Volvo só lançará carros elétricos e híbridos a partir de 2019. No Brasil, marca sueca já vende versão plug-in do XC90
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Volvo só lançará carros elétricos e híbridos a partir de 2019. No Brasil, marca sueca já vende versão plug-in do XC90

Baixa autonomia, altos custos, problemas de infraestrutura, desafios logísticos e de engenharia. Desde o final do século 20, montadoras tradicionais, fornecedores e novos fabricantes vêm fazendo uma corrida de obstáculos para viabilizar os carros elétricos ou híbridos. No meio do caminho veio a revolução digital, o conceito de carro autônomo, e tudo vem se conectando de maneira impressionante.

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 Até as mais conservadoras das montadoras já perceberam que não dá para ficar de fora dessa corrente. Mas as mais arrojadas estão dando passos largos na onda da emissão-zero, e as notícias que surgiram nesta semana são prova disso. A sueca Volvo, controlada por chineses, anunciou que a partir de 2019 só vai lançar carros elétricos ou híbridos. Motores a combustão continuarão apenas nos Volvos lançados até 2018, até que eles saiam de linha na próxima década.

 Trata-se de uma aposta ousada e sem precedentes na indústria tradicional. Na prática, a Volvo está dizendo que em dois anos, seus novos projetos não terão motores a gasolina ou diesel (no máximo híbridos). A marca espera lançar cinco modelos nessas condições entre 2019 e 20121. E pretende vender 1 milhão de carros com esse tipo de propulsão até 2025.

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Tesla Model 3 tem mais de 500 mil encomendas nos EUA, onde será vendido por US$ 35 mil

 Além de ousada, a estratégia soa inteligente. Por ser uma marca de nicho, a Volvo tem mais facilidade que as generalistas para abandonar os motores tradicionais. E, com esse anúncio, tende a atrair investimentos e acionistas que apostam suas fichas numa nova era da indústria automotiva. Trata-se, ainda, da primeira montadora tradicional a mandar um recado claro para a norte-americana Tesla, especializada em veículos 100% elétricos: “Tesla, estamos quase prontos para o combate”!

 Atenta à movimentação dos concorrentes, a Tesla continua ditando o ritmo das inovações. Na semana passada saiu da fábrica o primeiro Model 3, o mais compacto e acessível dos Tesla. O dono do primeiro é o fundador da empresa, Elon Musk.

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 Mas em breve o Model 3 começa a chegar às lojas daquele país por US$ 35 mil. Cerca de 500 mil pessoas já pagaram o sinal de US$ 1 mil para reservar o seu exemplar. Muitos deles estão entre os 30 mil funcionários da empresa, que não tinham dinheiro para comprar o Model S ou o Model X. O lançamento oficial será no dia 28 de julho.

 Com esse modelo em linha, em breve a Tesla pretende igualar nos EUA o volume de vendas anual da BMW e da Mercedes, de acordo com reportagem da agência Bloomberg. A fabricante está cumprindo todas as suas promessas aos acionistas, e hoje a mais complicada parece ser a manutenção da qualidade nessa transição para uma fábrica de volume.

Audi A8 da nova geração acaba de ser apresentada pela marca alemã, com versão híbrida preparada para ser autônoma
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Audi A8 da nova geração acaba de ser apresentada pela marca alemã, com versão híbrida preparada para ser autônoma

Os dados técnicos ainda não foram todos divulgados, mas já se sabe que o Model 3 terá aceleração de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos, e autonomia de 346 km. Com uma bateria maior (opcional), poderá chegar perto de 500 km sem recarga. Dois porta-malas somarão quase 400 litros de volume, e o carro pode levar cinco adultos. Todos os Model 3 terão hardware para condução autônoma, outra grande aposta da Tesla.

 Estrategicamente, a Tesla mira em modelos premium, sobretudo de marcas alemãs. Por isso, o trio alemão corre atrás do prejuízo. Um bom exemplo é a quarta geração do Audi A8, apresentada nesta semana. Ele é o primeiro modelo da marca projetado para receber condução autônoma. E, claro, já tem uma versão com a nova geração de propulsão híbrida do Grupo VW.

 E no Brasil?

Toyota Prius é o líder de vendas entre os elétricos e híbridos no Brasil, tem preço sugerido que parte de R$ 126.600
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Toyota Prius é o líder de vendas entre os elétricos e híbridos no Brasil, tem preço sugerido que parte de R$ 126.600

 Nosso país ainda engatinha na eletrificação da frota. Mas aos poucos a presença deles vai aumentando. No primeiro semestre foram emplacados 1.184 modelos híbridos ou elétricos, o que já é mais que todo o volume do ano passado (1.091). A Toyota lidera esse nicho de mercado com o híbrido Prius, que teve 850 unidades vendidas, muitos para taxistas.

 No último fim de semana, informa a Folha de S. Paulo, foi lançado na capital paulista o serviço “Urbano LD Sharing”, no qual o cliente pode pegar e devolver carros para viagens curtas em áreas pré-determinadas, pagando apelas pelo uso. Da frota inicial de 60 veículos, apenas 15 são elétricos. Mas a empresa quer ampliar para 300 unidades até o fim de 2018, sendo 50% elétricos. Em Fortaleza, um serviço semelhante, chamado Vamo, já colocou 20 modelos elétricos em circulação. A proliferação de serviços de compartilhamento (várias montadoras estudam entrar neste ramo) tende a ampliar o uso desse tipo de veículo nas principais capitais.

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BMW i3 é um compacto elétrico, bastante sofisticado, com carroceria de fibra de carbono, que hoje em dia é oferecido a partir de R$ 159.950

 A maior oferta de híbridos e elétricos no país vai depender do acordo firmado entre fabricantes e governo no programa Rota 2030, a ser implementado a partir de 2018 em substituição ao Inovar Auto. Embora o foco ainda seja o uso do etanol, é certo que a legislação vai reduzir a tributação de carros de baixa emissão. Dessa forma, a importação de modelos híbridos ou elétricos vai ajudar ainda mais as montadoras a obter a média de eficiência energética de sua gama.


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 O fato é que, mesmo com atraso em relação aos mercados mais tradicionais, a globalização forçará o Brasil a entrar na corrente dos carros elétricos. Especialistas tentam calcular em que momento da próxima década o volume de carros desse tipo será grande o suficiente para gerar economia de escala. Esse será o ponto de virada global, que já começou pelos modelos premium, como Tesla e Volvo, e que fatalmente chegará aos mais populares.

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