Olhar para o passado revela muito sobre nosso comportamento e um momento que, talvez, não tenhamos aproveitado da maneira correta. E nem precisa ser muito tempo. Recentemente, fizemos uma lista falando de cinco esportivos que seriam vendidos no Brasil ainda em 2018, entretanto, todos parecem fora da realidade dos “meros mortais”. Tente resgatar a seguinte informação na sua cabeça: quantos esportivos abaixo dos R$ 100 mil restam no Brasil? Hoje em dia isso parece inimaginável, mas nem sempre foi assim.
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A resposta é bem simples. O Renault Sandero RS (R$ 63.600) é um dos únicos que restaram, mas como o volume de vendas não justifica sua produção, o modelo deve deixar o mercado com a próxima reestilização, que está prevista ainda para 2018. E o Peugeot 208 GT, com motor THP, embora seja um carro divertido de guiar, tem preço sugerido de R$ 84.490 e quase sumiu do mercado. Triste, parece que estamos em um ciclo vicioso. A década de 90 foi recheada de esportivos memoráveis com base em modelos mais populares: Escort XR3, Gol GTI, Kadett GSi são alguns deles. Em seguida, com a chegada dos anos 2000, tudo ficou mais chato e inacessível. E os poucos esportivos que restavam no mercado custavam uma fortuna.
As coisas mudaram em meados de 2013, e eu pude ver isso na prática enquanto estagiava em uma revista automotiva. Nossa garagem vivia recheada de pimentinhas de bolso, e foi onde tive meu primeiro contato com alguns dos carros mais legais que já dirigi. E julgando que a estimativa do mercado é que SUVs correspondam a 25% das vendas em 2018, a maioria deles caberiam no seu bolso hoje: Suzuki Swift Sport, Volkswagen Golf GTI (pasme, ele chegou ao Brasil a partir de R$ 94 mil ), Mini Cooper, Citroën DS3 e Fiat 500 Abarth foram alguns dos mais memoráveis.
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Mas onde eles estão? Mini Cooper S (R$ 150.99) e Volkswagen Golf GTI (R$ 134.870) subiram de preço, Suzuki Swift Sport, Citroën DS3 e Fiat 500 Abarth sumiram das lojas e ninguém percebeu. Não dá para colocar toda a culpa no consumidor, pois os preços apenas sobem. E posicionando um carro compacto próximo aos R$ 100 mil, é evidente que eles acabariam concorrendo com modelos médios. E os departamentos de publicidade das montadoras parecem ignorar suas linhas esportivas. Quantas propagandas do Golf GTI você viu nos últimos meses, nem que fosse um simples anúncio no Facebook?
Bateu saudade
E o momento da nossa economia é favorável. Com a gradual recuperação da crise econômica que arrasou o País nos últimos anos, o brasileiro poderia pensar em ousar um pouco mais. É tiro e queda: quem dirige um esportivo não quer mais se desfazer dele. E quando é muito necessário, acaba lembrando da época com muita nostalgia. Para mim, o melhor exemplo disso foi um Escort XR3 1989 branco que passou um tempo com a minha família nos anos 90. Ele virou tijolo para nossa casa em um Brasil doido ao qual investir em carros compensava mais que poupanças. E até hoje parece ter deixado um buraco em nossos corações.
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Vamos esperar que as montadoras escutem nossas preces e continuem apostando em esportivos acessíveis. O novo Honda Civic Si vem aí, mas certamente passará bastante da barreira dos R$ 100 mil. Claro, SUVs e sedãs médios podem ser muito funcionais, mas jamais trarão aquele sorriso enquanto você aproveita uma retomada de velocidade com o esportivo dos seus sonhos. Sua família já teve um esportivo que deixou saudades? Compartilhe com a gente nos comentários mais abaixo.