É impossível lançar produtos sem pagar impostos. O que muda em relação ao Brasil e os outros países é a quantidade de taxas existentes sobre a produção e venda dos produtos. O carro brasileiro é um dos mais caros, boa parte por causa do valor que vai para o bolso do governo – claro, não vamos excluir a margem de lucro das fabricantes. E como seria se o Brasil tivesse o mesmo imposto cobrado em outros países?
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Em 2016, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou que um carro no Brasil paga entre 48,2% a 54,8% de taxas ao somar todos os impostos, como IPI, ICMS e PIS/Cofins. Em comparação, a carga tributária de outros países é bem menor, principalmente em países desenvolvidos. Nos EUA, a taxa é de 7,5%, enquanto no Japão é de 5%. A Alemanha tem uma das maiores, de 19%. Não precisa olhar muito longe: Os argentinos pagam 21% de impostos sobre os carros.
Por isso, vamos mostrar quanto custaria um carro vendido no Brasil sem impostos e também com a carga tributária dos EUA, Alemanha e Argentina – de 7,5%, 19% e 21%, respectivamente. A lista inclui os 12 modelos mais vendidos de segmentos diferentes, desde o hatchback mais básico até modelos esportivos. Consideramos o preço cobrado pela versão mais completa de cada carro com motor flex ou a gasolina, com exceção do Onix, para ter o exemplo de um modelo 1.0.
Chevrolet Onix 1.0 Joy
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 40.390 |
R$ 20.922 |
R$ 22.428 |
R$ 24.897 |
R$ 25.315 |
Poderíamos pegar o Onix 1.4 LTZ para mostrar a diferença dos valores, mas a graça era ter o carro mais vendido com sua motorização popular. Ainda mais porque o imposto cobrado para carros 1.0 é de 48,2%, menos do que os 52,4% do Onix 1.4. Sem nenhuma taxa, o carro custaria quase metade do valor normal. Mesmo com os 21% de alíquota cobrados na Argentina, o compacto voltaria a época dos carros populares abaixo de R$ 30 mil.
Volkswagen Golf 2.0 GTI
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 131.457 |
R$ 62.704 |
R$ 67.218 |
R$ 74.617 |
R$ 75.871 |
A melhor versão do Golf tem um preço proibitivo no Brasil, por R$ 130 mil. Sem a carga tributária (52,3% do valor de tabela, diz a Anfavea), ficaria mais em conta do que qualquer hatchback médio vendido por aqui. Se pagássemos o mesmo que os argentinos ao governo, o Golf GTI custaria R$ 75,8 mil, menos do que a Volkswagen cobra pelo Golf 1.0 TSI, atualmente vendido por R$ 77,2 mil – e sem contar os opcionais.
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Chevrolet Prisma 1.4 LTZ
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 59.990 |
R$ 28.615 |
R$ 30.675 |
R$ 34.051 |
R$ 34.624 |
Quer um sedã básico? Que tal o Chevrolet Prisma 1.4 LTZ, que deveria custar R$ 30 mil nos EUA. Mesmo considerando o maior imposto da lista, ficaria na casa dos R$ 34 mil – mais barato do que o Onix 1.0 Joy sem nenhum equipamento. Seu valor o deixaria perto do que era cobrado pelo antigo Classic, com a diferença de que o Prisma não viria peladão. Seria um negócio muito mais atraente.
Chevrolet Cobalt 1.8 Elite
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 69.990 |
R$ 33.385 |
R$ 35.788 |
R$ 39.728 |
R$ 40.395 |
Conhecido como carro de taxista, o Chevrolet Cobalt conquista pelo seu porta-malas, algo bom para quem está sempre carregando algo. Pergunte para um taxista se ele iria preferir o desconto oficial para frotistas ou pagar o mesmo que um hatch compacto básico por R$ 40 mil.
Toyota Corolla 2.0 Altis
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 110.990 |
R$ 52.942 |
R$ 56.753 |
R$ 63.000 |
R$ 64.059 |
O sedã médio mais vendido do País ainda é um dos mais em conta - afinal, Cruze e Civic vieram com um preço maior. Isso pode mudar com a reestilização, elevando ainda mais seus valores. Nos EUA, é considerado um carro barato e custa US$ 18 mil. Se tivéssemos a mesma carga tributária, o nosso Corolla custaria R$ 56.753, valor bem mais acessível e dentro da realidade do brasileiro.
