
A Mercedes-Benz apresentou o Vision Iconic, carro-conceito elétrico que testa uma nova abordagem para geração de energia nos veículos da marca.
O modelo utiliza um revestimento solar ultrafino aplicado sobre a carroceria, capaz de converter luz em eletricidade de forma contínua — inclusive com o automóvel parado.
Segundo a fabricante, a superfície ativa pode gerar energia suficiente para percorrer até 12 mil quilômetros por ano em condições ideais.

A tecnologia fotovoltaica cobre cerca de 11 metros quadrados do veículo, o equivalente à área externa de um SUV médio.
Diferente de painéis solares convencionais, o material é flexível, reciclável e livre de terras raras, o que reduz impacto ambiental e custo de produção.
O sistema também atinge eficiência de 20% e mantém o fluxo energético mesmo sem incidência solar direta, ampliando o alcance do carro sem depender exclusivamente da bateria principal.
Arquitetura inteligente e processamento neuromórfico
O Vision Iconic serve de base para testes de novas plataformas de eficiência energética e direção autônoma.
A Mercedes trabalha em uma arquitetura de computação neuromórfica, inspirada no funcionamento do cérebro humano, que promete reduzir em até 90% o consumo elétrico de processamento de dados em comparação com sistemas atuais.
Essa estrutura usa redes neurais artificiais capazes de processar informações de sensores e câmeras com menor gasto energético, melhorando a leitura de faixas, pedestres e placas mesmo em baixa visibilidade.
O objetivo é criar um veículo autônomo que combine autonomia elétrica ampliada e decisões de IA mais rápidas e precisas.
Design funcional e herança reinterpretada
O conceito retoma elementos históricos da Mercedes-Benz sob uma ótica digital.
A grade frontal — tradicional símbolo da marca — reaparece com moldura cromada, vidro fumê e iluminação programável, transformando-se em uma superfície ativa.
A solução foi apresentada pela primeira vez no novo GLC elétrico e agora ganha protagonismo no Vision Iconic, que também destaca a estrela vertical iluminada no capô.
A dianteira integra emoção e função: o conjunto luminoso atua como assinatura visual e como componente de segurança, tornando o carro mais visível no trânsito urbano.
O uso de materiais reflexivos e luz dinâmica reforça o diálogo entre design e tecnologia, base da atual linguagem estética da empresa.
Interior experimental e artesanato tecnológico
Por dentro, o Vision Iconic mistura o luxo artesanal da era Art Déco com a lógica digital contemporânea. O painel “Zeppelin”, uma estrutura de vidro flutuante, concentra instrumentos analógicos e digitais.
Ao abrir as portas, uma animação mecânica ativa os mostradores, inspirada em cronógrafos de precisão.
Os acabamentos em veludo azul, madrepérola e marchetaria de palha retomam técnicas do início do século XX, enquanto o volante de quatro raios abriga o logotipo da marca em uma esfera de vidro suspensa.
A cabine adota o formato lounge e antecipa o que a Mercedes chama de “luxo hiperanalógico e digital”, em que o ambiente físico e as interfaces eletrônicas coexistem de forma fluida.
Um exercício de futuro
Apresentado durante a Shanghai Fashion Week, o Vision Iconic não antecipa um modelo comercial, mas demonstra a direção da Mercedes-Benz para os próximos elétricos de alto padrão.
A marca também lançou o livro Iconic Design, que documenta o processo criativo e a busca por novas linguagens visuais.
Mais do que um protótipo, o Vision Iconic é um laboratório de materiais, energia e estética.
O conceito mostra que, para a Mercedes, o futuro da mobilidade elétrica passa tanto por autonomia e eficiência quanto por uma reinterpretação da própria ideia de luxo e identidade automotiva.