Está cada vez mais difícil fugir dos estereótipos no mundo automotivo. Alguns deles já caíram, como o de que carros chineses são ruins e que motores 1.0 não podem oferecer uma boa dose de diversão ao volante. Mas, há casos em que o conservadorismo acaba dando certo, como o que faz tanto sucesso com o Toyota Corolla, o líder isolado de vendas entre os sedãs médios no Brasil, cuja versão topo de linha Altis a reportagem de iG Carros avaliou tanto na cidade quanto na estrada.
LEIA MAIS: Conheça os sedãs médios mais econômicos à venda no Brasil
O Toyota Corolla tem uma ótima fama por sua mecânica, dirigibilidade e luxo. E a receita acaba sendo justificada no ranking de vendas. Vamos aos números, e cuidado para não se perder. Se somarmos as vendas gerais de Honda Civic, Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta e Focus Fastback agregado de 2017, o Corolla continua na liderança. Por mês, o sedã da Toyota vende mais que VW Jetta e Focus Fastback no ano inteiro. É certo que a maior parte das vendas recai sobre a versão XEi. Mas será que a topo de linha Altis, a mais cara, também pode ser uma boa aposta?
Não dá pra não sentir uma sensação estranha ao entrar em um sedã de R$ 116.990 sem teto solar. O painel - ah, o bendito painel - que sempre gerou tanta polêmica por seu conservadorismo, e o relógio digital que parece ter saído de um Fiat Uno Mille não formam um conjunto visualmente agradável. O design das portas tampouco combina com o painel, algo que a antiga geração do Corolla fazia muito bem. Pode parecer um detalhe sem importância, mas acaba dando um aspecto bem quadradão ao interior. Mostradores com integração digital e uma larga tela de computador de bordo? Nada disso! A Toyota não poderia ter sido mais conservadora, contando apenas com as informações mais básicas nos mostradores.
Os materiais, entretanto, são de boa qualidade. Há revestimento macio e bem costurado ao longo do painel, e até alguns trechos das portas dianteiras e traseiras. Acabamento que imita aço escovado e plástico em preto brilhante dão um requinte à mais ao sedã. A central multimídia é lenta, e dispensa comandos giratórios. No lugar deles, botões de mais e menos para controlar o volume. Trocar de estação no sistema de entretenimento pouco intuitivo da Toyota pode ser um pesadelo. O jeito é salvar suas rádios favoritas para evitar as trocas manuais cansativas.
LEIA MAIS: Veja os cinco carros com preços mais absurdos vendidos no Brasil
O volante multifuncional ajuda bastante na navegação do sistema. Entretanto, embora o GPS seja pouco intuitivo, cumpre bem sua função. A Toyota também colocou TV Digital, mas você ficará restrito ao áudio na maior parte do tempo. Para a imagem aparecer, só com o câmbio no P e freio de mão puxado. A boa câmera de ré com direcionamento digital traz facilidade às manobras.
Se precisar apenas do básico, não vai passar maus bocados com a central. Assim, terá mais tempo para prestar atenção em um sedã com acabamento caprichado, bancos de couro creme muito confortáveis - com regulagem elétrica para o motorista - e espaço suficiente para quatro adultos e uma criança viajarem com bastante conforto. Airbag de cortina completa o pacote de segurança.
Você viu?
Agora há controles de estabilidade e tração de série. Mas para um modelo que já passou dos R$ 100 mil, faltaram itens que os concorrentes oferecem, como alerta de ponto-cego, assistente de permanência em faixa e detector de colisões.
A mecânica do Toyota, por outro lado, é de tirar o chapéu. O ponto alto é o câmbio automático CVT, que beira a perfeição, conseguindo reunior o melhor de dois mundos: agilidade com baixo consumo. Simula sete marchas, sendo que as duas últimas dificilmente aparecerão na cidade. Mas o Corolla não faz feio no consumo urbano. Mantendo os 60 km/h constantes em uma via local, por exemplo, o Corolla segura o giro na casa dos 1.500 rpm. E isso reflete no consumo urbano sem trânsito, onde obtivemos números como 11,9 km/l, quando abastecido com gasolina, de acordo com o que marcou o computador de bordo do carro.
O desempenho do motor 2.0, de 154 cv, aparece na estrada. Apesar de não ser tão potente, o Corolla Altis tem bom torque de 20,3 kgfm. Aliado ao bom câmbio CVT, ultrapassagens são feitas sempre com boa agilidade. A suspensão tem ajuste mais voltado para o conforto, mas consegue manter boa estabilidade nas curvas. O acerto feito pela Toyota deixou o carro confortável ao passar em buracos e com boa capacidade de absorver as irregularidades do piso.
LEIA MAIS: Corolla GLi com bancos de tecido está suspenso para novos pedidos
Despacito
Fomos claros ao justificar o sucesso do Toyota Corolla Altis, mas será que ele é o carro ideal para o seu perfil? O modelo testado, com pintura marrom metálica, custa R$ 118.440. A versão Touring, topo de linha, do Honda Civic custa R$ 124.900, e traz muito mais tecnologia e potência. São 173 cv de potência vindos de um motor turbo 1.5, painel digital de fazer inveja à Toyota e uma bela central multimidia com Android Auto e Apple CarPlay. Ele também é o sedã médio mais econômico que você pode comprar no Brasil no momento, aferindo 13,1 km/l em um misto de cidade e estrada.
Mas se você preferir um design mais conservador, e não tão futurista como o Honda Civic, o Corolla seria a primeira opção. Além de ser mais em conta, as revisões até 60 mil km ficam pouco acima dos R$ 3 mil. O seguro do Toyota também é consideravelmente mais baixo que o do Honda. Em nossa simulação, a estimativa do Civic fica na casa dos R$ 4.652, enquanto o Corolla aparece em R$ 2.990.
Toyota Corolla Altis 2.0
Preço: R$ 118.440
Motor: 2.0, quatro cilindros, flex
Potência: 154 cv a 5.600 rpm
Torque: 20,3 a 4.800 rpm
Transmissão: CVT com simulação de sete marchas
Suspensão: Independente McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)
Freios: Disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
Pneus: 205/55 R16.
Dimensões: 4,60 metros (comprimento), 1,77 metros (largura), 1,40 (altura)
Tanque: 60 litros
Consumo com gasolina: 10,6 km/l (cidade), 12,6 km/l (estrada)
0 a 100 km/l: 9,6 km/h
Vel. Máxima: 200 km/h