade da instalação e as normas técnicas dos carregadores para veículos elétricos. Caso seja necessário alguma adequação, esta será informada e a instalação ocorrerá somente após notarem-se as condições adequadas para tal, finalizou o executivo.