Ford Fusion Titanium 2.0 AWD
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 158.700 |
R$ 75.699 |
R$ 81.149 |
R$ 90.081 |
R$ 91.565 |
Quem procura por um sedã grande no Brasil, muitas vezes, escolhe o Fusion por ser mais barato do que os alemães e vir muito bem equipado. Com certeza faria muito mais sucesso se pudéssemos pagar menos de R$ 100 mil, como seria o caso se tivesse a mesma carga tributária. Detalhe: essa é a versão topo de linha. Se fossemos olhar para a configuração mais básica, estaria na faixa de R$ 70 mil.
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Honda HR-V EXL
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 101.400 |
R$ 48.367 |
R$ 51.849 |
R$ 57.556 |
R$ 58.524 |
O SUV mais vendido do país normalmente cobra mais do que a concorrência e, ainda assim, vende muito bem. Faria um estrago muito maior se custasse R$ 51,8 mil na versão topo de linha, valor que teria caso usássemos o imposto cobrado nos EUA. Mesmo a alíquota argentina o deixa mais em conta, por menos do que o HR-V básico é cobrado por aqui – isso se conseguisse encontra-lo nas lojas.
Jeep Compass 2.0 Limited
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 126.990 |
R$ 60.574 |
R$ 64.935 |
R$ 72.083 |
R$ 73.294 |
E por que não fazer a comparação com o motor diesel? A alíquota é diferente para os carros com esse combustível e o governo costuma fazer alterações com certa frequência. Então pegamos o Compass topo de linha com motor 2.0 flex. Mesmo essa versão já mostra a diferença no preço, pois custaria R$ 73 mil, o mesmo que pagamos por um Renegade 1.8 de configuração simples.
Fiat Strada 1.8 Adventure Cabine Dupla
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 79.150 |
R$ 37.754 |
R$ 40.472 |
R$ 44.927 |
R$ 45.682 |
Uma picape pequena como a Fiat Strada pode custar bem caro. Na versão Adventure, com cabine dupla e motor 1.8 combinado ao câmbio Dualogic, a Strada é vendida por R$ 79.150. Poderia custar menos de R$ 50 mil se pagássemos metade dos impostos cobrados, como é o caso da Alemanha e Argentina.
Fiat Toro 2.4 Freedom
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 98.730 |
R$ 44.546 |
R$ 47.753 |
R$ 53.009 |
R$ 53.900 |
Como dissemos em nossa avaliação, a Fiat Toro 2.4 não deixaria nenhum motivo para escolher a 1.8, por ser mais rápida e tão econômica quanto. O problema é que, por ser 2.4, entra em outra categoria de IPI, elevando demais o seu preço, que fica muito próximo da picape com motor diesel. No total, 54,9% do preço de tabela da picape vai para os cofres públicos. Seria outra história com um imposto menor, custando R$ 53 mil, preço muito mais competitivo.
Toyota Hilux 2.7 SRV 4x4
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 133.070 |
R$ 60.041 |
R$ 64.363 |
R$ 71.448 |
R$ 72.649 |
Tudo bem, quem compra uma picape dificilmente irá escolher um motor flex por seu gasto e menos torque para trabalhos 4x4. Como estamos falando apenas de carros a gasolina, não dava para passar para a configuração diesel, mais cara do que a flex. Mesmo assim, dá uma boa referência, já que a versão topo de linha está custando R$ 133 mil, quando deveria ser vendida por R$ 72 mil com um imposto mais justo.
Chevrolet Camaro Conversível 6.2 V8
Valor original |
Sem impostos |
EUA (7,5%) |
Alemanha (19%) |
Argentina (21%) |
R$ 338.000 |
R$ 152.505 |
R$ 163.485 |
R$ 181.480 |
R$ 184.531 |
Sempre que comparamos um carro vendido no Brasil com seu equivalente nos EUA, o Chevrolet Camaro sempre é o primeiro a ser citado. Afinal, o muscle car
na versão conversível custa US$ 32,9 mil, o que daria R$ 102,6 mil em conversão direta, é vendido por aqui a R$ 338 mil. Se pegarmos o preço brasileiro e colocarmos os impostos cobrados pelos gringos, custar R$ 163.485, menos da metade do que pagamos.