Depois da fábrica argentina de El Palomar, agora é a vez de a PSA Peugeot Citroën dar um novo passo rumo à fabricação de carros sobre a base modular CMP também no Brasil. Recentemente, a empresa anunciou que produziu a primeira unidade da nova plataforma na fábrica de Porto Real (RJ), em mais um estágio do processo de modernização da unidade industrial, iniciado no ano passado, com um investimento de R$ 220 milhões.
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Revelada na Europa em 2018, a plataforma CMP foi desenvolvida para uso em modelos médios e compactos, prevendo inclusive o uso de motorização elétrica. Além do novo Peugeot 208, a base é empregada atualmente também na nova geração do SUV Peugeot 2008, nos Opel/Vauxhall Corsa e Mokka e no DS3 Crossback, SUV compacto de luxo produzido pela submarca de luxo da Citroën .
A questão que fica é qual será o modelo escolhido pela empresa francesa para estrear a produção da plataforma modular CMP por aqui. Sobre o assunto, Patrice Lucas, presidente Brasil e América Latina e membro do Comitê Executivo do Groupe PSA , dá algumas dicas no comunicado sobre a produção da primeira base CMP em Porto Real. “Os produtos fabricados em Porto Real e em Palomar tendo como base a CMP serão complementares e distintos, sendo que cada unidade continuará tendo sua importância na produção para os mercados locais e para exportação”.
Com base nessas informações, já podemos descartar a produção local dos novos Peugeot 208
e 2008, já que ambos passarão a ser importados da Argentina. O rumor mais forte é que os primeiros CMP brasileiros devem ser os substitutos dos veteranos Citroën C3 e Aircross. Na Europa, ambos os modelos estão uma geração na frente, mas ainda são baseados na antiga plataforma PF1 e devem ganhar a CMP apenas a partir de 2023.
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Com a necessidade de ocuparem posições “complementares e distintas” na gama e sem um referencial europeu, o hatch e o monovolume aventureiro devem ser substituídos por carros mais simples, posicionados abaixo dos Peugeot.
Os candidatos mais prováveis são os modelos do projeto Smart Car, automóveis de baixo custo que estão sendo desenvolvidos na Índia em parceria com a Tata Consultancy Service. O SC21 é hatch aventureiro com porte parecido ao do atual C3.
Já o SC24 é um SUV compacto . Ambos serão baseados em uma variação simplificada da CMP. De acordo com a imprensa francesa, esses novos Citroën de baixo custo devem chegar ao mercado indiano em 2021 e já estariam também confirmados para a América Latina e o Norte da África.
A nova estratégia é mais uma aposta da PSA para reverter os seus revezes no mercado brasileiro. Há dez anos, a Peugeot detinha uma fatia de 2,92% do mercado, enquanto a Citroën ficava com 2,81%. Números suficientes para enquadrar as duas marcas entre as dez maiores do mercado brasileiro. Seis modelos da PSA figuravam entre os 50 mais vendidos, sendo que o mais popular deles era Citroën C3, com 15.346 unidades emplacadas no acumulado de janeiro a maio de 2010.
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Cenário muito distinto do mostrado pelos números da empresa nos primeiros cinco meses de 2020. Fora do ranking dos dez maiores fabricantes, a PSA tem atualmente apenas dois modelos na lista dos 50 mais vendidos no ano: Citroën C4 Cactus (4.006) e Peugeot 2008 (1.580).