O transporte público é um grande problema de todo o Brasil, mas principalmente nas metrópoles.
Segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), a frota de ônibus urbanos no Brasil atual é a mais velha em 27 anos , e esses coletivos são responsáveis por mais de 50% do transporte da população em cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Veículos com uma idade avançada em circulação, são considerados um problema primeiro no sentido de segurança, já que muitos coletivos não recebem a manutenção adequada , principalmente no período pós-pandemia.
E também no que se refere ao meio ambiente , já que possuem motores de projetos antigos e acabam emitindo uma quantidade maior de dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MPP), o que é mais tóxico para a saúde de toda a sociedade.
Uma das soluções para essa questão é o investimento em ônibus elétricos , que vem sendo visto com bons olhos por algumas prefeituras, entretanto, o alto custo de aquisição e para a implantação da infraestrutura necessária, afasta prefeituras de municípios com menos condições financeiras de adotar tal modo de transporte.
Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa que apresenta soluções para a mobilidade elétrica
, os eletrificados, por meio do transporte público, podem ter impacto social e ambiental.
“Quando falamos da sigla ESG, pensamos muito em questões relacionadas ao meio ambiente e a sustentabilidade, algo que claramente o carro elétrico está englobado, porém há muito mais que isso, como o impacto urbano e social que esses automóveis podem ter”, declarou o executivo, que explicou que em cidades onde os ônibus elétricos estão disponíveis, a população da preferência a estes automóveis.
“O Brasil também não pode perder a oportunidade. Estamos observando um movimento mundial, onde empresas e governos estão se comprometendo com o fim dos automóveis a combustão até 2035 , na América Latina, observamos o avanço das empresas chinesas em mercados que eram dominados por empresas brasileiras uma década atrás”, afirma o executivo.
A cidade de São Paulo é uma das que mais investem em ônibus elétricos no país, e sua frota conta com 219 modelos, a maioria sendo do tipo trólebus, que recebem energia por meio de linhas aérea s. São 18 modelos apenas são ônibus equipados com baterias modernas, que não demandam de cabos para fornecimento de energia.
Os 219 ônibus elétricos representam apenas 1,6% dos 14 mil coletivos da capital paulista
, mas a frota da cidade irá ganhar 300 unidades em breve.
A Prefeitura de São Paulo possui um acordo com a Marcopolo para a entrega de 300 unidades de ônibus elétricos. Em Salvador (BA), por exemplo, o sistema BRT da capital da Bahia terá 30% de sua frota elétrica
, enquanto Curitiba (PR) estuda a eletrificação dos corredores Inter 2 e BRT Leste-Oeste até 2024.
Segundo o levantamento da NTU, a adoção de veículos elétricos também teria impacto no bolso dos usuários. O custo por km rodado em energia elétrica é 73% mais em conta que o diesel de R$3,10, o valor cai para apenas R$0,84 com eletricidade.
A Associação ainda aponta que um terço dos custos operacionais das empresas de ônibus é relacionado ao gasto com combustíveis , então, a mudança já traria uma grande economia. Ainda há a questão de manutenção, já que modelos elétricos demandam 70% menos recursos financeiros que um modelo convencional a diesel.
“Quando falamos dos automóveis elétricos nós estamos falando em dois pontos de economia. O primeiro é relacionado à tração, onde a energia elétrica pode ser muito mais econômica que a gasolina e o diesel e outro ponto é na manutenção, muito mais barata que a dos veículos movidos à combustão, principalmente pela quantidade menor de componentes necessários em um veículo elétrico”, explica Ricardo David.