Durante a chamada de resultados do quarto trimestre da Ford , o CEO Jim Farley afirmou que a empresa está se preparando para uma “briga de rua” contra as montadoras chinesas. Ele destacou a importância de competir diretamente no mercado de veículos elétricos (EVs).
Farley mencionou que os fabricantes chineses de veículos elétricos avançaram com rapidez recentemente, aproveitando subsídios governamentais e custos de mão de obra mais baixos.
O CEO da Ford ressaltou que a empresa precisa melhorar em tecnologia de baterias e funcionalidades de software para competir efetivamente. Ele citou o modelo SU7 da Xiaomi como um exemplo de EV competitivo que ele testou pessoalmente e não quis devolver.
Questões tarifárias e comerciais
Na chamada, Farley discutiu a política tarifária dos Estados Unidos, que atualmente impõe 100% de impostos sobre EVs fabricados na China. Ele sugeriu que as tarifas deveriam ser aplicadas de forma abrangente a todas as importações automotivas, para garantir um ambiente competitivo justo.
Farley questionou por que montadoras como Hyundai-Kia e Toyota podem importar veículos para os EUA sem tarifas adicionais. Ele defendeu que a política tarifária deve ser abrangente, evitando que apenas um país seja alvo de taxas.
Estratégias da Ford para o futuro
A Ford está investindo em uma nova plataforma para competir com EVs de baixo custo, além de focar em híbridos e veículos elétricos de alcance estendido (EREVs). A empresa também está desenvolvendo o sistema de condução automatizada BlueCruise como parte de suas iniciativas em tecnologia.
Farley mencionou que a Ford está se preparando para lançar novos modelos de EVs até 2027. A empresa planeja aumentar a base de usuários do BlueCruise e investir em veículos acessíveis, mas de maneira rentável, o que requer transformações significativas.
Desafios financeiros
A Ford enfrenta dificuldades para tornar seus EVs lucrativos. Em 2024, a divisão de veículos elétricos registrou uma perda de US$ 5,1 bilhões, com expectativas de perdas semelhantes para 2025. Essa situação levou a Ford a reavaliar sua estratégia de eletrificação.
A empresa cancelou o lançamento de um SUV elétrico de três filas e adiou uma nova picape elétrica. Essas decisões fazem parte do esforço da Ford para focar em modelos mais rentáveis e ajustar sua abordagem no mercado de veículos elétricos.
Concorrência global
Farley destacou a crescente produção doméstica de EVs por concorrentes como Hyundai-Kia e Toyota nos EUA. O Hyundai Motor Group fabrica o Ioniq 5 e o Kia EV9 no país e planeja expandir para outros modelos, enquanto a Toyota abriu uma fábrica de baterias na Carolina do Norte.
No contexto das tarifas, Farley sugeriu que carros importados enfrentem tarifas em todos os casos. Ele lembrou que, no passado, tarifas levaram empresas japonesas a construir carros nos EUA e desenvolver marcas de luxo como a Lexus, que cobravam valores mais altos.
Farley afirmou que a Ford precisa se sustentar sozinha, competindo de igual para igual com os custos e o apelo dos produtos das montadoras chinesas. Ele enfatizou que a empresa está focada em enfrentar os desafios do mercado de veículos elétricos.