Nem sempre o tiro é certeiro, até mesmo no mercado automobilístico brasileiro. Quantas vezes não vimos fabricantes com projetos de carros modernos e ousados que simplesmente bateram na trave e não foram bem aceitos pelo público?
LEIA MAIS: Etanol se torna mais interessante para abastecer em alguns estados brasileiros
A reportagem do iG Carros volta no tempo e lista os cinco maiores fracassos das principais marcas vendidas no Brasil entre os carros das últimas décadas. O principal critério para entrar na lista é bem simples: a baixa aceitação dos consumidores.
1 - Volkswagen Logus
O Logus foi um dos carros nacionais que não deixaram saudade. Trata-se de um projeto que acabou não sendo tão bem aceito no mercado entre 1993 e 1997, período em que foi fabricado. O carro nasceu dos rascunhos do designer Luiz Alberto Veiga, que anos depois viria a ser o pai do Fox, um grande sucesso da marca no Brasil. Sua base, evidentemente, era a quinta geração do Ford Escort.
LEIA MAIS: Conheça 5 sedãs compactos seminovos para um pai de família
A gama de motores contava com os populares 1.6 e 1.8, que também apareceram no Santana, na picape Saveiro e a perua Parati. Destaque para a versão Wolfsburg Edition, que fazia alusão à sede da Volkswagen na Alemanha. Os bancos e revestimentos ganharam acabamento em veludo, enquanto as rodas eram de liga leve, aro 14. Fomos atrás do veículo nos principais classificados online, e foi difícil encontrar um Logus Wolfsburg Edition em estado original.
Nosso colunista Célio Galvão viu de perto toda a época de união entre as duas marcas na Autolatina. Vale a leitura de uma de suas colunas sobre esta e outras alianças do mundo automotivo.
2 - Chevrolet Agile
Também ficamos na dúvida sobre qual teria sido o maior fracasso da Chevrolet no Brasil. Dois carros que chegaram a ser vendidos juntos por aqui disputaram a entrada não tão célebre em nossa lista: Agile e Sonic. O primeiro vinha da Argentina, e o outro era importado da Coreia do Sul.
Em defesa do Sonic, o modelo tinha conjunto mecânico e propostas mais maduras que o Agile. Em certo ponto, concessionários da Chevrolet chegavam a recomendar o Onix - mais em conta e moderno que o Agile - como escolha aos clientes. O modelo argentino era feito sob a mesma plataforma antiquada do primeiro Corsa, que já acumulava 16 anos de vida, em 2009.
Além da plataforma antiquada, o Agile também não tinha o melhor entre os conjuntos mecânicos de seu segmento, devendo muito para o moderno Ford New Fiesta. O motor, por exemplo, era o mesmo 1.4, de 103 cv do Corsa. Em 2014, o Agile viu seu fim no mercado brasileiro, mas continuou sendo vendido na Argentina e em outros países a América Latina.
Você viu?
3 - Fiat Brava
Áureos tempos em que os hatches médios faziam sucesso. A Fiat, entretanto, nunca fez muito alarde no segmento. E o Brava é uma das provas. Vendido no Brasil entre 2000 e 2003, o modelo nunca viu suas vendas realmente decolarem por aqui. Naquela época, os grandes destaques eram os modernos Golf e Focus.
O conjunto mecânico não era ruim, mas talvez tenha herdado a má fama do Fiat Tipo e do explosivo Marea. Durante o fim dos anos 90, muitos proprietários de Marea tiveram problemas com a manutenção do carro. Até hoje, o modelo é vítima de diversas piadas na internet.
Eram dois motores: 1.6, com 106 cv de potência na versão convencional e 1.8, de 132 na esportiva HGT. A última era capaz de acelerar até 100 km/h em 9,5 segundos e ostentava um bom consumo rodoviário. Seu variador de fase, por outro lado, era um verdadeiro pesadelo para os proprietários.
Depois dele, a Fiat tentou emplacar o Stilo com sucesso razoável. A versão com teto solar duplo tinha seu charme, bem como a versão esportiva Abarth. O Bravo tentou repetir o sucesso de seu antecessor, e teve até uma versão T-Jet com motor turbo. Não espere por outros hatches médios da Fiat nos próximos anos.
4 - Ford Belina 4x4
A Ford apresentou a Pampa 4x4 na metade de 1984, e não demorou muito até que a Belina também aparecesse com tração integral ao final do mesmo ano. A perua aventureira, diferentemente da picape, não durou muito na linha da Ford, sendo descontinuada logo em 1987.
LEIA MAIS: GM Onix ganhará nova versão com apelo visual aventureiro
O público-alvo da Ford eram os trabalhadores rurais que buscavam por mais versatilidade. No caso, a Belina poderia ser uma boa opção em relação aos populares jipes em tarefas menos bruscas. A suspensão também havia sido reforçada para encarar terrenos de terra batida com bravura e conforto.
Seu sistema de tração integral era bem simples e gerou polêmica, por causa da alta incidência de avarias mecânicas. O diferencial traseiro era sobrecarregado pela falta de um outro diferencial central para compensação. Basicamente, a grande falha do sistema era justamente a sua simplicidade.
A Ford chegou a fazer alterações no manual, onde restringia o uso da tração integral. Mas nem isso foi suficiente para salvar a Belina 4x4 de seu destino iminente. Com apenas três anos de mercado, ela deu adeus às lojas. A mecânica continuou sendo utilizada com mais maturidade na Pampa até 1992, quando a perua da Ford foi substituída pela Royale.
5 - Renault Symbol
O Clio Sedan foi vendido no Brasil entre 2005 e 2009. Com a chegada do Logan, ele acabou sendo passado para escanteio, obrigando a Renault a fazer um reposicionamento de sua linha. Foi aí que nasceu o Symbol, que veio ao Brasil importado da Argentina para ocupar a lacuna entre o Logan e o saudoso Mégane.
Sua relação entre custo-benefício era realmente tentadora. Entre outros equipamentos, o sedã contava com airbags, ar-condicionado, direção hidráulica, regulagem de altura do volante, sensores de estacionamento e até computador de bordo.
Mas o Symbol não durou muito no mercado brasileiro. Ele deixou de ser produzido em 2014, bem na época que o irmão Logan estava para ser reestilizado e ganhar a cara mais moderna que conhecemos hoje. O Symbol sofreu na mão de carros mais interessantes, como Voyage e Siena, chegando a representar apenas 1% da categoria de sedãs compactos ao fim de seu ciclo. Com uma boa gama de versões, o Renault Logan cumpre com louvor o trabalho de substituir o Symbol no Brasil.